sexta-feira, outubro 18, 2013

BIO-FILMO: PAUL NEWMAN

Nascido a 26 de Janeiro de 1925, em Shaker Hights, Ohio, EUA
Falecido a 26 de Setembro de 2008, em Westport, Connecticut, EUA

«Acting is a question of absorbing other people's personalities
and adding some of your own experiences»

Para muita gente ligada ao mundo do cinema e, particularmente, ao mundo dos actores, o sucesso de Paul Newman deveu-se em grande parte ao facto de ele ter preenchido o vazio criado pela morte prematura de James Dean, em 1955, quando ambos estavam a começar as respectivas carreiras. Infelizmente, nunca iremos saber o que Dean poderia ter sido, mas sabemos, sem qualquer margem para dúvidas, no que Paul Newman se tornou: um dos melhores actores de todos os tempos!


Nasceu a 26 de Janeiro de 1925, em Cleveland, Ohio. O seu pai, judeu de origem alemã, era dono de uma próspera loja de artigos desportivos, negócio que Paul deveria herdar. A infância corre tranquila, tanto na escola primária como no liceu, onde chega a entrar em algumas representações teatrais, apenas para se entreter nas horas vagas. Em 1944 abandona os estudos para se alistar na Marinha, onde fica durante dois anos. Desmobilizado em Abril de 1946, volta para o Kenyon College de Gambier (pequena cidade no sul de Cleveland), onde se matricula nos cursos de economia, inglês e declamação. É a melhor época da sua vida: tem 21 anos, uma aparência sedutora, reforçada por uns olhos muito azuis (que ficariam lendários, apesar de daltónicos) e um sentido de humor que lhe abrem todas as portas.


O porte atlético leva-o a fazer parte da equipa de rugby, mas depressa troca o desporto pelo grupo de teatro do liceu, onde participa na montagem de uma dezena de peças. Em meados de 1949 Paul deixa o Kenyon College com um diploma de economia e passa a integrar uma companhia teatral em Wisconsin. Seguem-se os Woodstock Players, em Illinois, onde participa em dezasseis peças, entre ela "Cyrano de Bergerac" e "The Glass Menagerie" (que em 1987 ele próprio iria realizar para cinema). Durante a montagem de "John Loves Mary" conhece Jacqueline Witte, intérprete do papel principal, com quem se vem a casar em Dezembro de 1949. No ano seguinte morre-lhe o pai, e Newman vê-se obrigado a voltar a Cleveland para assumir o negócio da família.


Mas Newman não estava fadado nem interessado nos negócios: «Quando resolvi tornar-me num actor, não estava em busca da minha identidade. Estava a fugir dos negócios da família. Ser actor era uma feliz alternativa para um modo de vida que não significava nada para mim.» No ano seguinte consegue vender a loja e muda-se para New Haven, com a mulher e o filho Scott, recém-nascido, onde se matricula na Yale School of Drama. Finalmente, em meados de 1951, aceita a proposta de um descobridor de talentos e muda-se para Nova Iorque. A "feliz alternativa" está prestes a tornar-se realidade.


Embora não passasse de um novato na Big Apple, Newman consegue aparecer em vários espectáculos de televisão (CBS), muito graças aos seus bons contactos e aparência. Em Setembro de 1952, já com 27 anos, consegue um papel na novela "The Aldrich Family": a actuação segura e a voz bem modulada chamam a atenção dos executivos do mundo do cinema. Naquela época estava muito em voga o Actors' Studio e Newman não hesita em frequentá-lo. É colega de futuros actores, que se celebrezariam em Hollywood: Eli Wallach, Rod Steiger, Shelley Winters, Julie Harris, Geraldine Page... Anos mais tarde, Newman confessaria que, como actor, devia tudo ao Actors' Studio e à paciência infinita dos seus mentores, nomeadamente Elia Kazan e Lee Strasberg.


Em 1953, após vários papéis de pouca monta no teatro e séries televisivas, chega a sua grande oportunidade, pela mão do produtor e realizador Joshua Logan, que lhe oferece o segundo papel masculino na peça "Picnic", de William Inge. A estreia, em Fevereiro desse ano, é um sucesso extraordinário de crítica e de público e a peça ganha o cobiçado prémio Pulitzer, permanecendo em cartaz durante mais de um ano. Nos dois últimos meses, Newman chega a interpretar o papel principal, substituindo o actor Ralph Meeker. É durante os ensaios e as representações de "Picnic", que Newman vem a conhecer uma estreante, a actriz Joanne Woodward, cinco anos mais nova do que ele, que se viria a tornar na grande paixão da sua vida. Mas Newman continua casado por mais 4 anos (o divórcio só se concretizaria em Janeiro de 1958), voltando novamente a ser pai: Susan (nascida em 1953) e Stephanie (nascida em 1954).


