quarta-feira, agosto 08, 2012

FOOTSTEPS IN THE FOG (1955)

A GOVERNANTA
Um filme de ARTHUR LUBIN

Com Stewart Granger, Jean Simmons, Bill Travers, Belinda Lee, Ronald Squire


GB / 90 min / COR / 
16X9 (1.78:1)


Estreia na GB em Junho de 1955
Estreia nos EUA a 14/9/1955
(New York)




Lily Watkins: “I don't know what I'd do 
if I didn't have you to look after...”

“Footsteps in the Fog”  é um representante clássico do cinema britânico dos anos 50, um tipo de produção que evoca, na sua elegante e luxuriante atmosfera, o espírito dos contos góticos da Londres vitoriana. Nada falta nesta história do virar do século: mistério, suspense, chantagem, romance, sensualidade, crime e... castigo. O início do filme remete-nos de imediato para as produções da Hammer, com a solenidade de um funeral num cemitério chuvoso. Stephen Lowry (Stewart Granger) acabou de enterrar a mulher recém-falecida e é confortado na sua dor pelos amigos próximos. Pálido, abatido pelo desgosto, regressa à sua mansão, agora vazia. A câmara segue-o lentamente, sempre focada nas suas costas, até ele se deter junto à lareira, por cima da qual se encontra o quadro da mulher. Serve-se de uma bebida e quando ergue o copo em direcção à imagem, temos direito a um close-up do seu rosto, onde um sorriso nos indica que aquele homem acabou de se ver livre de um fardo. Mais precisamente, acabou de envenenar a própria mulher como não tardaremos a saber.
Este segredo é do conhecimento da jovem criada, Lily Watkins (Jean Simmons), que ao longo dos anos alimentou uma secreta paixão pelo seu amo, e que vê agora surgir a oportunidade há tanto tempo esperada. Através de uma quase “inocente” chantagem, Lily consegue tornar-se na governanta da casa e fazer com que os outros dois criados sejam despedidos. Livre de testemunhas, tem agora o caminho completamente desimpedido para conseguir chegar ao coração do seu senhor. Só que nada é assim tão simples...
O enredo de “Footsteps in the Fog” prima pela excelência, conseguindo uma atenção sempre em crescendo do espectador. Mas o grande trunfo do filme é sem dúvida a força interpretativa de Granger e Simmons, que na altura eram marido e mulher na vida real - a química entre os dois é por demais evidente, sobretudo nas cenas mais íntimas. Mas a “estrela do show” é sem dúvida Jean Simmons, que tem aqui um papel bastante diferente dos que habitualmente costumava representar. A sua Lily Watkins é a alma por detrás de toda a trama, o foco que ilumina todo o filme (atenção aos seus close-ups, belissimos e inesquecíveis) num misto de devoção, amoralidade e perversão. De entre os muitos atractivos de “Footsteps in the Fog” é justo destacar a belissima cinematografia a cores de Christopher Challis, que trabalhou na maioria das obras de Michael Powell e Emeric Pressburger e também a elegante partitura musical de Benjamin Frankel, da qual o “tema de Lily Watkins” foi gravado por diversas orquestras inglesas.
“Footsteps in the Fog” foi agora editado em DVD pela Classic British, numa excelente cópia anamórfica que respeita o formato do filme de 1.78:1. Inclui apenas o trailer original e tem legendas em inglês. Poder-se-ia exigir mais para uma obra destas, mas a sua raridade é motivo mais do que suficiente para uma urgente aquisição. Não é todos os dias que se disfruta assim com tanto prazer de um thriller tão apaixonante e com um final tão inesperado. Um verdadeiro tesouro a ser descoberto. (P.S.: O filme já foi entretanto editado em Portugal)

2 comentários:

Sonja disse...

Gostei bastante. Ainda nao tinha visto. Obrigada pela dica. Ela estava linda (como sempre). Abs.

Anónimo disse...

Somente hoje assisti esse filme. O roteiro é soberbo e inesperado. Os atores principais são bárbaros.