Nascida a 29 de Agosto de 1915, em Estocolmo, Suécia
Falecida a 29 de Agosto de 1982, em Londres,
Inglaterra
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«I
have no regrets. I wouldn't have lived my life the way I did if I was going
to
worry about what people were going to say»
Nasceu
e morreu no mesmo dia de Verão; no intervalo viveu 67 anos, cinquenta dos quais
ligada à arte de representar, quer em cima de um palco quer à frente de uma
máquina de filmar. Na terra natal, depois de um início de carreira no teatro,
interpreta os primeiros papéis no cinema, revelando-se na versão original de
"Intermezzo", de Gustav Molander (1938). Hollywood, que sempre teve
um fraco por suecas (Greta Garbo, a "divina", foi a paixão mais
assolapada), acenou-lhe com um contrato para interpretar, no ano seguinte, a
versão americana ao lado de Leslie Howard, e o seu triunfo tornou-a uma das
favoritas dos espectadores.
Conforme
recorda Bénard da Costa, «Ingrid fez sensação ainda antes do início das
filmagens, pela imagem de anti-star.
Apareceu com a cara que Deus lhe deu (e Deus foi generoso) sem make-ups, a cheirar a água de rosas.
Recusou-se a mudar fosse o que fosse, no corpo, na cara e no nome (só reduziu
um bocado o tamanho dos saltos, para não parecer tão descomunalmente alta como
era). O artifício dela foi a "naturalidade", o mais artificioso dos
artifícios e o único a que Hollywood ainda não estava habituada.»
Na
primeira fase da sua carreira americana, Ingrid
especializou-se em mulheres atormentadas ("Difamação" e "Sob
o Signo de Capricórnio", de Hitchcock, "Meia-Luz", de Cukor,
onde ganhou o primeiro dos seus 3 Óscares, "Arco do Triunfo" e
"O Médico e o Monstro", onde era a coisa mais bonita e comovente
dessa terceira versão do clássico de Stevenson), mas também em mulheres enérgicas
e prontas para lutarem com unhas e dentes pelo homem amado ("Por Quem Os
Sinos Dobram" e "A Casa Encantada", o início da sua colaboração
com Hitchcock). Mas foi também a mulher pura e a santa perfeitas: freira em
"Os Sinos de Santa Maria" e, por duas vezes, a heroína francesa Joana
d'Arc no filme de Victor Fleming e na adaptação da oratória de Honegger no
filme de Rossellini, "Giovanna d'Arco all Rogo".
Ao
ver "Roma, Cidade Aberta", em 1949, escreveu uma carta a Rossellini
manifestando o seu desejo em trabalhar com ele. Foi o início de um romance (Ingrid
acabaria por deixar o marido, Peter Lindstrom, para se casar com Rossellini) que
causou escândalo na sempre puritana Hollywood e que teve como frutos alguns
filmes fundamentais do chamado neo-realismo italiano (nomeadamente
"Stromboli" e "Viagem a Itália"), para além de uma das mais
bonitas e talentosas actrizes, Isabella Rossellini, que manteve acesa a chama
talentosa dos seus progenitores. Devido sobretudo a problemas financeiros
(todos os filmes dirigidos pelo marido foram estrondosos fracassos de
bilheteira) o casamento com o realizador italiano dura apenas 7 anos, e
Hollywood perdoa-lhe a fuga, recebendo-a de volta em apoteose, com a atribuição
de novo Óscar pelo filme "Anastácia". Segue-se uma série de êxitos
comerciais que valem principalmente pela sua presença, sempre luminosa e sedutora.
Em
Dezembro de 1958 Ingrid casa-se pela última vez, de novo com um seu
compatriota, o produtor teatral Lars Schmidt. Será o seu casamento mais
duradouro: 20 anos, até o casal se separar em 1978. Dois anos depois de ganhar
o seu terceiro Óscar ("Um Crime no Expresso do Oriente"), Ingrid é madrinha na estreia da sua filha no
cinema, "A Matter of Time", que é o último filme de Vincent Minnelli
e também o último protagonizado pelo actor francês Charles Boyer. Em 1978 é
finalmente dirigida pelo seu compatriota Ingmar Bergman (um desejo antigo de
ambos), para o seu último grande filme, "Sonata de Outono", em que
volta a fazer de pianista, tal como no "Intermezzo" inicial. Já
marcada pelo cancro que a vitimaria, interpreta a figura de Golda Meir numa
série televisiva sobre a dirigente israelita, ao mesmo tempo que escreve a sua
auto-biografia, "My Story", um best-seller
mundial. Vem a falecer no dia em que
completava 67 anos e as suas cinzas são atiradas ao mar, na costa da Suécia,
depois de um serviço fúnebre durante o qual são tocados os acordes de "As Time Goes
By".
