sábado, outubro 19, 2013

11:14 (2003)

ONZE HORAS E CATORZE MINUTOS
Um filme de GREG MARCKS


Com Henry Thomas, Barbara Hershey, Clark Gregg, Hilary Swank, Shawn Hatosy, Patrick Swayze, Rachael Leigh Cook, Stark Sands, Colin Hanks, Ben Foster, etc.

EUA-CANADA / 85 min / COR / 16X9 (1.85:1)

Estreia no Festival de Cannes a 16/5/2003
Estreia nos EUA a 12/8/2005 
(San Francisco)



Officer Hannagan: [talking to a medic]
“We got a human penis right there by the curb.
Somebody's gotta be looking for that”
  
Greg Marcks é um jovem realizador norte-americano de 34 anos, nascido em Massachusetts a 12 de Agosto de 1976. Depois de graduado pela Universidade de Carnegie Mellon e pelo Conservatório do Filme Estadual da Flórida, começou por escrever meia dúzia de argumentos, tendo o primeiro de todos despertado a atenção da actriz Hilary Swank, que resolveu dar-lhe uma ajuda e co-produzir um filme com origem nessa história, além de nele vir a participar como actriz. “Onze Horas e Catorze Minutos (11:14)” é como se chama a fita que marca portanto a estreia de Marcks na realização de uma longa-metragem.

A primeira exibição ocorreu no Festival de Cannes, a 16 de Maio de 2003, e a partir daí o filme começou a percorrer o circuito dos Festivais de Cinema: Filmfest (Munique e Hamburgo, na Alemanha), Toronto (Canadá), Deauville (França), Hollywood (Eua), Natfilm (Dinamarca), Amsterdam Fantastic (Holanda), entre outros, sempre com boas críticas e adquirindo rapidamente o status de cult film por excelência. A primeira estreia comercial ocorreria em Itália, a 20 de Agosto de 2004 e só um ano depois o público americano teria direito a vê-lo nas salas de cinema de San Francisco.

Mas afinal de que trata esta brilhante estreia de Greg Marcks? O título, “11:14”, diz respeito à hora exacta da noite em que um cadáver é atirado do cimo de um viaduto da cidade de Middleton, indo embater violentamente num automóvel que por coincidência passava por baixo. A partir deste insólito acidente vamos assistir a cinco histórias diferentes mas todas elas entre-cruzadas umas com as outras e convergindo para aquela hora fatídica. Todos os personagens destas histórias são bem representativos do americano médio que habitualmente povoa as pequenas e tranquilas cidades do interior dos Estados Unidos. Greg Marcks, então com 27 anos, soube dar consistência a esses personagens ao conseguir reunir um naipe de bons actores que de certo modo conferem a “11:14” uma credibilidade que dificilmente se encontra no primeiro trabalho de um perfeito desconhecido.

O filme é todo ele excelente, um magnífico divertimento onde o humor negro é rei e senhor, e onde as situações trágico-cómicas se sucedem a um ritmo sempre elevado que deixam o espectador na ânsia de descobrir todas as ligações existentes entre as cinco histórias e desse modo completar o puzzle final. Até na maneira exemplar como o filme está construído (em montagem paralela e incluindo flashbacks dentro de flashbacks) se nota a mão hábil de Marcks (e dos responsáveis pela montagem, Dan Lebental e Richard Nord), que leva a que se queira assistir de imediato uma segunda vez ao filme, para se poder constatar que tudo aquilo bate certo.

Conforme o próprio Greg Marcks já admitiu existe aqui uma clara influência do cinema de Tarantino e sobretudo dos irmãos Coen na abordagem amoral de um argumento recheado de situações mórbidas mas perspectivado a partir de um olhar bem divertido e onde não se nota a mais pequena réstea de pretensiosismo bacoco. Pelo contrário, o que nos salta à vista é o gozo que por certo Marcks terá usufruído ao escrever primeiro o argumento e ao realizar depois o seu filme. Numa época onde se vê para aí tanto candidato a “génio iluminado” é reconfortante saber que ainda existe espaço para alguém apenas se divertir a tentar divertir o público e não ter, pelo contrário, a nobre pretensão de revolucionar a Sétima Arte.

O filme percorre actualmente os canais de cinema da TV Cabo, pelo que será muito fácil darem com ele num qualquer destes dias. Mas se por acaso o quiserem comprar, também o encontram rapidamente na FNAC mais próxima e a um preço bem convidativo - 3,99 euros. Seja qual for a vossa opção o importante é não perderem a oportunidade de verem esta jóia rara e passarem uma hora e meia de puro prazer cinéfilo. Ah, e fazer figas que o segundo filme de Marcks “Echelon Conspiracy” – do ano passado, não demore tanto tempo como este a chegar às salas de cinema.

1 comentário:

Billy Rider disse...

Sem dúvida uma agradável surpresa este filme. Um argumento sólido, original e muito interessante, que o autor não deixou por mãos alheias o trabalho de o converter num grande filme. Aleluia, que temos homem!