terça-feira, março 22, 2011

CUANDO TÚ NO ESTÁS (1966)

QUANDO TU NÃO ESTÁS
Um filme de MARIO CAMUS


Com Raphael, Margaret B. Peters, Maria José Alfonso, Ricardo Lucia, José Martin, etc.

ESPANHA / 91 min / COR / 
16X9 (2.35:1)

Estreia em ESPANHA a 31/10/1966 (Madrid)
Estreia em MOÇAMBIQUE a 3/1/1968
(LM, cinema Infante)



Confesso desde já que este filme é porventura o meu maior guilty-pleasure de sempre. Conforme refere muito sensatamente David Gilmour no seu livro “O Clube de Cinema”, «os filmes têm um efeito especial sobre nós quando somos muito jovens: despertam a nossa imaginação de uma forma que é difícil repetir quando somos mais velhos. Vibramos com o filme como nunca mais o faremos. Revejo filmes antigos não apenas para os ver novamente, mas também na esperança de voltar a sentir o mesmo que da primeira vez».


Assim aconteceu comigo com este “Cuando Tú No Estás”. Vi-o aos 14 anos, logo no início de 1968, quando ele se estreou no cinema Infante, em Lourenço Marques. E numa altura em que Raphael, então um jovem de 24 anos, fazia as delícias da minha geração, a par de alguns outros nomes de intérpretes vindos sobretudo de França: Adamo, Christophe, Françoise Hardy, Sylvie Vartan, Johnny Hallyday. Eram a outra face da pop music, que nessa altura ainda existia para além dos omni-presentes anglo-americanos.


Uns meses antes do filme se estrear em Madrid, Raphael representou a Espanha no Festival da Eurovisão com a canção “Yo Soy Aquel” (ver videoclip mais abaixo). Apesar de se ter ficado pelo 7º lugar (o vencedor nesse ano foi Curd Jürgens com “Mérci Chérie” e Portugal fez-se representar por Madalena Iglésias que cantou “Ele e Ela”), a sua interpretação foi o grande momento do Festival desse ano, que teve lugar no Luxemburgo a 5 de Março.


O filme, que se inicia com essa canção fabulosa, mais não é do que um pretexto para a apresentação dos 8 temas nele incluídos. Em termos cinematográficos não vai além da mediania, com um enredo digno de uma qualquer telenovela. Mas no entanto foi filme que nunca mais me saíu da memória e que, ainda hoje, me traz de volta uma parte importante da minha juventude. E durante muito, muito tempo, era a primeira coisa que procurava na secção de dvd's do Corte Inglês, sempre que me deslocava a Espanha.


Encontrei-o finalmente, aqui há uns anos atrás, numa caixa com outros títulos do Raphael daqueles anos (pois, fui obrigado a comprar toda a colecção só por causa deste filme). Nunca mais o tinha visto e por isso foi com grande emoção que iniciei uma autêntica viagem no tempo, em busca da inocência há tantos anos perdida. Pondo de parte a insipiência já referida da historieta de amor, o filme continua a ser a única maneira de se poder ver o Raphael daqueles anos  a cantar todas estas magníficas canções de Manuel Alejandro. E só por isso vale a pena. Aconselhado portanto apenas aos antigos fans do cantante espanhol.





AS 8 CANÇÕES DO FILME EM CD:



3 comentários:

Billy Rider disse...

Um dos que se tornou num canastrão insuportável. Mas nos princípios até tinha o seu charme muito particular. Sim, também eu era fã. E de vez em quando ainda ouço aquela brilhante compilação que nos ofertaste no Rato Records.

alcides carvalho disse...

Não concordo. O filme é bem dirigido e é melancólico e melodramático como pretende ser. As músicas são ótimas e sua decepção não consigo entender. Esse filme marcou minha vida e a sua por ser um filme que mexe com a sensibilidade. Eu nem era fã de Raphael e agora posso dizer que sou. É um grande intérprete. Permita-me discordar: o filme é razoavelmente...bom.

Anónimo disse...

Recordo-me de o ter visto já no início dos 70 numa daquelas sessões duplas do antigo Jardim Cinema em Lisboa mas eu era mais fã do italiano Morandi (e ainda sou) mas compreendo perfeitamente a emoção.