COMO ROUBAR UM MILHÃO
Um filme de WILLIAM WYLER
Com Audrey Hepburn, Peter O'Toole, Hugh Griffith, Eli Wallach, Charles Boyer, Fernand Gravey, Marcel Dalio, Jacques Marin, Moustache, etc.
EUA / 123 min / COR / 16X9 (2.35:1)
Estreia nos EUA a 13/7/1966
(Los Angeles)
Estreia na GB a 19/8/1966
Simon Dermott: «Why must it be this particular
work of art?»
Nicole Bonnet: «You don't think I'd steal something that
Nicole Bonnet: «You don't think I'd steal something that
didn't belong to me, do you?»
Simon Dermott: «Excuse me, I spoke without thinking»
Simon Dermott: «Excuse me, I spoke without thinking»
Do
mesmo ano de “Gambit” (mas estreado
cinco meses antes), esta deliciosa comédia de William Wyler desenrola-se em terrenos muito próximos, conseguindo
no entanto superiorizar-se ao filme de Ronald Neame. A dupla de actores (Audrey Hepburn e Peter O’Toole) funciona de igual modo às mil maravilhas, denotando
também uma química muito particular entre os dois, mas a excelência dos
diálogos e a qualidade da realização é do melhor que a década de sessenta
produziu nesta área muito particular da comédia romântica. Hepburn justifica aqui toda a sua elegância e charme (num filme
bastante superior ao tão sobrevalorizado “Breakfast
at Tiffany’s" [Blake Edwards, 1961]) e O’Toole
deixa bem claro que era nestes anos um actor prodigioso, qualquer que fosse o
género de filme em que participasse.
Mas
passemos à história: Charles Bonnet (Hugh
Griffith, a quem este mesmo Wyler
deu um papel inesquecível em “Ben-Hur”,
o Sheik Ilderim) é o herdeiro de uma linhagem de falsificadores de obras de
arte que ganha a vida em leilões e exposições, apesar das constantes objecções
da filha, Nicole (Audrey Hepburn): «I keep telling you, Papa, when you sell a fake masterpiece, that is a crime!», ao que o pai responde: «But I don't sell them to poor people, only to millionaires». Um dos seus “tesouros” mais
importantes, a Venus de Cellini, que fora esculpida pelo pai tendo como modelo a
avó de Nicole, é o centro de atenções numa grande exposição de um dos maiores
museus de Paris. A peça irá ser protegida por um avultado seguro contra todos
os riscos, no valor de 1 milhão de dólares. Mas para que tal se concretize é
mandado vir um perito para verificar a autenticidade da peça.
Como
seria previsível, o pânico instala-se nos Bonnet mas a filha tem a brilhante
ideia de roubar a estatueta do Museu antes da chegada do investigador de arte.
Para isso irá contar com a preciosa ajuda de Simon Dermott (Peter O’Toole), um elegante ladrão que
ela própria tinha surpreendido dentro de casa a tentar roubar um quadro (- «For a burglar you're not very brave, are you?» / - «I'm a society burglar. I don't expect people to rush about shooting me») e com o qual vem a estabelecer uma curiosa
relação (- «You're mad. Utterly mad. I suppose you want to kiss me goodnight?» / - «Oh, I don't usually, not on the first acquaintance. But you've been such a good sport...»). Nem tudo corresponde à
verdade, como se virá a descobrir mais tarde, mas os dados estão lançados para
a concretização de uma das melhores, e mais bem escritas comédias românticas dos
anos 60.
“How
To Steal A Million”
foi o antepenúltimo filme de William
Wyler (antes de “Funny Girl” em
1968 e “The Liberation of L.B. Jones”,
em 1970) e o segundo em que dirigiu Audrey
Hepburn (depois de “Roman Holiday”,
em 1953). Tendo conseguido reunir um lote de bons actores, para além dos
principais protagonistas – o já citado Hugh
Griffith, Eli Wallach, ou até Charles Boyer num pequeno papel, não
esquecendo Moustache (o guarda do
Museu que tem sempre a garrafa de vinho à mão e que parece saído de um dos
álbuns das aventuras de Tintin), Wyler
teve nesses contributos um valioso aliado que lhe permitiu, sem grandes
invenções, realizar um filme do agrado de várias gerações, uma vez que
“How To Steal A Million” soube atravessar graciosamente a sempre difícil barreira do
tempo.
CURIOSIDADES:
- O
actor George C. Scott, que tinha sido contratado para o papel de Leland foi
despedido logo no primeiro dia de filmagens por ter chegado atrasado ao set e
substituído por Eli Wallach.
- O
carro de Nicole é um Autobianchi Bianchina Special Cabriolet (conhecido no
mercado por Fiat “Sport” 500) e o de Simon é um Jaguar Type-E.
- O
livro que Nicole lê na cama – “Hitchcock Magazine: La Revue du Suspense” – é a
versão francesa da “Alfred Hitchcock Mystery Magazine”, que foi publicada pela
primeira vez em 1956
-
Como piada ao conhecido costureiro Hubert de Givenchy – que fez alguns dos
vestidos mais conhecidos de Hepburn
– Simon diz a seguinte frase depois de a obrigar a vestir-se como uma criada de
limpezas (uma das cenas mais divertidas do filme): «That does it. For one
thing, it gives Givenchy a night off»
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