sábado, fevereiro 15, 2014

OBSESSION (1976)

OBSESSÃO
Um Filme de BRIAN DE PALMA




Com Cliff Robertson, Geneviève Bujold, John Lithgow, Sylvia Kuumba Williams, Wanda Blackman, etc.

EUA / 98m / COR / 16X9 (2.35:1)

Estreia nos EUA a 1/8/1976 (New York)
Estreia em PORTUGAL em 1979 
(cinema Quarteto)


Sejamos claros: sem “Vertigo” este filme nunca teria existido. Tal pressuposto resulta directamente das declarações de Brian De Palma e de Paul Schrader, que se confessaram fans incondicionais do filme de Hitchcock, e que por isso quiseram homenagear o mestre do suspense (que na altura ficou furioso com o "plágio" encapotado) nesse particular filme, através da recriação da ideia central – uma segunda oportunidade para um homem poder redimir-se de um sentimento de culpa ao reencontrar uma réplica perfeita da mulher amada (e perdida). O argumento original (designado por “Déjà Vu”) foi escrito por Schrader, que viria a desinteressar-se do projecto, uma vez que De Palma procedeu a alterações substanciais, quer da sua autoria quer devido a pressões dos produtores, no sentido de atenuar os aspectos incestuosos subjacentes ao filme.


Michael Courtland (Cliff Robertson), sócio-gerente de uma empresa industrial, tem um casamento perfeito com Elizabeth (Geneviève Bujold) e o filme começa por nos mostrar essa relação durante uma festa de aniversário. Nessa mesma noite, quando todos os convidados já se retiraram, Elizabeth e a filha, Amy (Wanda Blackman) são inesperadamente raptadas de casa, ficando em seu lugar um pedido de resgate afixado na cama do casal. Seguem-se os habituais contactos com a polícia e a entrega de uma maleta com papeis em vez de dinheiro. A casa dos raptores é cercada, estes conseguem fugir com as vítimas e inicia-se uma perseguição que termina de forma violenta, com a explosão da viatura em fuga e a consequente morte dos seus ocupantes.


Dilacerado pela dor da perda do seu grande amor, Michael manda construir um mausoléu em memória da mulher e da filha, o qual é uma réplica da fachada de uma igreja (San Miniato) de Siena, em Itália, local onde conheceu Elizabeth. Passados 16 anos (estamos agora em 1965), Michael continua a responsabilizar-se pela tragédia ocorrida. Regressa a Itália com o sócio, Robert (John Lithgow), numa viagem de negócios, e não resiste a visitar a igreja. Para seu espanto, encontra aí Sandra Portinari (Geneviêve Bujold, num duplo papel), uma jovem italiana que trabalha na reconstrução de um fresco, e que é a cópia fiel da sua ex-mulher. À semelhança do Scottie Ferguson de “Vertigo”, Michael torna-se obsessivo em relação àquela pessoa que o destino parece ter-lhe colocado no caminho, para assim poder reiniciar os melhores anos da sua vida. Mas, tal como no filme de Hitchcock, nada do que parece é, facto que o desenrolar dos acontecimentos irá demonstrar.
 

Hoje em dia, passados quase 40 anos, é forçoso concluirmos que “Obsession” é um filme que não ultrapassou lá muito bem a barreira do tempo, podendo apenas ser visto como um thriller mediano de um enredo pouco convincente (chegando por vezes a ser ridiculamente melodramático, nomeadamente na cena final, onde o ralenti da imagem é utilizado com extremo mau-gosto, digno das piores telenovelas), apesar de filmado com uma certa mestria. O melhor do filme continua a ser a música, por coincidência da autoria de Bernard Herrmann (nomeado para o respectivo Óscar), o colaborador habitual de Hitchcock, e que assina aqui mais um belo trabalho (foi ele o responsável pela excelente cena de abertura do filme). Destaque ainda para a fotografia evocativa de Vilmos Zsigmond e a sempre rigorosa mise-en-scène de Brian De Palma, que contou com dois excelentes actores – Robertson e Bujold – para os principais protagonistas.




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