A HISTÓRIA DE UMA FREIRA
Um filme de FRED ZINNEMANN
Com Audrey Hepburn, Peter Finch, Edith Evans, Peggy Ashcroft, Dean Jagger
EUA / 149 min / COR /
16X9 (1.85:1)
16X9 (1.85:1)
Estreia nos EUA a 18/6/1959
(New York)
(New York)
Sister Luke: “You can cheat your sisters,
but you cannot cheat yourself or God”
but you cannot cheat yourself or God”
Esta é a história de Gabrielle Van Der Mal (Audrey Hepburn), a filha mais velha de um reputado cirurgião belga (Dean Jagger) que nos anos anteriores à eclosão da Primeira Guerra Mundial dá entrada num convento para se tornar uma freira. Inteligente, herdando as aptidões paternas para o exercício da medicina, a Irmã Luke, como passa a ser conhecida, tem dificuldades em se adaptar às rigorosas regras impostas às noviças enclausuradas, nomeadamente no que concerne a obediência cega e inquestionável das ordens recebidas das suas superiores.
Os seus estudos de medicina tropical irão levá-la como missionária ao Congo Belga, onde contrai o vírus da tuberculose. O longo período de tratamento, bem como as aptidões reveladas como assistente do Dr. Fortunati (Peter Finch) vão adensar a luta interior da jovem freira entre a carreira profissional e a vida religiosa. Pouco tempo depois do regresso à terra natal eclode a Grande Guerra e durante a ocupação da Bélgica o seu pai é assassinado pelos nazis. A Incapacidade de encontrar dentro de si o perdão para os algozes paternos, é a gota d’água que a faz renunciar aos votos e abandonar para sempre os interiores do convento, iniciando uma nova vida, quem sabe se como uma ajuda mais na resistência aos invasores do seu País.
Depois de adquirir os direitos do livro de Kathryn Hulme (que baseou a sua personagem numa freira verdadeira, Marie-Louise Habets), Fred Zinnemann apercebeu-se de que em Hollywood não havia nenhum interesse naquele projecto. Tudo se alterou após Audrey Hepburn ter manifestado o desejo de desempenhar o papel principal – estalou de imediato uma guerra entre as mais conhecidas produtoras e da qual a Waner Brothers sairia vencedora. A razão de tal disputa revelar-se-ia bem fundamentada, uma vez que o filme se tornou um dos maiores sucessos de 1959, quer a nível do público quer a nível financeiro. Anos mais tarde a própria Hepburn classificá-lo-ia como o seu filme de eleição entre toda a sua filmografia.
Na realidade Audrey Hepburn tem aqui uma das melhores interpretações da sua maravilhosa carreira e nunca esteve tão bela como neste filme. Em grande parte devido à fabulosa cinematografia de Franz Planer, um mestre das sombras e da cor, que consegue neste filme um dos seus trabalhos mais perfeitos; mas a segura direcção de actores de Zinnemann também não será alheia ao sucesso de “The Nun’s Story”, um filme que estranhamente não divide os espectadores segundo qualquer dicotomia assente em crenças religiosas. Pode-se gostar ou não do filme por diversas razões, mas nunca por causa da religião (ou falta dela) de cada um.
A vida e os rituais do interior de um convento nunca foram mostrados com o detalhe presente neste filme. Tenha-se ou não interesse por todos aqueles procedimentos austeros e mesmo desumanos, a verdade é que o conflito espiritual existente na irmã Luke (e extensivamente em todas as pessoas que procuram aquele tipo de fé e devoção) é-nos transmitido de um modo muito realista, dado o pormenor com que a realização de Zinnemann nos vai conduzindo ao longo de todos aqueles claustros e corredores.
Este filme estava como que esquecido, relegado para segundo ou terceiro plano na memória dos cinéfilos. Por isso se saúda a sua recente edição em DVD. Não é uma obra-prima do cinema, nem sequer de um grande filme se trata. Mas é agradável revê-lo 50 anos depois e sobretudo admirar o desempenho dos actores, onde evidentemente sobressai a luminosidade de Audrey Hepburn uma das poucas actrizes (só me lembro de momento de mais uma, a minha adorada Marilyn) que despertava verdadeiro fascínio em qualquer câmara que a filmasse.
CURIOSIDADES:
- Elementos do corpo de ballet da Opera de Roma foram contratados para entrarem nas sequências – verdadeiras coreografias - rodadas dentro do convento
- O papel da irmã Luke foi oferecido a Ingrid Bergman, mas a actriz afirmou considerar-se velha para desempenhar tal papel, sugerindo o nome de Audrey Hepburn para o mesmo
- As cenas que de certo modo induzem a uma tensão sexual entre o médico do hospital, Dr. Fortunati e a irmã Luke, estão completamente ausentes na novela
- Durante a preparação da personagem da irmã Luke, Audrey Hepburn conheceu a verdadeira ex-freira Marie-Louise Habets de quem se tornou amiga
- O filme foi rodado em Roma, Bruges, Stanleyville e numa colónia de leprosos no Congo Belga
- Fred Zinnemann teve de se opôr energicamente a Jack Warner que pretendia introduzir um fundo musical na última cena, em que Audrey Hepburn troca meticulosamente o hábito de freira por roupas civis, abre a porta da cela e se encaminha lentamente para a saída do convento. Felizmente que levou a sua avante, conseguindo uma das melhores cenas de todo o filme, devido exactamente ao despojamento com que foi rodada.
- O filme foi nomeado para 8 Oscars, mas não conseguiu vencer em qualquer categoria. Lembre-se que tinha um concorrente de peso, o histórico “Ben-Hur”, que arrebatou nesse ano um total de 11 Oscars. O Oscar da melhor actriz foi para Simone Signoret em “Room at the Top”, mas Audrey Hepburn viria a ganhar o BAFTA inglês para essa mesma categoria, bem como o prémio da Associação de Críticos de Nova Iorque e do Festival Internacional de San Sebastian.
4 comentários:
Nunca vi mas fiquei com curiosidade, sobretudo por causa da Audrey, uma das minhas actrizes favoritas de sempre
Nunca achei qualquer graça a Auderey Hepburn, mas o defeito é com certeza meu!
Audrey.
Gosto muito de "Férias em Roma" e "Sabrina"
Vi este filme há uns 20 anos na RTP. É um filme engraçado, mas fiquei com a ideia seria apenas mediano
Enviar um comentário