Um Filme de BRIAN DE
PALMA
Com Cliff Robertson, Geneviève Bujold, John Lithgow, Sylvia Kuumba Williams, Wanda Blackman, etc.
EUA / 98m / COR / 16X9
(2.35:1)
Estreia nos EUA a
1/8/1976 (New York)
Estreia em PORTUGAL em 1979
(cinema Quarteto)
Estreia em PORTUGAL em 1979
(cinema Quarteto)
Sejamos
claros: sem “Vertigo” este filme nunca teria existido. Tal pressuposto resulta
directamente das declarações de Brian De Palma e de Paul Schrader, que se confessaram
fans incondicionais do filme de Hitchcock, e que por isso quiseram homenagear o
mestre do suspense (que na altura ficou furioso com o "plágio" encapotado) nesse particular filme,
através da recriação da ideia central – uma segunda oportunidade para um homem
poder redimir-se de um sentimento de culpa ao reencontrar uma réplica perfeita da mulher amada (e
perdida). O argumento original (designado por “Déjà Vu”) foi escrito por
Schrader, que viria a desinteressar-se do projecto, uma vez que De Palma
procedeu a alterações substanciais, quer da sua autoria quer devido a pressões
dos produtores, no sentido de atenuar os aspectos incestuosos subjacentes ao
filme.
Michael
Courtland (Cliff Robertson), sócio-gerente de uma empresa industrial, tem um
casamento perfeito com Elizabeth (Geneviève Bujold) e o filme começa por nos
mostrar essa relação durante uma festa de aniversário. Nessa mesma noite,
quando todos os convidados já se retiraram, Elizabeth e a filha, Amy (Wanda
Blackman) são inesperadamente raptadas de casa, ficando em seu lugar um pedido
de resgate afixado na cama do casal. Seguem-se os habituais contactos com a
polícia e a entrega de uma maleta com papeis em vez de dinheiro. A casa dos
raptores é cercada, estes conseguem fugir com as vítimas e inicia-se uma
perseguição que termina de forma violenta, com a explosão da viatura em fuga e
a consequente morte dos seus ocupantes.
Dilacerado
pela dor da perda do seu grande amor, Michael manda construir um mausoléu em
memória da mulher e da filha, o qual é uma réplica da fachada de uma igreja (San Miniato) de
Siena, em Itália, local onde conheceu Elizabeth. Passados 16 anos (estamos
agora em 1965), Michael continua a responsabilizar-se pela tragédia ocorrida. Regressa
a Itália com o sócio, Robert (John Lithgow), numa viagem de negócios, e não
resiste a visitar a igreja. Para seu espanto, encontra aí Sandra Portinari
(Geneviêve Bujold, num duplo papel), uma jovem italiana que trabalha na
reconstrução de um fresco, e que é a cópia fiel da sua ex-mulher. À semelhança
do Scottie Ferguson de “Vertigo”, Michael torna-se obsessivo em relação àquela
pessoa que o destino parece ter-lhe colocado no caminho, para assim poder
reiniciar os melhores anos da sua vida. Mas, tal como no filme de Hitchcock,
nada do que parece é, facto que o desenrolar dos acontecimentos irá demonstrar.
Hoje
em dia, passados quase 40 anos, é forçoso concluirmos que “Obsession” é um
filme que não ultrapassou lá muito bem a barreira do tempo, podendo apenas ser
visto como um thriller mediano de um enredo pouco convincente (chegando por vezes a ser ridiculamente
melodramático, nomeadamente na cena final, onde o ralenti da imagem é utilizado com extremo mau-gosto, digno das
piores telenovelas), apesar de filmado com uma certa mestria. O melhor do filme
continua a ser a música, por coincidência da autoria de Bernard Herrmann
(nomeado para o respectivo Óscar), o colaborador habitual de Hitchcock, e que
assina aqui mais um belo trabalho (foi ele o responsável pela excelente cena de
abertura do filme). Destaque ainda para a fotografia evocativa de Vilmos Zsigmond
e a sempre rigorosa mise-en-scène de
Brian De Palma, que contou com dois excelentes actores – Robertson e Bujold –
para os principais protagonistas.
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