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sábado, junho 21, 2025

TRIANGLE (2009)


TRIÂNGULO DO MEDO
Um filme de Christopher Smith






Com Melissa George, Joshua McIvor, Jack Taylor, Michael Dorman, Henry Nixon, Rachael Carpani, Emma Lung, etc.

GB-AUSTRÁLIA / 99 min / 
16X9 (2.35:1)


Estreia na GB (Film 4 Frightfest) em 27/8/2009
Estreia nos EUA (Screamfest Film Festival) a 24/10/2009
Estreia em PORTUGAL (Motel Horror Film Festival) a 3/10/2010




Jess [to Tommy]: «Oh you're just having a bad dream, that's all baby. That's all it was. Bad dreams make you think you're seeing things that you haven't. You know what I do when I have a bad dream? I close my eyes and I think of something nice - like being here with you»

Jess (Melissa George), mãe solteira de uma criança autista, embarca com uns amigos num pequeno iate para gozarem um dia de Verão ao largo da Flórida. É uma solarenga manhã de sábado, mas a passeata em breve se irá tornar no pior dos pesadelos. Inexplicavelmente o vento deixa de se fazer sentir e pouco depois uma violenta tempestade irrompe do nada virando a pequena embarcação. Um dos seis velejadores desaparece no mar e os cinco sobreviventes ficam sentados em cima do casco, virado do avesso, à espera de uma eventual salvação. Salvação que chega pouco depois, na forma de um navio antigo, de nome Aeolus (o deus dos ventos na mitologia grega). Sobem aliviados pela escada lateral, mas rapidamente se vêm imersos numa grande inquietação, ao constatarem a inexistência de vivalma a bordo. Jess, em particular, é assolada por sensações contínuas de “déjà vu” ao percorrer os longos e desertos corredores (inspirados por certo em “The Shining” de Kubrick - e não são a única referência ao filme do mestre). Os acontecimentos precipitam-se e as mortes começam a suceder-se…

Christopher Smith, realizador inglês nascido em Bristol [1970], tinha assinado até agora apenas duas longas-metragens, ambas localizadas nos domínios do filme de horror: “Creep / O Túnel do Medo” [2004] e “Severance / Mutilados” [2006]. Este seu terceiro trabalho (onde, à semelhança dos antecessores, assina de igual modo o argumento) afasta-se um tanto ou quanto do género, constituindo-se antes num excitante thriller psicológico. Nunca exibido comercialmente em Portugal (apenas passou no Motel de 2010), “Triangle” (“Triângulo do Medo” no Brasil) é um daqueles filmes que, mal acabados de ver, nos dão de imediato uma grande vontade de os revermos logo de seguida. Estou a lembrar-me de “The Sixth Sense” [1999], “Memento” [2000], “Identity” [2003], “Shutter Island” [2010] ou "Source Code" [2011], por exemplo. Tudo filmes que apenas no seu términus nos dão "a chave do enigma". Como acontece neste também.

É difícil falar de “Triangle” sem caír de imediato nos chamados spoilers. Mas pode-se falar num filme circular, vicioso, onde a sensação de “déjà vu” é levada a extremos inusitados e onde o suspense se relaciona directamente com situações vividas em moto-contínuo (perpetuum mobile, em latim), mas sempre de modos e perspectivas diferentes. Jess é o centro à volta do qual tudo gira, mas um centro mutável, em constante disseminação. No final a maioria das peças do puzzle encaixam na perfeição (daí a necessidade já referida de uma segunda visão), mas felizmente nem tudo tem uma explicação óbvia, ficando muita coisa entregue à interpretação de cada espectador. E isso apesar de Christopher Smith ter construído o seu filme de um modo extremamente sólido e coerente.

É inútil, portanto, tentar racionalizar-se este filme que, de certo modo, poderá ser visto como uma metáfora sobre a punição. Segundo o próprio realizador, “Triangle” é uma espécie de pesadelo que só a heroína, Jess, pode compreender. Certo, podemos não ter direito à plenitude dessa compreensão, mas isso não impede que possamos usufruir do prazer que é assistirmos a este pedaço de cinema. Um filme diferente, original, inteligentemente escrito e habilmente realizado, com uma fotografia luminosa, interpretado por uma magnífica (e convincente) Melissa George (a actriz australiana de “The Amityville Horror” [2005], “30 Days of Night” [2007] ou “The Betrayed” [2008]) e pautado por uma banda-sonora envolvente, lembrando por vezes a colaboração Hitchcock-Hermann, que tantos frutos deu no passado. Será preciso acrescentar mais alguma coisa para irem a correr fazer o download do filme?


quinta-feira, junho 28, 2012

30 DAYS OF NIGHT (2007)

30 DIAS DE ESCURIDÃO
Um filme de DAVID SLADE


Com John Hartnett, Melissa George, Danny Huston, Ben Foster, Mark Boone Junior, Mark Rendall, Amber Sainsbury, etc.

