quinta-feira, setembro 09, 2010

THE SILENCE OF THE LAMBS (1991)

O SILÊNCIO DOS INOCENTES
***


Um filme de JONATHAN DEMME


Com Jodie Foster, Anthony Hopkins, Scott Glenn, Ted Levine, Brooke Smith


EUA / 118 min / COR / 16X9 (1.85:1)



 
Estreia nos EUA a 30/1/1991 (New York)
Estreia em Portugal a 6/9/1991


Jack Crawford: “Believe me, you don't want Hannibal Lecter inside your head”

Toda a oscarização com que “The Silence of the Lambs” foi engalanado em 30 de Março de 1992 pela Academia de Hollywood, não constituiu armadura suficiente para que o filme ficasse imune à corrosão inexorável desse implacável juiz que é o tempo. Com efeito, o passar dos anos foi delapidando grande parte do impacto que “The Silence of the Lambs” efectivamente tinha quando da sua estreia. Nessa altura o filme apresentava-se originalmente diferente de tudo quanto se conhecia: era simultâneamente um thriller e um crime-movie, mas com muita psicologia e algum terror à mistura.
 
Da novidade ao modelo foi um pequeno passo e a partir daí foi raro o filme do género que no mínimo não lhe fizesse alusão. De tal maneira que o cansaço acabou por vulgarizar uma obra que hoje em dia só poderá ser encarada como um bom exercício de suspense e pouco mais. Até a imagem de Hannibal Lecter (Anthony Hopkins), outrora tão aterradora, acabou por se tornar numa simples caricatura, tantas foram as vezes que aquela máscara foi satirizada.
Thomas Harris, o autor do livro onde o argumento se baseou, inspirou-se em três serial-killers da vida real para compor a personagem de Buffalo Bill (Ted Levine): Ed Gein, que assassinava mulheres para se apoderar da pele dos seus corpos; Ted Bundy que raptava as vítimas na sua carrinha; e Gary Heidnick que mantinha as suas prisioneiras num poço da cave onde habitava. No entanto, em “The Silence of the Lambs”, não é o serial-killer a personagem maléfica central mas sim a do Dr. Hannibal Lecter.
Nas duas horas que o filme dura, Anthony Hopkins está presente em apenas cerca de 20 minutos, o que representa um recorde em termos de tempo mínimo de actuação premiado com o Oscar de Actor Principal.. Mas esses vinte minutos são o suficiente para que o grande actor inglês tornasse “The Silence of the Lambs” indissociável da sua lendária actuação. Com uma voz que o próprio actor descreveu como uma combinação das vozes de Truman Capote e Katharine Hepburn, Hopkins conseguiu transformar as suas frases, maioritariamente proferidas num tom baixo mas incisivo, em momentos inquietantes de verdadeiro terror. Hopkins viria a recriar a personagem de Lecter em mais dois filmes: “Hannibal”, de Ridley Scott (2001) e “Red Dragon”, de Brett Ratner (2002).
Jody Foster, apesar de pessoalmente a considerar por vezes uma actriz algo irritante, tem aqui um desempenho bastante convincente, sendo os seus diálogos com Lecter um dos principais leitmotiv do filme. O relacionamento entre ambos é feito através de um discurso racional e lógico (encenado com grande mestria por Tak Fujimoto, o director de fotografia), no qual sobressai uma intensa mistura de sentimentos entre os dois protagonistas e onde uma certa atracção mútua de amor-ódio se encontra subjacente (“People will say we are in love”, chega-lhe a dizer Lecter).
Tal como comecei por dizer, “The Silence of the Lambs” foi progressivamente perdendo parte da frescura inicial; mas, mesmo assim, conserva ainda uma certa atmosfera de inquietudes que continua a seduzir grande parte do público.
CURIOSIDADES:

- Depois de “It Happened One Night” (1934) e “One Flew Over the Cuckoo’s Nest” (1975), “The Silence of the Lambs” foi o terceiro filme na história da Academia a ganhar os 5 principais Oscars: Filme, Realizador, Argumento, Actor e Actriz Principal

- Os actores John Hurt, Louis Gossett Jr., Robert Duvall, Jack Nicholson e Robert De Niro foram todos considerados para o papel de Hannibal Lecter. E Michael Keaton, Mickey Rourke e Kenneth Branagh para a personagem de Jack Crawford.

- O papel de Clarice Starling foi oferecido de início a Michelle Pfeiffer e depois a Meg Ryan.

4 comentários:

Roberto Simões disse...

Será mesmo, porventura, um filme que envelheceu. Não o vi aquando da estreia, vi-o há uns quantos anos e realmente não percebi as razões para que ingressasse nas listas de preferidos de tanta gente. Hopkins tem uma interpretação memorável, ok. Mas, na minha modesta opinião, pouco mais tem o filme de extraordinário.

Se se tornou um modelo? Evidentemente. SETE PECADOS MORTAIS ou A CELA serão os casos mais flagrantes, filmes excepcionais que se inspiraram claramente na fita de Demme, ainda que - cada um - atribuindo-lhe um cunho próprio. Talvez o que se fez depois e que vi primeiro me tivesse estragado a surpresa daquilo que constituiria a experiência de assistir a O SILÊNCIO DOS INOCENTES. Mas enfim, isso só comprova que o filme não é tão sublime quanto isso, artisticamente falando.

4/5

Cumps.
Roberto Simões
» CINEROAD - Há 2 Anos na Estrada do Cinema «

JC disse...

Assino por baixo o comentário anterior.

Karocha disse...

Eu também JC.

José Luís disse...

Isso de um filme envelhecer é muitíssimo subjectivo; eu vi-o há pouco tempo e não achei nada velho.