Um filme de MIKE NICHOLS
Com Dustin Hoffman, Anne Bancroft, Katharine Ross, William Daniels, Murray Hamilton, Elizabeth Wilson, Buck Henry, Norman Fell
EUA / 105 min / COR /
16 X 9 (2.35:1)
Estreia nos EUA: 22/12/1967
(New York)
Benjamin: "For god's sake, Mrs. Robinson. Here we are. You got me into your house. You give me a drink. You... put on music. Now you start opening up your personal life to me and tell me your husband won't be home for hours"
Mrs. Robinson: "So?"
Benjamin: "Mrs. Robinson, you're trying to seduce me"
Mrs. Robinson: [laughs] "Huh?"
Benjamin: "Aren't you?"
Segunda longa-metragem de Mike Nichols (a estreia ocorrera no ano anterior com "Who's Afraid of Virginia Wolf? / Quem Tem Medo de Virginia Wolf?"), este pequeno filme de modesto orçamento, estreado nos EUA poucos dias antes do Natal de 67, viria a tornar-se um campeão de bilheteiras em todo o mundo durante o ano de 1968. Vários factos contribuiram para tal sucesso. Em primeiro lugar a época em que o filme apareceu: estava-se no final dos anos 60, a contestação estudantil pairava no ar (Maio de 68 estava mesmo ali, à esquina) e o filme, sem ser panfletário (não se fala do Vietname e dos hippies, da segregação racial ou dos direitos das mulheres, tudo temas tão em voga na altura), abordava na sua essência todo um conflito de gerações.
Benjamin Braddock, recém formado, regressa a casa um pouco mais do que preocupado com o seu futuro. À sua espera encontra-se um modo de vida estereotipado, simbolizado no sucesso económico dos pais e dos amigos. E o seu destino está já traçado, não parecendo haver fuga possível, mesmo que ele se refugie no fundo da piscina do jardim. Toda a primeira parte do filme trata de cedência; cedência a um mundo de facilidades, de convenções. Mesmo a relação com mrs. Robinson é uma relação de cedência: ao sexo fácil, à monotonia, ao deixar andar. Depois aparece Elaine e tudo muda. A cena na cozinha onde Ben comunica aos pais a sua decisão é paradigmática. Contra tudo e contra todos (até contra a própria Elaine), Ben resolve partir em busca de algo mais, que espera conseguir com a ajuda da única pessoa junto à qual se sente bem. Ao fim e ao cabo, é o passo para diante, na direcção dos sonhos e das aspirações que existem em cada um de nós. É por isso que a cena citada da cozinha é tão importante, mesmo fundamental para o sucesso do filme; ela marca o ponto de viragem, do não retorno.
Anne Bancroft (na realidade apenas 6 anos mais velha do que Dustin, embora no filme a diferença seja propositada e substancialmente mais acentuada), já com uma carreira premiada de 15 anos (vencedora do Oscar de Actriz Principal em 1963 por "The Miracle Worker / O Milagre de Ann Sullivan" e nomeada na mesma categoria em 1965 por "The Pumpkin Eater") consegue transmitir-nos sobretudo a tristeza do personagem, para além do carácter manipulativo e sem escrúpulos do mesmo. Também nomeada, viria de igual modo a perder para Katharine Hepburn (no filme "Guess Who's Coming to Dinner / Adivinha Quem Vem Jantar").
Aos 36 anos Mike Nichols abraçava um projecto muito mais pessoal do que o seu primeiro filme, conferindo-lhe uma série de inovações técnicas e de estilo (com a preciosa ajuda do consagrado fotógrafo Robert Surtees, responsável por filmes como "Quo Vadis?", "Mogambo" ou "Ben-Hur") que ainda hoje, passados 50 anos, continuam a mostrar a razão pela qual "The Graduate" foi um filme visualmente tão diferente na sua época (tendo influenciado, pela sua abordagem cinemática, dezenas de fotógrafos e realizadores) e que com o passar do tempo atingiu o estatuto de clássico absoluto.
Finalmente, é de destacar ainda um dos motivos pelo qual "The Graduate" é famoso: as canções de Paul Simon, interpretadas por Simon & Garfunkel. "The Sounds of Silence", "April Come She Will", "Scarborough Fair / Canticle" ou "Mrs. Robinson" (a única escrita de propósito para o filme e mesmo assim parcialmente, já que a versão completa só foi editada em single após a estreia e o subsequente êxito do filme) são usadas como contraponto da acção, sendo a primeira vez que um filme tinha como suporte musical um conjunto de temas pop. Era um sinal bem claro de como Nichols entendia o espírito dos tempos, entendimento esse que iria fazer de "The Graduate" um marco na história do Cinema.
- Em 2007 o American Film Institute classificou "The Graduate" em 17º lugar na tabela dos melhores filmes de todos os tempos.
CURIOSIDADES:
- Na primeira cena passada no quarto de hotel, não estava previsto no roteiro que Benjamin colocasse a mão sobre um dos seios de Mrs. Robinson. Tratou-se de uma improvisação de Dustin Hoffman que de imediato originou um coro de gargalhadas no plateau. O próprio actor não se conteve e para evitar o riso deu meia volta e foi bater com a cabeça na parede. Toda a sequência ficou de tal maneira hilariante que Mike Nichols a aproveitou integralmente na montagem final.
- A famosa perna de Mrs. Robinson que aparece no cartaz do filme e que constitui uma das imagens mais famosas em termos publicitários, não pertence na realidade a Anne Bancroft, mas sim a Linda Gray, modelo na altura e que mais tarde viria a interpretar a personagem de Mrs. Robinson numa versão musical em Londres.
- Jeanne Moreau, Judy Garland, Susan Hayward e Ava Gardner foram algumas das actrizes que chegaram a ser equacionadas para o papel de Mrs. Robinson. E Ronald Reagan para o papel de Mr. Braddock.
- O carro que Dustin Hoffman conduz é um Alfa Romeo Spider 1600, modelo de 1966.
LOBBY CARDS:
BANDA-SONORA ORIGINAL:
E aqui fica o link directo para o comentário que Sérgio Vaz
fez sobre o filme no seu blogue "50 Anos de Filmes"
3 comentários:
Filme eterno! Já perdi a conta das vezes que o vi.
Um grande filme. Já o vi inúmeras vezes. A atuação de Bancroft neste filme é superior a de Kate Hepburn em ADIVINHE QUEM VEM PARA JANTAR.
O Falcão Maltês
Completamente de acordo, Nahud. Aliás,a Katherine Hepburn nunca foi actriz das minhas preferências, sempre a conotei com o "over-acting"
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