Hitchcock
costumava dizer que para o sucesso de qualquer star era fundamental agradar mais ao próprio sexo do que ao oposto.
Ingrid Bergman possuía essa
qualidade: nunca uma actriz foi tão amada por mulheres (sendo-o também por
homens) que viam nela o modelo a ser igualado. Mas a memória de Ingrid Bergman é, porém, indissociável
de um dos mais lendários filmes de Hollywood, mantido ao longo dos anos, e por
muito boa gente, como o companheiro inseparável de cabeceira:
"Casablanca", de Michael Curtiz, onde forma o par romântico por
excelência ao lado de Humphrey Bogart. A lembrança mais viva que todos temos
dela é a de pedir na sua voz quente e sensual, «Play it again, Sam. Play 'As Time Goes
By'». «We always have Casablanca ,
Ingrid».
FILMOGRAFIA:
1978 – Höstsonaten
/ Sonata de Outono (nomeação para o Oscar de
actriz principal)
1976 – A Matter of Time
1974 – Murder on the
Orient Express / Um Crime no Expresso do Oriente (Oscar
de actriz secundária)
1973 – From the Mixed-Up Files of Mrs. Basil E. Frankweiler / O Segredo
da Velha Senhora
1970 – A Walk in the Spring Rain / Chuva na Primavera
1969 – Cactus Flower / A
Flor do Cacto
1967 – Stimulantia (sketch)
1964 – The Yellow Rolls-Royce / O Rolls-Royce Amarelo
1964 – The Visit / A Visita
1961 - Aimez-vous Brahms? (Goodbye Again)
1958 - The Inn of the
Sixth Happiness / A Pousada da Sexta Felicidade
1958 - Indiscreet /
Indiscreto
1957 - Elena et les Hommes
/ Helena e os Homens
1956 - Anastasia (Oscar de actriz principal)
1954 - La Paura / O Medo
1954 - Giovanna d'Arco
al Rogo
1954 - Viaggio in Italia
/ Viagem em Itália
1953 - Siamo Donne
(sketch) / Nós, Mulheres
1951 - Europa 51
1950 - Stromboli
1949 - Under Capricorn /
Sob o Signo de Capricórnio
1948 - Joan of Arc /
Joana d'Arc (nomeação para o Oscar de actriz principal)
1948 - Arch of Triumph / Arco de Triunfo
1946 - Notorius / Difamação
1946 - Saratoga Trunk / Saratoga
1945 - Spellbound / A
Casa Encantada
1945 - The Bells of
Saint Mary's / Os Sinos de Santa Maria (nomeação para
o Oscar de actriz principal)
1944 - Gaslight /
Meia-Luz (Oscar de actriz principal)
1943 - For Whom the Bell
Tolls / Por Quem os Sinos Dobram (nomeação para
o Oscar de actriz principal)
1943 - Casablanca
1941 - Dr. Jekyll and
Mr. Hyde / O Médico e o Monstro
1941 - Adam Had Four
Sons / Os Quatro Filhos de Adão
1941 - A Rage in Heaven / Tempestade
1940 - Juminatten / Noite de Tentação
1939 - Intermezzo, A Love Story / Intermezzo
1938 - Die Vier Gesellen
1938 - Dollar / O Dólar
1938 - En Enda Natt
1938 - En Kvinnas Ansiktet
/ Um Rosto de Mulher
1936 - Intermezzo
1936 - Pa Solsidan /
Para o Destino
1935 -
Valborgsmässoafton / Noite de Primavera
1935 - Swedenbielms
1935 - Bränningar
1934 - Munkbrogreven
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