A interpretação de Newman em "Picnic" é tão convincente que a Warner lhe oferece um contrato de mil dólares por semana para participar em filmes. Estreia-se ao lado de Pier Angeli (na altura a grande paixão de James Dean) em "The Silver Chalice / O Cálice Sagrado" (1954), uma desastrosa produção em Cinemascope (um sistema de projecção recém-inventado), que se limita a copiar, sem grande imaginação, o tema de "The Robe / A Túnica". Segundo a revista Variety, «o filme serviu como apresentação do estreante Paul Newman, um jovem que provavelmente impressionará as mulheres». Mas Newman teve plena consciência da nulidade do filme, apelidando-o mais tarde de "o pior filme dos anos 50" – chegou a publicar um pedido de desculpas na revista pelo seu horrível desempenho.


Apesar do fracasso comercial desse primeiro filme, a Warner oferece-lhe um novo contrato, com a duração de sete anos, e com a obrigação de interpretar dois filmes por ano. Newman aceita, um pouco contrariado, e com a condição de poder continuar a fazer teatro. Em fevereiro de 1955 volta aos palcos no papel principal de "The Desperate Hours", sob a direcção do ex-actor Robert Montgomery. Tal papel havia sido recusado por Marlon Brando e Humphrey Bogart interpretá-lo-ia mais tarde no cinema. Entretanto o actor é cedido à Metro Goldwyn Mayer para entrar em "The Rack / Deus é Meu Juiz" (1956), um melodrama psicanalítico, que só seria lançado mais tarde, depois do sucesso alcançado pelo filme "Somebody Up There Likes Me / Marcado Pelo Ódio", de Robert Wise, rodado no mesmo ano, e em que Newman substitui o malogrado James Dean, falecido uns dias antes das filmagens começarem. É a partir daqui que a carreira de Newman descola e o actor passa a ser conhecido (e idolatrado) nos EUA.


Em 29 de Janeiro de 1958, no dia seguinte a ter-se divorciado da primeira mulher, Paul Newman casa-se finalmente com Joanne Woodward, recém-galardoada com o Óscar de melhor Actriz Principal no filme "Three Faces of Eve / As Três Faces de Eva", união que iria durar até à morte do actor em 26 de Setembro de 2008, e da qual resultariam três filhas, Melissa, Nell e Claire. Juntos iriam protagonizar dezenas de filmes, o primeiro dos quais logo nesse mesmo ano de casados: "The Long Hot Summer / Paixões Que Escaldam". A interpretação de Newman, que a revista Time define como «tão cortante como uma foice afiada», não fica nada a dever à de Orson Welles, com quem contracena. Ganha o prémio de melhor actor do Festival de Cannes e as portas de todos os estúdios de Hollywood abrem-se-lhe definitivamente.


Mas o fim da época de ouro dos grandes estúdios e do star system aproxima-se e, antevendo tal realidade, Newman consegue desvincular-se da Warner por meio milhão de dólares, afim de poder começar uma nova etapa na sua carreira. Estamos no início da década de sessenta e a fama de Newman não pára de crescer. Com o filme "Exodus" (1960), de Otto Preminger, a sua cotação chega aos 200 mil dólares por filme e, logo de seguida, o seu Eddie Felson de "The Hustler / A Vida é Um Jogo", passará a constituir uma imagem de marca do actor - um herói cínico e amoral, que abre caminho para os rebeldes da década, como Steve McQueen e Warren Beatty, e que lhe vale a sua segunda nomeação para os Óscares (a primeira tinha sido no filme "Cat on a Hot Tin Roof / Gata em Telhado de Zinco Quente" (1958). Newman regressaria a esse mesmo personagem 22 anos depois, no filme de Martin Scorsese "The Color of Money / A Cor do Dinheiro" (1986), que finalmente lhe traria o Óscar tão desejado, depois de um total de 6 nomeações.

Em 1964, aproveitando um intervalo entre filmagens, Newman volta ao teatro, desta vez uma comédia, que faz o público descobrir um outro lado do actor, até aí mais ou menos dissimulado. A peça chamava-se "Baby Want a Kiss" e Newman tem novamente a sua mulher como partenaire. Joanne Woodward revela-se de igual modo uma excelente intérprete de comédia, mas os maiores elogios vão mesmo para Newman: «Divertido, admirável, inteligente...», diz a crítica especializada. No cinema os filmes seguintes não lhe trazem muito prestígio, mas em 1966 participa em dois títulos de grande sucesso: "Harper, Detective Privado" e sobretudo no clássico de suspense "Torn Curtain / Cortina Rasgada", de mestre Alfred Hitchcock. Segue-se nova nomeação para o Óscar no filme "Cool Hand Luke / O Presidiário" (1967), drama alegórico sobre um preso arrogante e incorruptível. É mais uma personagem à sua medida, que o faz entrar no Top 5 da lista dos actores mais bem pagos de Hollywood.


