Um filme de RONALD NEAME
Com Shirley MacLaine, Michael Caine, Herbert Lom, Roger C. Carmel, Arnold Moss, etc.
EUA / 109 min / COR /
16X9 (2.35:1)
Estreia nos EUA: NY, 21/12/1966
Estreia em PORTUGAL: Lisboa, 27/11/1968
Harry: «Now will you stop asking
questions?»
Nicole: «It's only human to be curious
Harry»
Harry: «Yes, well as far as I'm
concerned you're far too human»
Antecipando
a estreia da nova versão de “Gambit” (a 12 de Outubro nos EUA),
uma realização de Michael Hoffman, argumento dos irmãos Coen (mas por que carga
d’água é que os manos não realizaram eles próprios o filme?) e interpretação de Cameron
Diaz e Colin Firth, e ainda o septuagenário Tom Courtenay e a octogenária Cloris Leachman (actores importantes de
outras décadas e ainda no activo, mas de quem não tenho ouvido falar há muitos anos),
resolvi rever o filme original, do qual guardava muito boas recordações. O
resultado não podia ter sido melhor: cerca de 100 minutos de puro e inteligente
entretenimento (coisa rara nos tempos que correm), com dois dos meus actores
favoritos dos anos 60, Michael Caine
e Shirley MacLaine.
A
história é de Sidney Carroll, na qual a nova versão se deve de igual modo
inspirar (pelo menos a publicidade adianta que se trata da nova versão de “Gambit”) e conta-se em meia dúzia
de palavras: Harry Dean (Michael Caine),
um inglês recém-iniciado nas artes do roubo e da falsificação (um tanto ou
quanto inexperiente portanto) propõe-se executar o plano perfeito para se
apoderar de um busto feminino pertencente a um árabe riquíssimo, Mister
Shahbandar (Herbert Lom, o
inspector-chefe da série da “Pantera-Cor-de-Rosa”), e cujo preço seria
incalculável (na verdade o objectivo era ligeiramente
diferente, mas deixo tal revelação para os que nunca viram o filme). Para
isso resolve pagar os serviços de uma bailarina oriental de um cabaret de Hong
Kong, Nicole Chang (Shirley MacLaine),
devido à sua extraordinária semelhança com a mulher da escultura, por quem o
magnate do petróleo teria tido paixão avassaladora, antes da mesma vir a
falecer, cerca de dez anos antes.
No
filme temos direito a duas versões da mesma empreitada:
assistimos em primeiro lugar ao que acontece enquanto Harry Dean explica o
plano ao sócio, onde tudo se desenrola na perfeição. E depois a acção “real”,
em que, como seria previsível, tudo (ou quase tudo) sai mal, começando logo
pela jovem bailarina que na versão idealizada não abre uma única vez a boca,
mas que afinal fala pelos cotovelos.
Este modo de apresentar a história (o antes e o depois) funciona às mil
maravilhas, simultaneamente com o humor que acompanha a cada passo as
peripécias do larápio e da sua “ajudante”, a qual, com o decorrer do filme,
acaba por inverter os papéis, sendo ela a principal responsável por levar o
roubo a porto seguro.
“Gambit” é um estilo de cinema bem típico dos anos 60, uma
comédia inteligente, bem estruturada e muito bem filmada, e em que o charme
particular de ambos os actores contribuiu decisivamente para o sucesso junto do
público. Ronald Neame, o realizador
britânico, ex-fotógrafo, que seis anos depois nos daria um dos filmes-catástrofe mais eficazes
de sempre (“The Poseidon Adventure”),
mostra-se aqui perfeitamente à vontade, dirigindo elegantemente um filme que se
mantém fresco e viçoso como há quase 50 anos atrás. A descobrir, ou a rever,
antes da estreia da nova versão, lá mais para depois do Verão.
CURIOSIDADES:
-
Shirley MacLaine, na altura uma
actriz de topo, tinha sempre o direito de veto na escolha do seu partenaire. Foi ela quem escolheu Michael Caine, depois de ver o trabalho
do actor inglês em “Alfie”
-
O “gambit” é uma táctica do jogo de xadrez que consiste
em sacrificar uma peça para se obter uma posição mais vantajosa no tabuleiro
LOBBY CARDS:
4 comentários:
É este o filme que os Coen vão adaptar? Até parece interessante :)
A expectativa é boa, realmente, até por causa dos actores envolvidos. Vamos lá ver o resultado...
Boa Noite. Peço desculpa mas este post não terá muito que ver com o filme abordado mas como é sobre um filme do Michael Caine vou tentar a minha sorte :)
Há algum tempo que passo por aqui regularmente e tenho tido o prazer de recordar alguns belos filmes do meu passado em especial alguns que vi nas famosas Clássicas do Império (às 5ªas às 18:00h) todavia nunca por aqui vi um que sempre me fascinou e que estranho que o amigo "rato" não tenha visto: O último vale (1971)The Last Valley com o Michael Caine, Omar Sharif, Florinda Bolkan realizado por James Clavell http://www.imdb.com/title/tt0065969/
É impossível que não o conheça mas se calhar não acha minimamente interessante para incluir no blog de qualquer maneira ainda tenho esperança de um dia o ver por aqui. Cumprimentos, Luis Faria
Olá, amigo Luis Faria, obrigado pelo seu post.
Vi esse filme já há muitos anos - princípios da década de 70, ainda em Moçambique - mas nunca mais o revi. Tenho a ideia de que nessa altura não me deixou lá muito entusiasmado. Mas como já se passaram 40 anos é natural que não me lembre practicamente nada do filme. Eventualmente poderei revê-lo um dia destes, nunca se sabe. Até porque sou fã do Michael Caine também.
Cumprimentos cinéfilos
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