À ÚLTIMA CASA À ESQUERDA
Um filme de DENNIS ILIADIS
Com Garret Dillahunt, Michael
Bowen, Josh Cox, Riki Lindhome, Aaron Paul, Sara Paxton, Monica Potter, Tony
Goldwyn, Martha MacIsaac, etc.
EUA / 114 min / COR /
16X9
(1.85:1)
Estreia nos EUA: 13/3/2009
Estreia em PORTUGAL : 2/7/2009
If bad people hurt someone you love,
how far would you go to hurt them
back?
Esta nova versão de “The Last House On The Left”
(1972) é uma das excepções que confirma a regra. E essa regra é a de que a
grande maioria dos remakes é inferior
ao produto original. Não é o caso aqui. E também, diga-se de passagem, não
seria muito difícil melhorar o filme de Wes
Craven (que curiosamente produz este segundo filme), atendendo a que se
tratava de algo de qualidade muito rasca, que ainda hoje custa a acreditar que se tenha tornado num filme de culto. Talvez
devido a todas as proibições que despoletou um pouco por todo o lado, ou talvez
pela novidade do argumento, que transforma predadores em presas: os assassinos
das duas raparigas irão sucumbir, sem dó nem piedade, às mãos implacáveis dos
pais de uma delas. Mas nem a originalidade da história seria aproveitada da
melhor maneira. Na verdade, o filme com que Wes Craven debutou em 1972, e para o qual também escreveu o
argumento, é algo a que falta practicamente tudo aquilo que é necessário para
que, pelo menos, possa ser visto sem grande enfado e com um mínimo de interesse
por parte do público. A realização (montagem incluída, também da
responsabilidade de Craven), é feita
às três pancadas, denotando uma ignorância atroz das mais básicas técnicas
cinematográficas; a direcção de actores é péssima; a interpretação idem, idem;
até a música utilizada (algo bizarro, que oscila entre o bluegrass e a música country) é de péssimo mau-gosto.
Dennis
Iliadis, o director grego que assina esta nova versão, nasceu em Atenas,
tendo passado a sua adolescência em Paris e no Rio de Janeiro. Frequentou a
Brown University, em Rhode Island, mudando-se depois para Londres, para a Royal
College of Art. Rapidamente ganhou espaço no mundo do cinema, tendo dirigido a sua primeira longa-metragem na Grécia, (“Hardcore”, 2004), um filme sobre prostitutas,
que viria a ganhar o Audience Award no Festival de Oldenburg, na Alemanha. Não
conheço, pelo que não me é possível emitir qualquer opinião sobre esse
filme-estreia. Mas esta segunda incursão na realização (o seu primeiro filme
americano), é uma boa surpresa. Pelo menos, Iliadis consegue algo essencial neste tipo de filmes, que é a
criação de uma atmosfera forte e credível, que se encontrava completamente
ausente no primeiro filme. Longe de ser um grande filme, este “Last House On The Left” tem vários
pontos de interesse, sobretudo para os aficcionados do slash-horror,
que começa logo no aproveitamento eficaz do argumento original, eliminando o
supérfluo ou o simplesmente anedótico (a parelha dos polícias que anda
completamente perdida no primeiro filme). De igual modo, Iliadis substitui o tipo de música, adicionando ao seu filme temas
adequados, onde a inquietação e o suspense estão sempre presentes. A direcção
de actores é muito boa e, de um modo geral, é de louvar o ritmo e o estilo
conseguidos desde os créditos iniciais. Aquela última cena, de tão absurda e
gratuita, é que era perfeitamente escusada. É algo que está a mais, que destoa do resto, mesmo que nesse resto existam algumas sequências de extrema violência.
“The Last
House On The Left” afasta-se um pouco dos clichés que a grande maioria dos filmes de terror apresenta
actualmente, bem como dos maneirismos
técnicos comuns a tantos eles. Os movimentos de câmara são precisos e
objectivos - o oposto das tremideiras
que se verificam em grande parte de filmes do género (uma moda que se deseja
passageira, criada por filmes como "REC", Paranormal Activity" e
respectivas sequelas) - denotando já uma competência bastante eficaz de Dennis
Iliadis, que consegue extrair o máximo de emoção e energia dos seus actores.
Estes têm desempenhos francamente bons (talvez Riki Lindhomme, no papel de
Sadie, seja a excepção), sobretudo Monica Potter e Tony Goldwyn (os pais de
Mari) que dominam o écran na segunda parte do filme, ao levarem a cabo a
vingança sobre os assassinos da filha. Para quem nunca viu o filme de 72, um
conselho: não gastem tempo (ou sobretudo dinheiro) com ele, porque com toda a
certeza saíriam defraudados da experiência. O melhor mesmo é esquecerem que
este novo filme é um remake, pelo
simples facto de ele possuir o seu mérito próprio, que seguramente merece ser levado em conta. Para os mais impressionáveis, não resisto a citar a publicidade feita para o primeiro filme:
TO AVOID FAINTING
KEEP REPEATING
IT'S ONLY A MOVIE
... ONLY A MOVIE
... ONLY A MOVIE
... ONLY A MOVIE
...
CURIOSIDADES:
- Numa entrevista de Março de 2009, Sara Paxton
revelou que a sequência da violação levou 17 horas a filmar.
- Tony Goldwyn esteve
inicialmente relutante em aceitar o papel do pai de Mari, devido à violência
descrita no argumento. No entanto, mudou de ideias depois de ver o primeiro
filme de Iliadis, “Hardcore” (2004)
Notação do filme de 1972:
4 comentários:
Eu acho um pequeno clássico do horror o original de 72 ! Este remake é n máximo razoável e olhe lá ...
Pode ser um clássico, Paulo, mas é um clássico do mau-gosto e da incompetência
Wes Craven faleceu no passado domingo, dia 30 de Agosto, vítima de cancro no cérebro. Tinha 76 anos
Não vi o original mas este remake parece-me muito razoável.
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