segunda-feira, maio 28, 2012

GAMBIT (1966)

LADRÃO ROUBADO
Um filme de RONALD NEAME


Com Shirley MacLaine, Michael Caine, Herbert Lom, Roger C. Carmel, Arnold Moss, etc.

EUA / 109 min / COR / 
16X9 (2.35:1)

Estreia nos EUA: NY, 21/12/1966
Estreia em PORTUGAL: Lisboa, 27/11/1968

Harry: «Now will you stop asking questions?»
Nicole: «It's only human to be curious Harry»
Harry: «Yes, well as far as I'm concerned you're far too human»

Antecipando a estreia da nova versão de “Gambit” (a 12 de Outubro nos EUA), uma realização de Michael Hoffman, argumento dos irmãos Coen (mas por que carga d’água é que os manos não realizaram eles próprios o filme?) e interpretação de Cameron Diaz e Colin Firth, e ainda o septuagenário Tom Courtenay  e a octogenária Cloris Leachman (actores importantes de outras décadas e ainda no activo, mas de quem não tenho ouvido falar há muitos anos), resolvi rever o filme original, do qual guardava muito boas recordações. O resultado não podia ter sido melhor: cerca de 100 minutos de puro e inteligente entretenimento (coisa rara nos tempos que correm), com dois dos meus actores favoritos dos anos 60, Michael Caine e Shirley MacLaine.

A história é de Sidney Carroll, na qual a nova versão se deve de igual modo inspirar (pelo menos a publicidade adianta que se trata da nova versão de “Gambit”) e conta-se em meia dúzia de palavras: Harry Dean (Michael Caine), um inglês recém-iniciado nas artes do roubo e da falsificação (um tanto ou quanto inexperiente portanto) propõe-se executar o plano perfeito para se apoderar de um busto feminino pertencente a um árabe riquíssimo, Mister Shahbandar (Herbert Lom, o inspector-chefe da série da “Pantera-Cor-de-Rosa”), e cujo preço seria incalculável (na verdade o objectivo era ligeiramente diferente, mas deixo tal revelação para os que nunca viram o filme). Para isso resolve pagar os serviços de uma bailarina oriental de um cabaret de Hong Kong, Nicole Chang (Shirley MacLaine), devido à sua extraordinária semelhança com a mulher da escultura, por quem o magnate do petróleo teria tido paixão avassaladora, antes da mesma vir a falecer, cerca de dez anos antes.

No filme temos direito a duas versões da mesma empreitada: assistimos em primeiro lugar ao que acontece enquanto Harry Dean explica o plano ao sócio, onde tudo se desenrola na perfeição. E depois a acção “real”, em que, como seria previsível, tudo (ou quase tudo) sai mal, começando logo pela jovem bailarina que na versão idealizada não abre uma única vez a boca, mas que afinal fala pelos cotovelos. Este modo de apresentar a história (o antes e o depois) funciona às mil maravilhas, simultaneamente com o humor que acompanha a cada passo as peripécias do larápio e da sua “ajudante”, a qual, com o decorrer do filme, acaba por inverter os papéis, sendo ela a principal responsável por levar o roubo a porto seguro.

“Gambit” é um estilo de cinema bem típico dos anos 60, uma comédia inteligente, bem estruturada e muito bem filmada, e em que o charme particular de ambos os actores contribuiu decisivamente para o sucesso junto do público. Ronald Neame, o realizador britânico, ex-fotógrafo, que seis anos depois nos daria um dos filmes-catástrofe mais eficazes de sempre (“The Poseidon Adventure”), mostra-se aqui perfeitamente à vontade, dirigindo elegantemente um filme que se mantém fresco e viçoso como há quase 50 anos atrás. A descobrir, ou a rever, antes da estreia da nova versão, lá mais para depois do Verão.

 CURIOSIDADES:

- Shirley MacLaine, na altura uma actriz de topo, tinha sempre o direito de veto na escolha do seu partenaire. Foi ela quem escolheu Michael Caine, depois de ver o trabalho do actor inglês em “Alfie”

- O “gambit” é uma táctica do jogo de xadrez que consiste em sacrificar uma peça para se obter uma posição mais vantajosa no tabuleiro


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