A realização chegar-lhe-ia por acaso, sem premeditação, apesar da sua antiga e persistente atracção por essa actividade. Acontece que Joanne Woodward tinha a obsessão de interpretar no cinema a personagem do romance "A Jest of God", de Margaret Laurence: era o drama silencioso de uma frustrada professora do interior que ambiciona viver uma vida mais intensa. O argumento foi confiado a Stewart Stern, um amigo do casal, mas Newman não consegue despertar o interesse de qualquer produtor no projecto. Para fazer a vontade à mulher decide então encarregar-se ele próprio da produção, assumindo de igual modo a realização.


Terminadas as cinco semanas de rodagem, diz numa entrevista ao New York Times: «Julgava que seria mais difícil dirigir um filme do que trabalhar nele como actor. De certa forma, porém, um actor também tem de se dirigir a si mesmo. (...) Acaba sendo mais fácil dirigir quando se é actor, porque se compreende mais facilmente os problemas enfrentados pelo intérprete.» O filme, "Rachel Rachel / Raquel Raquel", custou a módica quantia de 700 mil dólares em 1968, mas seis anos depois já tinha arrecadado 7 milhões. Teve 4 nomeações para os Óscares, incluindo Joanne Woodward na categoria de Actriz Principal.


Contrariando os rumores de que Newman iria deixar o cinema para se dedicar à política, a década de sessenta acaba com outro filme mítico, "Butch Cassidy and the Sundance Kid / Dois Homens e um Destino" (1969), um western bem-humorado e um tributo a duas figuras lendárias do Oeste americano. Nele contracena com o seu grande amigo Robert Redford, outro actor incontornável da época e, na qualidade de co-produtor do filme, recebe 50% das receitas, que se vêm a revelar extraordinárias. É um grande negócio para Newman, e como actor é aclamado como nunca: «De agora em diante as interpretações de Newman, nesta que promete vir a ser a sua fase áurea, terão de ser comparadas à deste filme, no qual a humildade artística e a segurança profissional do actor demonstram um grande talento.»



Em Junho de 1969, Newman funda a produtora First Artists, juntamente com Barbra Streisand e Sidney Poitier (Steve McQueen juntar-se-lhes-ia dois anos mais tarde), que se destinava a financiar e a controlar a distribuição dos filmes em que algum deles trabalhasse. Mas o novo projecto não dá os frutos que Newman esperava, até porque os filmes em que participou nos anos imediatos não são grandes sucessos comerciais. Volta a passar para trás das câmaras e realiza "The Effect of the Gamma Rays on Man-in-the-Moon Marigolds / O Efeito dos Raios Gama no Crescimento das Margaridas" (1972), onde dirige uma vez mais a mulher. Em 1973 associa-se de novo a George Roy Hill e a Robert Redford para a rodagem de "The Sting / A Golpada", filme esse que supera todas as expectativas arrecadando 7 Óscares da Academia. No ano seguinte participa no blockbuster "The Towering Inferno / A Torre do Inferno", mas em Novembro de 1978 a tragédia bate-lhe à porta: o seu filho mais velho, Scott, morre com apenas 28 anos, vítima de uma dose excessiva de álcool e drogas.


Nos anos subsequentes Newman empenha-se no combate às drogas e aos produtos tóxicos, quase como se redimisse de um sentimento de culpa pela morte do filho. Já nos anos oitenta, e depois da sua sexta nomeação para o Óscar no filme "The Verdict / O Veredicto" (1982), Newman escreve, produz, dirige e interpreta "Harry and Son / O Confronto", sobre o difícil relacionamento entre um filho idealista e um pai rude e insensível. A carreira cinematográfica de Newman continua por mais 20 anos, entre altos e baixos, até que o actor coloca um ponto final em 2002, com o filme "Road to Perdition / Caminho para Perdição".


Nesse mesmo ano volta ao teatro depois de um interregno de 35 anos, para interpretar e dirigir “Our House” na Westport Country Playhouse, de que a sua mulher era directora artística nessa altura. Newman receberia por esse trabalho uma nomeação para o Tony Award de melhor actor. Nos últimos seis anos da sua vida entra em algumas séries televisivas, ao mesmo tempo que dispersa a sua atenção por outros interesses pessoais. Chega a cultivar ostras e a dedicar-se à invenção de molhos para saladas e massas, cujos lucros são inteiramente doados para obras de caridade (chegaram a ultrapassar os 150 milhões de dólares). Já em 2006, abre um restaurante, Dressing Room, localizado junto à Westport Country Playhouse.


