quarta-feira, outubro 09, 2013

BIO-FILMO: CHARLTON HESTON

Nascido em Evanston, Illinois, EUA, a 4/10/1923
Falecido em Los Angeles, EUA, a 5/4/2008
«I can’t remember a time when I didn’t want to be an actor»
Se Charlton Heston fosse vivo, tinha completado há dias a bonita idade de 90 anos. Mas esse grande actor, que a maioria de nós julgava ser imortal, não chegou à nona década de existência. O físico, a voz e a formação dramática, moldaram-no para desempenhar figuras épicas e personagens históricas. Foi Marco António, Moisés, Richelieu, Miguel Ângelo, El Cid. Tudo interpretações bigger than life, que tinham o condão de nos fazer acreditar que não era um simples actor que por ali se escondia. Daí o situarmos na dimensão da imortalidade, pois conseguia que o identificássemos com qualquer um dos seus personagens, os quais ficavam com o seu rosto para sempre.


John Charlton Carter adoptou o apelido Heston quando a sua mãe (Lila Charlton) se casou em segundas núpcias com Chester Heston, tinha ele dez anos (na Grécia, onde foi sempre muito popular, o seu apelido foi mudado para Easton, uma vez que Heston tem conotações escatológicas na linguagem grega). No liceu que frequentou em Winnetka, em Illinois, distinguiu-se de tal forma na cadeira de artes dramáticas, que obteve uma bolsa para poder frequentar a Universidade. O teatro foi assim a sua primeira e grande paixão: estudou na Northwestern University (1941-1943), fez peças na rádio, em Chicago, teatro em Nova Iorque e entrou nas primeiras produções ao vivo da televisão, com destaque para peças de Shakespeare (a sua maior frustração foi nunca ter desempenhado o papel de Becket).


Durante a guerra serve na Air Force (1943-1946), onde atinge a patente de sargento. Em 1944, ainda durante o tempo de mobilização, casa-se com uma colega da faculdade, Lydia Clarke, fotógrafa e actriz de teatro, que tinha o hábito de tratá-lo por Charlie, embora todos os seus amigos lhe chamassem Chuck. A união duraria 64 anos, até à morte do actor, e dela resultariam dois filhos, Fraser e Holly, esta última adoptada pelo casal. Foi um dos casamentos mais duradouros de Hollywood. Após o termo do conflito, o casal muda-se para Nova Iorque, ganhando a vida como modelos. Fundam um pequeno teatro em Asheville, na Carolina do Norte, e actuam em alguns palcos da Broadway (Heston causaria muito boa impressão na produção de Katharine Cornell “António e Cleópatra”, em 1947).


O cinema apareceu naturalmente, em 1950 (embora já tivesse participado em “Peer Gynt”, em 1941), e Heston, logo dois anos depois, agarrou um bom papel em "O Maior Espectáculo do Mundo", de Cecil B. De Mille, um filme passado no mundo do circo. Depois de vários westerns e fitas de aventuras, De Mille veio de novo puxá-lo para as grandes produções em "Os Dez Mandamentos" (1956), onde interpreta Moisés, a sua maior personagem bíblica, pela qual ficaria conhecido em todo o mundo (a escolha de De Mille teve a ver com a extraordinária parecença entre Heston e o Moisés da estátua de Michelangelo). E, uma vez no topo, Charlton Heston por lá ficou durante muitos anos.


"Da Terra Nascem os Homens" (1958), de William Wyler, " A Sede do Mal" (1958), de Orson Welles, "Ben-Hur" (1959), outra vez Wyler, que lhe valeu o Óscar, "El Cid" (1961), de Anthony Mann, "55 Dias em Pequim" (1963), de Nicholas Ray, "O Homem Que Veio do Futuro" (1967), de Franklin Schaffner, contribuiram, todos eles, entre outros títulos, para cimentar a ideia de que Charlton Heston podia desempenhar quem quer que fosse na tela para todos nós acreditarmos, sem sequer questionarmos, na realidade de todos aqueles personagens. Essa veracidade que conseguia passar para o público, foi de facto a sua grande imagem de marca. Numa entrevista dada nos meados dos anos 70, Heston revelou o seu TOP 5 de actores preferidos: Gary Cooper, Henry Fonda, Clark Gable, Cary Grant e James Stewart, tendo ainda considerado “Will Penny” (1968) como o melhor filme de toda a sua carreira.


Nunca deixou o teatro, como o provam as suas visitas regulares aos palcos londrinos, onde de igual modo obteve sempre grande sucesso perante plateias esgotadas ("Macbeth", "Julius Caesar", "The Caine Mutiny" ou "Um Homem Para a Eternidade", por exemplo). Chegou a realizar dois filmes, "António e Cleópatra", em 1972 e "O Grande Filão", em 1982. A partir daqui dedica-se sobretudo à televisão, entrando em séries e filmes televisivos ou emprestando a sua magnífica voz (uma das mais requisitadas) para narração de documentários. Presidente do Screen Actor's Guild, de 1966 a 1971, foi um dos fundadores do American Film Institute, que lhe concedeu a primeira homenagem em 2003.


Longe das luzes da ribalta, Heston começou por ser um liberal democrata, apoiante de John Kennedy e activista comprometido com os direitos civis dos negros – chegou a acompanhar Martin Luther King na célebre marcha sobre Washington, em 1963. No entanto, e apesar de ter sido também um opositor a McCarthy e a Nixon, Heston começou progressivamente a defender posições mais conservadoras, acabando por aderir ao Partido Republicano, já nos anos 70 (apoiaria depois as candidaturas do seu amigo Ronald Reagan e dos dois Bush, pai e filho).


