“Movies are fun, but they're not a cure for cancer”
Don Juan em Hollywood, Warren Beatty sempre foi associado a uma série infinita de casos com algumas das mulheres mais belas da cidade que fabrica - ou fabricava - os sonhos. Nomes como os de Julie Christie, Elizabeth Taylor, Joan Collins, Diane Keaton, Isabelle Adjani, Cher ou Madonna (só para citar as mais conhecidas), figuram no rol das muitas conquistas deste incurável sedutor (segundo o seu biógrafo, o actor teria tido cerca de 13.000 mulheres até se “converter” ao casamento, superando as supostas dez mil de Georges Simenon, criador do inspector Maigret. Casanova, outro famoso conquistador, nem teria chegado à casa do milhar, o que, comparativamente com Warren, o torna quase casto). Sendo assim, Beatty, meio-irmão de Shirley MacLaine, parecia não poder ficar com tempo para mais nada. Pura ilusão. Favorecido por alguns sucessos e mesmo antes de "estabilizar" com a actriz Annette Bening (com quem finalmente se casou em 1992), arranjou tempo para representar, dirigir e produzir projectos especialíssimos e ultra-ambiciosos.
A mãe de Henry Warren Beatty, o seu verdadeiro nome, era uma entusiasta professora de teatro e o filho apanhou, muito novo, o bichinho do palco. Andou na Universidade, na construcção civil, nas aulas de drama de Stella Adler e nas sitcoms televisivas. Essa marcha lenta para o cinema passou ainda por um sucesso na Broadway com a peça "A Loss of Roses". Estava-se em 1959 e os anos 60 batiam à porta. O seu primeiro papel no cinema seria o de um gigolo em “The Roman Spring of Mrs. Stone”, onde seduzia Vivian Leigh. A explosão viria no mesmo ano (1961) com o magnífico “Splendor in the Grass”, de Elia Kazan, onde contracenava com mais um dos seus amores, Natalie Wood..
Seria contudo uma explosão sem grandes consequências imediatas, pois teria de esperar mais seis anos para se voltar a impôr de uma maneira categórica. E que categoria! O filme, também produzido por Beatty, foi “Bonnie and Clyde”, a biografia romanceada do casal de gangsters mais célebre de toda a história americana. Em parte devido ao carisma de Beatty (as outras duas "partes" vão direitinhas para Faye Dunaway e para a antológica cena final), o filme tornou-se rapidamente num enorme sucesso comercial, a ponto de ter desencadeado um autêntico revivalismo nas modas da época. Hoje, mais de 40 anos depois, permanece como uma das referências-chave de todo o cinema americano. Warren Beatty poderia não ter feito mais nada em toda a sua carreira, que “Bonnie and Clyde” seria suficiente para lhe garantir um lugar na história.
Um homem de cinema também se vê pelas suas recusas. Warren Beatty rejeitou os papéis principais de “Butch Cassidy and the Sundance Kid”, “The Sting”, “The Godfather”, “The Great Gatsby”, “Last Tango In Paris”, “The Way we Were”… É obra! Em 1978 iniciou-se na realização com o filme “Heaven Can Wait” (então ainda em parceria com Buck Henry), assinando também o argumento e a produção desta deliciosa comédia. Seguir-se-iam “Reds” em 1981 e “Dick Tracy” em 1990. Pelo caminho ainda teria tempo de assinar mais argumentos, produções e, imagine-se, até as canções do filme “Ishtar”. Toda esta variedade de actividade fílmica trouxe-lhe o desejado reconhecimento: 1 Oscar para a realização de “Reds” e ainda mais 12 nomeações, espalhadas por diferentes filmes e categorias.
Em 1994 re-escreve “An Affair to Remember”, o grande clássico de 1957 (com Cary Grant e Deborah Kerr) mas “Love Affair”, onde contracena com a sua recém-esposa Annette Bening, não tem o sucesso desejado. Quatro anos depois expõe as suas próprias ideias liberais na sátira política “Bulworth”, provando ser ainda capaz de realizar um bom filme de sucesso. Beatty pertence ao grupo restrito de 6 actores (os outros são Robert Redford, Clint Eastwood, Mel Gibson, Richard Attenborough e Kevin Costner) que receberam o Oscar da Academia na categoria de Realizador; e é a única pessoa a ter sido nomeada em 4 categorias diferentes (Produção, Realização, Argumento e Actor Principal) por duas vezes, nos filmes “Heaven Can Wait” e “Reds”. Em 2000, na cerimónia dos Oscars, recebeu o prémio Irving Thalberg das mãos do seu vizinho e amigo Jack Nicholson. Aparentemente retirado do mundo do cinema, Warren Beatty vive em Muholland Drive, em Beverly Hills (California)
FILMOGRAFIA:
2001 – Town & Country / Mistérios do Sexo Oposto
1998 – Bulworth / Bulworth, Candidadto em Perigo (+ realizador e argumentista)
1994 – Love Affair / O Amor da Minha Vida (+ argumentista)
1991 – Bugsy
1990 – Dick Tracy (+ realizador)
1987 – Ishtar
1981 – Reds (+ realizador e argumentista)
1978 – Heaven Can Wait / O Céu Pode Esperar (+ realizador e argumentista)
1975 – The Fortune / Uma Fortuna Por Água Abaixo
1975 – Shampoo (+ argumentista)
1974 – The Parallax View / A Última Testemunha
1971 – $ / O Assalto
1971 – McCabe & Mrs. Miller / A Noite Fez-se Para Amar
1970 – The Only Game In Town / Quando o Jogo é o Amor
1967 – Bonnie and Clyde / Bonnie e Clyde
1966 – Kaleidoscope
1965 – Promise Her Anything / A Deliciosa Viuvinha (br)
1965 – Mickey One
1964 – Lilith / Lilith e o Seu Destino
1962 – All Fall Down
1961 – Splendor in the Grass / Esplendor na Relva
1 comentário:
Ah grande garanhão!
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