Se
houve artista que compreendeu o glamour de Hollywood, esse foi Andy Warhol. O
artista, filho de imigrantes polacos, re-trabalhou os clichés e "glamorizou-os". Warhol, que conheceu bem mais
do que os garantidos 15 minutos de fama enquanto estava vivo, tornou-se ainda
mais valioso depois de morto e, em 2012, foi o artista do século XX cuja obra
atingiu o valor mais alto em leilão. A sua Factory, o estúdio-laboratório no village nova-iorquino onde criava as
suas obras e juntava o seu séquito, foi uma versão excêntrica de um estúdio de
Hollywood no seu período dourado: constante ebulição, diferentes projectos
filmados simultaneamente, comportamentos sociais ultrajantes (Warhol queixava-se
que estavam sempre a ser invadidos pela polícia). A Factory faz também lembrar
o primeiro estúdio de cinema, criado por Edison, a Black Maria, onde se filmava
o desempenho de estrelas de vaudeville, de pugilistas, e de heróis do faroeste
como Bufallo Bill.
No final de 1969, Andy Warhol criou uma revista, a
Interview, como álibi para poder conversar com celebridades. A revista era
famosa pelas entrevistas, conversas supostamente íntimas com as estrelas. Apesar
de gostar de escrutinar a vida das estrelas, Warhol confessou, no seu inimitável
estilo, que quando era entrevistado preferia que lhe ditassem as respostas:
«Sou de tal maneira vazio, que não encontro nada para dizer», afirmou numa
entrevista a Gretchen Berg publicada nos Cahiers du Cinéma. As capas da
Interview são, na sua esmagadora maioria imagens de artistas de Hollywood
(Anjelica Houston, Jodie Foster, Michael Jackson, Liza Minelli, entre muitíssimos
outros) revisitados pela estética Pop, e isso faz de Warhol o retratista
supremo das estrelas de Hollywood.
(Edgar
Pêra in "Hollywood: Estórias de glamour e miséria no império do cinema",
2013)
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