quinta-feira, julho 02, 2015

CASABLANCA (1942)

CASABLANCA

Um filme de MICHAEL CURTIZ


Com Humphrey Bogart, Ingrid Bergman, Paul Henreid, Claude Rains


EUA / 102 min / PB / 4X3 (1.37:1)


Estreia em New York a 26/11/1942
Estreia em Portugal a 17/5/1945

Ilsa Lund: "You're saying this only to make me go"
Rick Blaine: "I'm saying it because it's true. Inside of us, we both know you belong with Victor. You're part of his work, the thing that keeps him going. If that plane leaves the ground and you're not with him, you'll regret it. Maybe not today. Maybe not tomorrow, but soon and for the rest of your life"
Ilsa Lund: "But what about us?"
Rick Blaine: "We'll always have Paris. We didn't have, we, we lost it until you came to Casablanca. We got it back last night"
Ilsa Lund: "When I said I would never leave you"
Rick Blaine: "And you never will. But I've got a job to do, too. Where I'm going, you can't follow. What I've got to do, you can't be any part of. Ilsa, I'm no good at being noble, but it doesn't take much to see that the problems of three little people don't amount to a hill of beans in this crazy world. Someday you'll understand that. Now, now... Here's looking at you kid"

Há sempre outros que vêm à cabeça quando se fala no melhor filme de sempre. Há sempre outros maiores, mais grandiosos. Há sempre outros mais profundos. Há sempre outros mais belos. Mas, se procurarmos no fundo da alma colectiva, onde se mantém a doce memória do toque inefável de uma obra-prima, sabemos invariavelmente qual é "O Filme". Não há outro filme rodeado por semelhante aura e que demonstre a todo o momento ter vida própria e tamanha capacidade de sobrevivência: ultrapassou o culto a Humphrey Bogart; sobreviveu às ondas revivalistas; enxovalhou os que tiveram o desplante de o colorir; salta de geração em geração com a vitalidade de uma obra que, mais cedo ou mais tarde, acaba por ser o filme preferido de quase toda a gente (ou, pelo menos, aquele que de imediato nos salta para a ponta da língua).

Poucos são, ainda, os que não desejaram ver o filme uma e outra vez, ou os que não transbordam de nostalgia quando ouvem Dooley Wilson cantar «As Time Goes By». O interesse extraordinário e duradouro despertado por "Casablanca" resulta provavelmente da conjugação perfeita de vários elementos que associamos aos melhores filmes da Idade de Ouro de Hollywood: personagens intensos que participam naquilo que é essencialmente uma história de amor; um local exótico; actores secundários de primeira categoria; incidentes melodramáticos; um diálogo vivo, humorístico e cínico; interlúdios sentimentais; e a restauração do idealismo e da dedicação heróica a uma causa pelo personagem representado por Humphrey Bogart.
"Casablanca" começou a ser filmado a 25 de Maio de 1942 sem o guião estar terminado. Todo o filme foi feito nos estúdios da Warner em Burbank, com excepção duma curta sequência sobre a chegada do Major Strasser ao aeroporto de Casablanca. Esta cena foi filmada no velho Metropolitan Airport em Van Nuys. A 17 de Julho, quando a companhia filmava a cena de clímax do aeroporto no palco 1 do estúdio, Al Alleborn, director da unidade, escreveu no seu relatório: «Durante o dia, a companhia sofreu vários atrasos provocados pelas discussões entre Curtiz e Bogart. Tive que ir chamar Wallis e trazê-lo à cena para resolver a situação... Também houve inúmeros atrasos devido ao facto de os actores não conhecerem os diálogos, que correspondiam a uma cena escrita de novo na noite anterior».


Após 59 dias de filmagens (mais 11 do que inicialmente previsto), a rodagem foi concluída a 3 de Agosto, e Owen Marks terminou a montagem do filme pouco tempo depois. Max Steiner tinha sido incumbido de compor a música. Após ter visto o filme, Steiner não gostou da ideia de voltar a utilizar o tema "As Time Goes By", escrito por Herman Hupfeld e interpretado originalmente por Frances Williams numa revista da Broadway em 1931 chamada "Everybody's Welcome". A música não lhe agradava e por isso preferia compor uma melodia original que se adequasse à relação entre Rick e Ilsa. Mas tal alteração obrigaria a que algumas cenas tivessem de ser filmadas outra vez, por se referirem especificamente à canção. Mas Ingrid Bergman tinha já cortado o cabelo muito curto (para o papel de Maria em "From Whom The Bell Tolls" que entretanto lhe tinha sido atribuído) e por isso estava fora de questão filmar de novo. Steiner foi assim obrigado, contra a sua própria vontade, a utilizar o agora célebre tema.

"Casablanca" custou cerca de 950 mil dólares. Não foi um filme barato, mas não foi de forma alguma um filme extremamente caro para a época. O lançamento fora anunciado para Junho de 1943 mas no início de Novembro de 1942 os Aliados desembarcaram no Norte de África, em Casablanca. De imediato, os responsáveis da Warner em Nova Iorque procuraram saber de Jack L. Warner, que se encontrava nos estúdios, se o filme terminado poderia de alguma forma ser modificado de maneira a tirar partido daquele acontecimento tão auspicioso. A 11 de Novembro, Wallis enviou um memorando a Tenny Wright, responsável pela produção, relativamente a uma cena proposta para o epílogo, com a participação de Claude Rains e Humphrey Bogart, e cerca de 50 ou 60 extras. No dia seguinte teve uma resposta de Jack Warner: «É impossível mudar este filme e continuar a fazer sentido com a história que contámos originalmente. Fizemos uma ante-estreia ontem à noite e a reacção do público foi incrível. Desde que surgiu o título até ao fim houve aplausos e expectativa... Se o filme fosse mexido agora tornar-se-ia numa obra remendada». 

Depois de decidir não filmar o novo final, a Warner Brothers fez imediatamente planos para estrear o filme em Nova Iorque no dia de Acção de Graças, apenas 18 dias depois dos desembarques. A data de lançamento geral, 23 de Janeiro de 1943, coincidiu com as conferências realizadas entre o Presidente Roosevelt e o Primeiro-Ministro Churchill em Casablanca, o que ajudou ao êxito do filme, que viria a ser distinguido pela Academia com 3 Oscares: realização, argumento e melhor filme do ano. Humphrey Bogart (actor principal), Claude Rains (actor secundário), Arthur Edeson (fotografia), Owen Marks (montagem) e Max Steiner (banda sonora), ficar-se-iam pelas nomeações.

LOBBY CARDS:
VER VIDEO AQUI - "AS TIME GOES BY"
Edição especial em CD da banda sonora de "Casablanca":

3 comentários:

gin-tonic disse...

As vezes que me perguntei, sem nada declarar, o quanto seria importante, a par da música, e dados os exemplos avulsos que o rato records foi apresentando, o quanto seria interessante, e útil, um blogue, à parte, de cinema.
Já está.
Cliente assiduo me comfesso!
Um abraço

Rato disse...

Caro Hugo
Não te quero como simples cliente, mesmo que assíduo. Os teus escritos são belos demais para ficarem na sombra. Participa! Já!

Roberto Simões disse...

Não creio, de todo, que seja o melhor filme de sempre, mas é um muito bom filme. Muito fluido, com tudo no sítio.

Vou passar a seguir este blogue, gostei bastante dos textos. Parabéns.

Cumps.
Roberto Simões
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