Um Filme de DREW GODDARD
Com Kristen Connolly, Chris Hemsworth, Anna Hutchison, Richard Jenkins, Sigourney Weaver, etc.
EUA / 95 min / COR / 16X9 (2.35:1)
Estreia nos EUA a 9/3/2012
(South by Southwest Film Festival)
Estreia em PORTUGAL a 15/8/2012
Ontem
à noite, farto de tanto debate político, apeteceu-me ver um qualquer filme
inconsequente, daqueles que entretêm durante duas horas mas que depois vão
rapidamente para o baú do esquecimento. Ainda estive para me levantar do sofá e
ir buscar um DVD que se adequasse ao meu estado de espírito na altura. Mas
reparei que num dos canais de cinema estava a começar um filme de terror que
nunca tinha visto, chamado "The Cabin in the Woods / A Casa na
Floresta". Como sou fã do género, deixei-me ficar. Depressa constatei que
esse meu acto de preguiça me iria custar caro. Até que não estava nos dias mais
exigentes, um filmezinho normal, mesmo cheio de clichés, seria bem-vindo. Mas aquilo que se anunciava como a clássica
casa isolada, mais ou menos assombrada, que vai dizimando as visitas indesejáveis (como "Cabin Fever", uma das melhores referências desse tipo de filmes),
começou a seguir por diferentes e tortuosos caminhos, combinando um voyeurismo laboratorial com a execução
programada de uma qualquer carnificina. Com direito a apostas e tudo.
Confesso
que sou completamente alérgico à Teresa Guilherme e à sua "Casa dos
Segredos". E não se trata de uma mera alergia psicológica, chega mesmo a
incomodar-me fisicamente. Mesmo em zapping
acelerado, quando tenho a má sorte de por lá passar, parece que o comando
perdeu de repente velocidade, tal a ânsia de mudar de canal rapidamente. Este
"The Cabin in the Woods" é algo assim, directamente inspirado em um
qualquer reality-show acéfalo de que o
meio televisivo usa e abusa em todo o lado. Por entre uma fotografia que oscila
entre o branco inodoro do laboratório, onde os técnicos controlam as cobaias
que lhes caíram nas mãos, e o negrume mais baço da floresta, onde não se consegue
ver a ponta de um corno, o filme vai
evoluindo numa espiral de efeitos digitais, sempre gratuitos e muito mal
enjorcados, que no limite denotam uma falta angustiante de ideias.
Estamos no mundo delirante do vale-tudo, com um argumento sem pés nem cabeça, grotescamente filmado, e onde abundam sequências
abjectas, que roçam a pornografia imagética. Não sei se foi intenção dos
responsáveis por esta "coisa" o esforçarem-se por atingirem o grau
zero da qualidade em filme. Mas que o conseguiram, conseguiram, não tenho
qualquer dúvida sobre isso. Dizer que "The Cabin in the Woods" é o pior
filme de terror de sempre é dizer muito pouco e é ofender um género que mesmo
no seu pior consegue interessar os incondicionais fans do género, onde eu me
incluo. "The Cabin in the Woods" é um dos piores filmes de sempre, e
não me lembro, assim de repente, de qualquer outro título que com ele consiga
disputar tal ceptro. E por último, uma interrogação: o que é que actores como Richard Jenkins ou Sigourney Weaver andam por ali a fazer?
2 comentários:
Inteiramente de acordo. O que mais me espanta é haver críticos que encontraram qualidades neste filme miserável.
É mesmo, Zé Luís, o termo "miserável" é mesmo uma das palavras ideais para descrever este filme. Mas ao contrário do que escreves, já não me espanta nada ler certas coisas por aí. Acho que me fui habituando ao analfabetismo cinéfilo das novas gerações. Salvo algumas e honrosas excepções, é claro.
Abraço
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