EUA-NOVA ZELÂNDIA / 113 min / 
COR / 16X9 (2.35:1)

Estreia nos EUA a 19/10/2007
Estreia em PORTUGAL a 8/11/2007
Estreia no BRASIL a 7/12/2007


The Stranger: «Mr. and Mrs. Sheriff. So sweet.
So helpless against what is coming»

A história original de “30 Days of Night” foi escrita por Steve Niles com o intuito dela extrair posteriormente um argumento para o cinema. No entanto, nunca a conseguiu vender; e após anos de rejeição por parte de diversos estúdios, Niles resolveu transformá-la num comic book, com a comparticipação do desenhador Ben Templesmith. Curiosamente, um dos estúdios que lhe tinha dado nega, interessou-se pelo novo formato e em breve o projecto chegou aos ouvidos de Sam Raimi, que viria a produzir o filme (apesar de numa primeira fase ter pensado realizá-lo ele próprio). Filmado em 70 dias, na Nova Zelândia, “30 Days of Night”, com argumento do mesmo Steve Niles (em colaboração com Stuart Beattie e Brian Nelson) e direcção de David Slade, parte de uma premissa bastante curiosa e um pouco atípica dos filmes de vampiros.

Encontramo-nos no Alaska dos nossos dias, no seio da pequena comunidade de Barrow, com pouco mais de 500 habitantes. Com a aproximação do solstício de inverno e, consequentemente, de um mês sem luz solar (algo bastante comum naquelas paragens), a maioria das pessoas começa a partir por não suportar viver 30 dias mergulhada em trevas. Alguns, contudo, ficam para trás, como o casal policial responsável pela segurança da vila, Eben e Stella Oleson (Josh Hartnett e Melissa George). Um estranho indivíduo (Ben Foster) aparece não se sabe de onde, prevendo um perigo iminente: a chegada "deles". Com o avançar da primeira noite alguns episódios anormais começam a acontecer, como o esventramento de todos os cães do coveiro local ou a decapitação do responsável pela torre de comunicações. Os acontecimentos precipitam-se e a verdade vem ao de cima: Barrow está a ser atacada por um bando de vampiros, sedentos de sangue, que pretendem dizimar tudo à sua volta.

“30 Days of Night” é um filme de terror claustrofóbico, eficaz e bem construído, mas ao qual faltou um pouco de imaginação para se assumir verdadeiramente original e dinamitar os limites do género. Muito influenciado pelo cinema de John Carpenter (“The Thing” e “Assault on Precint 13” vêem-nos constantemente à memória) o filme peca sobretudo por uma falta de lógica explanativa, bem como uma deficiente progressão do tempo de acção: não se entende muito bem qual a razão do ataque dos vampiros naquela precisa altura e o avanço dos dias não é uniforme (o que traria muito mais tensão ao desenrolar da história), antes se processa por saltos temporais desconexos. Mas apesar das suas incongruências, “30 Days of Night” consegue agarrar o espectador, sobretudo o fã do género, sempre em busca de emoções fortes.

Uma das componentes mais interessantes do filme é a caracterização original dos sugadores de sangue: são do piorio, feios, maus e sanguinolentos, e com uma linguagem de comunicação muito própria (criada expressamente para o filme por um professor de línguas da Universidade da Nova Zelândia), o que, aliada à eficaz maquilhagem, lhes confere uma imagem de ferocidade muito acima da média. Vai longe o tempo em que um vampiro cravava delicadamente os dentes no pescoço da sua vítima. Esta nova espécie não pretende apenas saciar a sede, devora literalmente as presas como se de uma orgia vampiresca se tratasse. Permanentemente tingidos pelo sangue das vítimas, olhos negros e inexpressivos, desfigurados por uma imensidade de dentes pontiagudos, este bando de horrendas criaturas da noite é, provavelmente, a razão mais forte do sucesso do filme (e da banda-desenhada que lhe deu origem).

John Hartnett impõe-se uma vez mais como um bom actor mas é Melissa George que se destaca pela sua presença, sensual e inspirada. Diz quem conhece a banda-desenhada (não é o meu caso) que a relação entre os dois personagens sofreu algumas alterações na transposição para o grande écran. Não posso estabelecer qualquer comparação, mas o filme apresenta-a de um modo credível, ajudando a criar um contraponto à ameaça generalizada. Essa relação, que volta a aproximar o casal até então desavindo, irá ser levada aos limites do sacrifício, numa inesquecível sequência final, que tem dividido a crítica (eu, sinceramente, gostei, achei-a bem adequada ao fim do pesadelo). De referir ainda a prestação particularmente carismática de Danny Huston como líder do bando de vampiros, que ficará sem dúvida como uma referência cimeira do género. “30 Days of Night”, apesar de ser um filme cuja temporalidade desmente o seu título (o aspecto cronológico já acima referido, que nos impede de acreditar que toda a acção se passa em trinta dias) aposta claramente num clima forte de tensão, por vezes arrepiante, que por certo fará as delícias de todos os apaixonados pelo filme de terror, e o de vampiros em particular.