Uma das suas lutas que mais controvérsias geraram, foi a defesa intransigente pelo direito dos cidadãos americanos adquirirem armas para se protegerem (Heston tinha uma colecção particular de mais de 400 armas de fogo). Membro honorário e vitalício da National Riffle Association (NRA), tornou-se seu presidente em Junho de 1998, tendo-se mantido no cargo até Abril de 2003. Já no novo século, Heston continuou a sua escalada anti-democrata ao posicionar-se publicamente contra o aborto (na altura já legal nos EUA) e ao fazer discursos radicais contra a extinção da segunda emenda da Constituição. Em 2002 revelou publicamente que estava com a doença de Alzheimer e em Julho do ano seguinte o Presidente George W. Bush condecorou-o com a Medalha da Liberdade, pela sua contribuição para o Cinema e Política americanas.


FILMOGRAFIA:

2010 – Genghis Khan: The Story of a Lifetime
2003 – My Father, Rua Alguem 5555
2001 – The Order / Cruzada Final
2001 – Town and Country / Mistérios do Sexo Oposto
2000 – Genghis Khan
1999 – Any Given Sunday / Um Domingo Qualquer
1999 – Gideon
1996 – Hamlet
1996 – Alaska
1994 – In the Mouth of Madness / A Bíblia de Satanás
1994 – True Lies / A Verdade da Mentira
1993 – Tombstone
1993 – Wayne’s World 2
1990 – Solar Crisis / Ameaça Solar


1982 – Mother Lode / O Grande Filão + realização
1980 – The Awakening / A Maldição do Vale dos Faraós
1980 – The Mountain Men / Os Homens da Montanha
1978 – Gray Lady Down
1977 – Crossed Swords
1976 – Two-Minute Warning
1976 – Midway / A Batalha de Midway
1976 – The Last Hard Men / A Lei do Ódio
1974 – Earthquake / Terramoto
1974 – Call of the Wild
1974 – The Four Musketeers / Os Quatro Mosqueteiros
1974 – Airport 75 / Aeroporto 75
1973 – The Three Musketeers / Os Três Mosqueteiros
1973 – Soylent Green / À Beira do Fim
1972 – Skyjacked / Piratas do Ar
1972 – Antony and Cleopatra / António e Cleópatra + realização
1971 – The Omega Man / O Último Homem na Terra
1970 – Julius Caesar / O Assassínio de Júlio César
1970 – Beneath the Planet of the Apes / O Segredo do Planeta dos Macacos


1969 – The Hawaiians / O Senhor das Ilhas
1969 – Number One
1968 – Will Penny
1968 – Planet of the Apes / O Homem Que Veio do Futuro
1967 – Counterpoint / Sinfonia Para um Inimigo
1966 – Khartoum
1965 – The War Lord / O Senhor da Guerra
1965 – The Agony and the Ecstasy / A Agonia e o Êxtase
1965 – Major Dundee
1965 – The Greatest Story Ever Told / A Maior História de Todos os Tempos
1963 – 55 Days at Peking / 55 Dias em Pequim
1963 – Diamond Head / A Fronteira do Pecado
1962 – The Pigeon That Took Rome / O Pombo Que Conquistou Roma
1961 – El Cid / El Cid, o Campeador


1959 – Ben Hur (Óscar de Actor Principal)
1959 – The Wreck of the Mary Deare / O Mistério do Navio Abandonado
1958 – The Bucaneer / O Corsário Lafitte
1958 – The Big Country / Da Terra Nascem os Homens
1958 – Touch of Evil / A Sede do Mal
1956 – Three Violent People / Esquece o Meu Passado
1956 – The Ten Commandments / Os Dez Mandamentos
1955 – Lucy Gallant / Orgulho Contra Orgulho
1955 – The Private War of Major Benson / A Guerra Privada do Major Benson
1955 – The Far Horizons / Horizontes Desconhecidos
1954 – Secret of the Incas / O Segredo dos Incas
1954 – The Naked Jungle / Marabunta
1953 – Bad For Each Other / Com a Vossa Vida nas Mãos
1953 – Arrowhead / O Apache Branco
1953 – The President’s Lady / A Dama Marcada
1953 – Pony Express / Buffalo Bill, o Indomável
1952 – Ruby Gentry / A Fúria do Desejo
1952 – The Savage / O Selvagem
1952 – The Greatest Show on Earth / O Maior Espectáculo do Mundo
1950 – Dark City / A Cidade Tenebrosa
1950 – Julius Ceasar
1941 – Peer Gynt

3 comentários:

Anónimo disse...

Na minha opinião Charlton Heston perdeu toda a sua credibilidade a partir do momento em que se envolveu com o partido republicano e a NRA.

Rato disse...

Há que separar o actor do homem político, caro anónimo. E como actor Heston foi grande, nunca perdeu a sua credibilidade.

CICERO TEIXEIRA disse...

COMO NÃO ENTENDO NADA DE POLIICA; MENOS DA NRA;MINHA VISÃO É CINEMATOGRÁFICA; HESTON COM CERTEZA FOI E SERAR SEMPRE NA MINHA OPINIÃO O MELHOR DOS MELHORES; JAMAIS HAVERAR UM ATOR DESSA QUALIDADE.QUE DEUS O ABENÇOE ONDE QUER QUE ESTEJA. UM ABRAÇO AMIGO RATO.