terça-feira, agosto 11, 2015

BURNT OFFERINGS (1976)

FÉRIAS MACABRAS
Um filme de DAN CURTIS



Com Oliver Reed, Karen Black, Bette Davis, Burgess Meredith, Eileen Eckart, Lee Montgomery, etc.

EUA-ITÁLIA / 116 min / COR / 
16X9 (1.85:1)

Estreia nos EUA: 25/8/1976
Estreia em PORTUGAL: 7/8/1979


Roz Allardyce: «The house takes care of itself»

«In the great tradition of classic haunted house chillers, Dan Curtis’ “Burnt Offerings” transforms Robert Marasco’s Gothic novel into the kind of movie that does for summer houses what “Jaws” did for a dip in the surf… Curtis times the audience’s immersions into the ice bath of terror with skill» (New York Times)


A originalidade do título deste clássico de terror dos anos 70 prolonga-se pelo próprio filme. Com efeito, apesar de assentar no estafado género da casa assombrada, “Burnt Offerings” é um filme pouco vulgar, muito bem filmado e interpretado (Oliver Reed, Karen Black e a sexagenária Bette Davis - com 68 anos nessa altura - têm um contributo essencial para o interesse que o filme desperta no público) e que, além do mais, influenciou um grande número de obras vindouras. Dirigido sóbria e eficazmente por Dan Curtis (um director oriundo da televisão, onde rodou a célebre série “Dark Shadows”, 1225 episódios (!) entre 1966 e 1971) e baseado no livro homónimo de Robert Marasco, publicado em 1973, “Burnt Offerings” recusa grande parte dos clichés do género, bem como o recurso à violência gráfica (tirando uma cena já na parte final do filme), tão comum neste tipo de obras. Pelo contrário, aposta no “terror psicológico”, conseguindo uma tensão e um suspense sempre em crescendo, até ao epílogo final.


Ben Rolf (Oliver Reed) e a sua mulher, Marian (Karen Black) decidem passar os meses de Verão numa magnífica mansão, situada no sossego do campo. A renda a pagar é uma boa surpresa para o casal – 900 dólares para todo o período de férias – uma pechincha difícil de recusar, apesar dos proprietários (dois irmãos algo sinistros) imporem uma estranha condição: a de partilharem a casa com a inválida mãe de 85 anos, que se encontra enferma e confinada ao seu quarto, situado no sótão. Mas tudo o que será preciso fazer é levar-lhe uma bandeja com comida três vezes ao dia. A bandeja deverá ser deixada do lado de fora do quarto, para não perturbar a velha senhora, que passa a maior parte do tempo a dormir. Nada portanto que apoquente Ben e Marian (esta última ficará com tal incumbência) e o casal, após uma rápida ponderação, decide mesmo alugar a casa para as férias. Quando regressam, em definitivo, a 1 de Julho, acompanhados do filho David (Lee Montgomery) e da tia de Ben, Elizabeth (Bette Davis), os irmãos, Roz e Arnold Allardyce (Eileen Eckart e Burgess Meredith) já não se encontram presentes, tendo deixado tão sómente um bilhete de boas vindas.


Pouco a pouco, os novos locatários vão começando a sentir perturbações estranhas, que os vão influenciando nos respectivos comportamentos. Ben começa a ter pesadelos com a morte da mãe, chegando a descontrolar-se enquanto toma banho na piscina com o filho (as iniciais brincadeiras entre pai e filho quase que atingem proporções trágicas); Marian desinteressa-se do sexo com o marido, começando a sentir uma atracção hipnótica, cada vez mais intensa, pela reclusa do sótão (que nunca se vê); a tia Elizabeth experimenta um estranho cansaço, que em pouco tempo a levará à cama e posteriormente à morte (cena forte e inesquecível, protagonizada por Bette Davis). Entretanto a mansão parece rejuvenescer, renovando-se quer nos seus materiais (as telhas do telhado), quer no espaço exterior (piscina e bosque), quer mesmo nas flores depositadas na estufa, cada vez mais frescas e resplandescentes. Ou seja, parece estarmos em presença de um “vampiro” que suga a energia dos seus hóspedes para se revitalizar...


Não vou aqui revelar o epílogo, se bem que o mesmo possa ser antecipado algum tempo antes, durante o visionamento. Mas, enredo à parte, com mais ou menos twist, o importante aqui destacar é a qualidade intrínseca de “Burnt Offerings”, que ganhou o prestigiado prémio Saturn Award, onde bateu um filme tão excelente como “Carrie”, de Brian DePalma. Arrecadaria também outros prémios, na Academy of Science Fiction, Fantasy & Horror Films nos EUA (melhor filme, director e actriz secundária, Bette Davis) e no Festival de Stiges (director, actriz principal, Karen Black, e actor secundário, Burgess Meredith). Também Stephen King, o incontestado mestre de obras de terror, considera este filme como um dos seus favoritos de sempre, admitindo que o mesmo teve o condão de o inspirar na escrita de diversas obras. Por tudo isto, e pelo mais que acima se escreveu, "Burnt Offerings" é um daqueles filmes de culto, que se recomenda sem hesitação aos aficcionados do terror e do suspense e mesmo ao público em geral.


POSTERS:
CURIOSIDADES:

- Quer o realizador, Dan Curtis (1927-2006) quer os intérpretes do filme, já faleceram todos: Bette Davis (1908-1989), Burgess Meredith (1907-1997), Oliver Reed (1938-1999), Eileen Heckart (1919-2001) e Karen Black (1939-2013). Execeptua-se o jovem actor Lee Montgomery, que fará 54 anos no próximo mês de Novembro.

- Dan Curtis leu a novela de Robert Marasco dois anos antes de lhe ter sido dada a oportunidade de o passar para o cinema, e não gostou nada, quer do princípio quer do fim do livro. Por isso, quando a ocasião chegou, suprimiu toda a sequência inicial (passada em Nova Iorque, onde Ben e Marian decidem procurar uma casa para o Verão) e alterou completamente o final (desconheço o original, uma vez que nunca li o livro).


- A mansão do filme foi usada mais tarde no filme “Phantasm” (1979)

- Os pesadelos / aparições que Ben testemunha durante várias vezes ao longo do filme sobre a morte da mãe (pontuada pela presença sinistra do condutor do carro funerário) são baseados numa experiência traumática da infância de Dan Curtis.

- O filme foi inteiramente rodado em 30 dias, no Verão de 1975, em cenários naturais.

- Karen Black estava grávida de 4 meses durante as filmagens, o que se chega a notar em algumas cenas, apesar do cuidado posto no guarda-roupa para dissimular tal facto.

1 comentário:

Anónimo disse...

Perturbador! ��