Ainda fora das luzes dos palcos e dos projectores, Paul Newman teve outra paixão ao longo da sua vida, que foram os carros de corrida: conseguiu vencer dois campeonatos de amadores nos Estados Unidos e obteve um honroso segundo lugar nas 24 horas de Le Mans de 1979. Também se envolveu na política, apoiando o Partido Democrata, sobretudo durante o Governo de Jimmy Carter, no final dos anos 70. Além disso foi delegado norte-americano na Conferência das Nações Unidas para o Desenvolvimento. «Eu gostaria de deixar - declarou certa vez numa entrevista à revista Playboy - a lembrança de alguém que tentou acompanhar a sua época, ajudar as pessoas para que elas se sentissem bem nas suas vidas; a lembrança de alguém que não ficou placidamente satisfeito consigo mesmo; a lembrança de alguém que não se deixou abater pelos fracassos...» Paul Newman vem a falecer no dia 26 de Setembro de 2008, de cancro no pulmão.



FILMOGRAFIA:

2002 – Road to Perdition / Caminho para Perdição nomeação para o Óscar de Actor Secundário
2000 – Where the Money Is / Onde Está o Dinheiro
1999 – Message in a Bottle / As Palavras Que Nunca Te Direi
1998 – Twilight / A Hora Mágica
1994 – Nobody’s Fool / Vidas Simples nomeação para o Óscar de Actor Principal
1994 – The Hudsucker Proxy / O Grande Salto
1990 – Mr. & Mrs. Bridge
1989 – Blaze / Blaze, Amor Proibido
1989 – Fat Man and Little Boy / Sombras no Futuro
1987 – The Glass Menagerie / Algemas de Cristal (realização)
1986 – The Color of Money / A Cor do Dinheiro Óscar para Actor Principal
1984 – Harry & Son / O Confronto (+ realização + produção)
1982 – The Verdict / O Veredicto nomeação para o Óscar de Actor Principal
1981 – Absence of Malice / A Calúnia nomeação para o Óscar de Actor Principal
1981 – Fort Apache, the Bronx
1980 – When Time Ran Out… / O Dia em Que o Mundo Acabou


1979 – Quintet / Quinteto
1977 – Slap Shot / Os Vencedores
1976 – Buffalo Bill and the Indians / Buffalo Bill e os Índios
1975 – The Drowning Pool / Sangue Frio em Água Quente
1974 – The Towering Inferno / A Torre do Inferno
1973 - Once Upon a Wheel / O Asfalto da Morte
1973 – The Mackintosh Man / O Misterioso Mr. Mackintosh
1973 – The Sting / A Golpada
1972 – The Life and Times of Judge Roy Bean / O Juiz Roy Bean
1972 – The Effect of Gamma Rays on Man-in-the-Moon Marigolds / O Efeito dos Raios Gama no Comportamento das Margaridas (realização + produção)
1972 – Pocket Money / Dinheiro Trocado
1970 – Sometimes a Great Notion / Os Indomáveis (+ realização + produção)
1970 – WUSA /Muro de Separação (+ produção)


1969 – Butch Cassidy and the Sundance Kid / Dois Homens e Um Destino
1969 – Winning / A Grande Competição
1968 – The Secret War of Harry Frigg / A Guerra Secreta de Harry Frigg
1968 – Rachel, Rachel / Raquel, Raquel (realização + produção) nomeação para o Óscar de melhor Filme
1967 – Cool Hand Luke / O Presidiário nomeação para o Óscar de Actor Principal
1967 – Hombre / Um Homem
1966 – Torn Curtain / Cortina Rasgada
1966 – Harper / Harper, Detective Privado
1965 – Lady L
1964 – The Outrage / Ultrage
1964 – What A Way To Go! / Ela e os Seus Maridos
1963 – The Prize / O Prémio
1963 – A New Kind of Love / Um Novo Tipo de Amor
1963 – Hud / Hud, O Mais Selvagem Entre Mil nomeação para o Óscar de Actor Principal
1962 – Hemingway’s Adventures of a Young Man / Aventuras de Um Jovem
1962 – Sweet Birth of Youth / Corações na Penumbra
1961 – Paris Blues / Noites de Paris
1961 – The Hustler / A Vida é um Jogo nomeação para o Óscar de Actor Principal
1960 – Exodus / Êxodus
1960 – From the Terrace / Do Alto do Terraço


1959 - The Young Philadelphians / Os Milionários de Filadélfia
1958 – Rally ‘Round the Flag, Boys! / A Morena Ardente
1958 – Cat on a Hot Tin Roof / Gata em Telhado de Zinco Quente nomeação para o Óscar de Actor Principal
1958 – The Left Handed Gun / Vício de Matar
1958 – The Long, Hot Summer / Paixões Que Escaldam
1957 – Until They Sail / Famintas de Amor
1957 – The Helen Morgan Story / O Pecado de Ter Nascido
1956 – The Rack / Suplício
1956 – Somebody Up There Likes Me / Marcado Pelo Ódio
1954 - The Silver Chalice / O Cálice de Prata

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