Se pudesse escolher todas as entrevistas que faço, optaria quase sempre por realizadores e pelas estrelas já com alguns anos de carreira. Normalmente, é neste grupo de entrevistados que se encontram as pessoas mais interessantes e que mais coisas têm para dizer. Entrevistar bons realizadores equivale a ter uma preciosa lição de cinema. Entre outras, destaco as entrevistas que fiz a Martin Scorsese - homem com uma memória cinematográfica prodigiosa - que me sabem sempre a pouco.
Frequentemente, diz ele que os profissionais do cinema devem assistir a uma sessão normal, ficar entre o público instalado na plateia para perceberem as suas reacções, e assim avaliar o resultado do seu trabalho. Embora não tenha mudado de ideias, sorriu quando lhe fiz essa pergunta: "Eu próprio fiz isso muitas vezes, mas agora estou a ficar velho para esperar nas filas da bilheteira [risos]. Realmente costumo dizê-lo: um realizador deve ver cinema numa sala de sessões normais, cheia de público. E deve ver nessas condições, pelo menos uma vez, o seu próprio filme. Mas nos tempos que correm já não sei se isso serve para perceber as audiências, até porque agora estamos infestados de filmes 'pop corn', e isso não me interessa. Quando nesses complexos de salas de cinema passam alguns filmes independentes, ainda tenho a tentação de entrar, mas em Nova Iorque já não há disso. Assim, prefiro ver os filmes na minha própria sala. As distribuidoras fazem o favor de me emprestar as cópias, e eu vou visionando algumas coisas mais recentes. Mas digo-lhe que o que mais me interessa são os clássicos [norte-americanos] e o cinema estrangeiro".Apesar de ser uma enciclopédia cinematográfica, descobri-lhe uma lacuna, aliás compreensível: do cinema português pouco sabe. Apesar de tudo, conhece alguma coisa sobre Manoel de Oliveira, embora superficialmente: "Sim, claro ... aquele realizador com uma idade avançada. Tem 90 e muitos anos, não é? E ainda filma! Eu estive com ele em Veneza e adorei a sua vivacidade. Mas acho que só vi um ou dois filmes dele".
Frequentemente, diz ele que os profissionais do cinema devem assistir a uma sessão normal, ficar entre o público instalado na plateia para perceberem as suas reacções, e assim avaliar o resultado do seu trabalho. Embora não tenha mudado de ideias, sorriu quando lhe fiz essa pergunta: "Eu próprio fiz isso muitas vezes, mas agora estou a ficar velho para esperar nas filas da bilheteira [risos]. Realmente costumo dizê-lo: um realizador deve ver cinema numa sala de sessões normais, cheia de público. E deve ver nessas condições, pelo menos uma vez, o seu próprio filme. Mas nos tempos que correm já não sei se isso serve para perceber as audiências, até porque agora estamos infestados de filmes 'pop corn', e isso não me interessa. Quando nesses complexos de salas de cinema passam alguns filmes independentes, ainda tenho a tentação de entrar, mas em Nova Iorque já não há disso. Assim, prefiro ver os filmes na minha própria sala. As distribuidoras fazem o favor de me emprestar as cópias, e eu vou visionando algumas coisas mais recentes. Mas digo-lhe que o que mais me interessa são os clássicos [norte-americanos] e o cinema estrangeiro".Apesar de ser uma enciclopédia cinematográfica, descobri-lhe uma lacuna, aliás compreensível: do cinema português pouco sabe. Apesar de tudo, conhece alguma coisa sobre Manoel de Oliveira, embora superficialmente: "Sim, claro ... aquele realizador com uma idade avançada. Tem 90 e muitos anos, não é? E ainda filma! Eu estive com ele em Veneza e adorei a sua vivacidade. Mas acho que só vi um ou dois filmes dele".
(Mário Augusto in "Nos Bastidores de Hollywood", Prime Books, 2005)
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