domingo, fevereiro 27, 2011

MARTYRS (2008)

MÁRTIRES




Um filme de PASCAL LAUGIER


Com Morjana Alaoui, Mylène Jampanoï, Catherine Bégin, Robert Toupin, Patricia Tulasne, Juliette Gosselin


FRANÇA - CANADÁ / 99 min / COR /
16X9 (1.85:1)


Estreia em França em Maio de 2008
(Festival de Cannes)
Inédito comercialmente em Portugal


Mademoiselle: «Martyrs are exceptional people. They survive pain, they survive total deprivation. They bear all the sins of the earth. They give themselves up. They transcend themselves... they are transfigured»

Começo por confessar a minha ignorância no que respeita ao boom mais ou menos recente do cinema de terror francês. Foi o excelente blogue “My One Thousand Movies” que me chamou a atenção para essa autêntica revelação, pelo que lhe dou já de seguida a palavra: «O cinema de terror francês é actualmente um dos mais violentos e perturbadores, com filmes tensos, carregados de “gore” em argumentos que prendem a atenção e principalmente que ficam na memória do espectador. E também, com algumas excepções, constatamos que o tão badalado e popular cinema americano de terror não tem conseguido nos dias de hoje deixar de ser comum, trivial, repleto de clichês e excessivamente comercial, em detrimento de histórias originais e imagens ousadas de violência gráfica».

Das propostas sugeridas por esse blogue (recomenda-se vivamente uma visita, quer aos apreciadores do género quer quem busca relíquias do cinema em geral), resolvi começar pelo título mais badalado, este “Martyrs” de 2008, que o MOTM considera «um dos melhores filmes de terror dos últimos 10 anos». Em boa hora o fiz, pois na verdade o filme revelou-se uma excelente e original surpresa. A história gira à volta de duas amigas: Lucie (Mylene Jampanoi), que se consegue evadir, logo no início do filme, de um local onde foi vítima de diversas torturas e Anna (Morjana Alaoui), que se tornará o seu único amparo e elo de ligação ao mundo em seu redor. Passados 15 anos, a amizade entre as duas permanece bem forte e íntima, mas Lucie continua a padecer de ataques de auto-mutilação e a sua grande obsessão é a vingança sobre quem lhe destruiu a vida em criança. Essa sede de vingança vem a concretizar-se no assassínio de uma família de quatro membros, mas será que a mente perturbada de Lucie não lhe pregou uma partida na identificação das vítimas?

Volto a citar o MOTM no comentário feito a “Martyrs”: «Dirigido e escrito por Pascal Laugier, o cineasta escolhido para comandar o remake de “Hellraiser” (com previsão de lançamento em 2011), o filme é ultra violento (a cena de vingança com o tiroteio é memorável), sangrento ao extremo (o líquido vermelho banha a tela em demasia), e explora um tema original (depois de ver o filme o espectador refletirá sobre o real significado de “mártir”), através de elementos interessantes que nos remetem a outros filmes como o americano “Hostel”, de Eli Roth, na idéia de uma sociedade secreta com objetivos sinistros, e as películas orientais com fantasmas atormentados, nas cenas de alucinação de uma das personagens. E ainda temos um desfecho adequado, tão perturbador quanto toda a bizarra história que é apresentada. É interessante também notar como os cineastas franceses procuram colocar mulheres como protagonistas, fazendo-as sofrer na carne dores e torturas inimagináveis, transformando-as em mártires literalmente. Altamente recomendável, “Martyrs” é cinema de terror puro, que merece e deve ser respeitado e reverenciado».

Uma última nota sobre a inversão de cumplicidade que o filme procura junto ao espectador. Começamos por nos interessar pela personagem de Lucie por causa do seu abjecto cativeiro, mas à medida que o filme progride é Anna que nos vai despertando um interesse sempre crescente – é na progressão da sua personagem que a nossa atenção se vai focalizando cada vez mais, até o recuo não ser mais possível. Laugier não se contenta em apenas assustar o espectador – vai um pouco mais além, tentando analisar psicologicamente vítimas e algozes, e consegue tudo isso sem cair na tentação de mostrar o óbvio ou o gratuito. “Martyrs” é sem dúvida um filme forte e violento mas deveras interessante, bem servido por interpretações convincentes e que sobretudo não deixará ninguém indiferente ou capaz de esquecê-lo rapidamente.  




3 comentários:

ANTONIO NAHUD disse...

Valeu a dica. Nunca ouvi falar desse filme e gosto muito do gênero terror.
Abraços

www.ofalcaomaltes.blogspot.com

Billy Rider disse...

Obrigado pela sugestão amigo Rato. Óptima surpresa!

My One Thousand Movies disse...

Thanks pela referência Rato. Este filme está sem dúvida no meu top 5 de filmes de terror, da década passada :)