Um filme de GREG MARCKS
Com Henry Thomas, Barbara Hershey, Clark Gregg, Hilary Swank, Shawn Hatosy, Patrick Swayze, Rachael Leigh Cook, Stark Sands, Colin Hanks, Ben Foster, etc.
EUA-CANADA / 85 min / COR / 16X9 (1.85:1)
Estreia no Festival de Cannes a 16/5/2003
Estreia nos EUA a 12/8/2005
(San Francisco)
Officer Hannagan: [talking to a medic]
“We got a human penis right there by the curb.
Somebody's gotta be looking for that”
Greg Marcks é um jovem realizador norte-americano de 34 anos, nascido em Massachusetts a 12 de Agosto de 1976. Depois de graduado pela Universidade de Carnegie Mellon e pelo Conservatório do Filme Estadual da Flórida, começou por escrever meia dúzia de argumentos, tendo o primeiro de todos despertado a atenção da actriz Hilary Swank, que resolveu dar-lhe uma ajuda e co-produzir um filme com origem nessa história, além de nele vir a participar como actriz. “Onze Horas e Catorze Minutos (11:14)” é como se chama a fita que marca portanto a estreia de Marcks na realização de uma longa-metragem.
A primeira exibição ocorreu no Festival de Cannes, a 16 de Maio de 2003, e a partir daí o filme começou a percorrer o circuito dos Festivais de Cinema: Filmfest (Munique e Hamburgo, na Alemanha), Toronto (Canadá), Deauville (França), Hollywood (Eua), Natfilm (Dinamarca), Amsterdam Fantastic (Holanda), entre outros, sempre com boas críticas e adquirindo rapidamente o status de cult film por excelência. A primeira estreia comercial ocorreria em Itália, a 20 de Agosto de 2004 e só um ano depois o público americano teria direito a vê-lo nas salas de cinema de San Francisco.
Mas afinal de que trata esta brilhante estreia de Greg Marcks? O título, “11:14”, diz respeito à hora exacta da noite em que um cadáver é atirado do cimo de um viaduto da cidade de Middleton, indo embater violentamente num automóvel que por coincidência passava por baixo. A partir deste insólito acidente vamos assistir a cinco histórias diferentes mas todas elas entre-cruzadas umas com as outras e convergindo para aquela hora fatídica. Todos os personagens destas histórias são bem representativos do americano médio que habitualmente povoa as pequenas e tranquilas cidades do interior dos Estados Unidos. Greg Marcks, então com 27 anos, soube dar consistência a esses personagens ao conseguir reunir um naipe de bons actores que de certo modo conferem a “11:14” uma credibilidade que dificilmente se encontra no primeiro trabalho de um perfeito desconhecido.
O filme é todo ele excelente, um magnífico divertimento onde o humor negro é rei e senhor, e onde as situações trágico-cómicas se sucedem a um ritmo sempre elevado que deixam o espectador na ânsia de descobrir todas as ligações existentes entre as cinco histórias e desse modo completar o puzzle final. Até na maneira exemplar como o filme está construído (em montagem paralela e incluindo flashbacks dentro de flashbacks) se nota a mão hábil de Marcks (e dos responsáveis pela montagem, Dan Lebental e Richard Nord), que leva a que se queira assistir de imediato uma segunda vez ao filme, para se poder constatar que tudo aquilo bate certo.
Conforme o próprio Greg Marcks já admitiu existe aqui uma clara influência do cinema de Tarantino e sobretudo dos irmãos Coen na abordagem amoral de um argumento recheado de situações mórbidas mas perspectivado a partir de um olhar bem divertido e onde não se nota a mais pequena réstea de pretensiosismo bacoco. Pelo contrário, o que nos salta à vista é o gozo que por certo Marcks terá usufruído ao escrever primeiro o argumento e ao realizar depois o seu filme. Numa época onde se vê para aí tanto candidato a “génio iluminado” é reconfortante saber que ainda existe espaço para alguém apenas se divertir a tentar divertir o público e não ter, pelo contrário, a nobre pretensão de revolucionar a Sétima Arte.
O filme percorre actualmente os canais de cinema da TV Cabo, pelo que será muito fácil darem com ele num qualquer destes dias. Mas se por acaso o quiserem comprar, também o encontram rapidamente na FNAC mais próxima e a um preço bem convidativo - 3,99 euros. Seja qual for a vossa opção o importante é não perderem a oportunidade de verem esta jóia rara e passarem uma hora e meia de puro prazer cinéfilo. Ah, e fazer figas que o segundo filme de Marcks – “Echelon Conspiracy” – do ano passado, não demore tanto tempo como este a chegar às salas de cinema.
1 comentário:
Sem dúvida uma agradável surpresa este filme. Um argumento sólido, original e muito interessante, que o autor não deixou por mãos alheias o trabalho de o converter num grande filme. Aleluia, que temos homem!
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