Um filme de DAN CURTIS
Com Oliver Reed, Karen Black, Bette Davis, Burgess Meredith, Eileen Eckart, Lee Montgomery, etc.
EUA-ITÁLIA / 116 min / COR /
16X9 (1.85:1)
16X9 (1.85:1)
Estreia nos EUA: 25/8/1976
Estreia em PORTUGAL: 7/8/1979
Roz Allardyce: «The house takes care of itself»
«In the great tradition of classic haunted house
chillers, Dan Curtis’ “Burnt Offerings” transforms Robert Marasco’s Gothic
novel into the kind of movie that does for summer houses what “Jaws” did for a
dip in the surf… Curtis times the audience’s immersions into the ice bath of
terror with skill» (New York Times)
A originalidade do
título deste clássico de terror dos anos 70 prolonga-se pelo próprio filme. Com
efeito, apesar de assentar no estafado género da casa assombrada, “Burnt
Offerings” é um filme pouco vulgar, muito bem filmado e interpretado (Oliver
Reed, Karen Black e a sexagenária Bette Davis - com 68 anos nessa altura - têm um contributo essencial para
o interesse que o filme desperta no público) e que, além do mais, influenciou
um grande número de obras vindouras. Dirigido sóbria e eficazmente por Dan
Curtis (um director oriundo da televisão, onde rodou a célebre série “Dark
Shadows”, 1225 episódios (!) entre 1966 e 1971) e baseado no livro homónimo de
Robert Marasco, publicado em 1973, “Burnt Offerings” recusa grande parte dos clichés do
género, bem como o recurso à violência gráfica (tirando uma cena já na parte
final do filme), tão comum neste tipo de obras. Pelo contrário, aposta no
“terror psicológico”, conseguindo uma tensão e um suspense sempre em crescendo,
até ao epílogo final.
Ben Rolf (Oliver
Reed) e a sua mulher, Marian (Karen Black) decidem passar os meses de Verão
numa magnífica mansão, situada no sossego do campo. A renda a pagar é uma boa
surpresa para o casal – 900 dólares para todo o período de férias – uma pechincha difícil de recusar, apesar dos
proprietários (dois irmãos algo sinistros) imporem uma estranha condição: a de
partilharem a casa com a inválida mãe de 85 anos, que se encontra enferma e
confinada ao seu quarto, situado no sótão. Mas tudo o que será preciso fazer é
levar-lhe uma bandeja com comida três vezes ao dia. A bandeja deverá ser
deixada do lado de fora do quarto, para não perturbar a velha senhora, que passa a maior parte do tempo a dormir. Nada portanto que apoquente Ben e
Marian (esta última ficará com tal incumbência) e o casal, após uma rápida ponderação, decide mesmo alugar a casa para as
férias. Quando regressam, em definitivo, a 1 de Julho, acompanhados do filho
David (Lee Montgomery) e da tia de Ben, Elizabeth (Bette Davis), os irmãos, Roz
e Arnold Allardyce (Eileen Eckart e Burgess Meredith) já não se encontram
presentes, tendo deixado tão sómente um bilhete de boas vindas.
Pouco a pouco, os
novos locatários vão começando a sentir perturbações estranhas, que os vão
influenciando nos respectivos comportamentos. Ben começa a ter pesadelos com a
morte da mãe, chegando a descontrolar-se enquanto toma banho na piscina com o
filho (as iniciais brincadeiras entre pai e filho quase que atingem proporções
trágicas); Marian desinteressa-se do sexo com o marido, começando a sentir uma
atracção hipnótica, cada vez mais intensa, pela reclusa do sótão (que nunca se
vê); a tia Elizabeth experimenta um estranho cansaço, que em pouco tempo a
levará à cama e posteriormente à morte (cena forte e inesquecível, protagonizada por Bette Davis). Entretanto a mansão parece rejuvenescer, renovando-se quer nos seus materiais (as telhas do telhado), quer no espaço exterior (piscina e bosque), quer mesmo nas flores
depositadas na estufa, cada vez mais frescas e resplandescentes. Ou seja,
parece estarmos em presença de um “vampiro” que suga a energia dos seus
hóspedes para se revitalizar...
Não vou aqui revelar
o epílogo, se bem que o mesmo possa ser antecipado algum tempo antes, durante o
visionamento. Mas, enredo à parte, com mais ou menos twist, o importante aqui destacar é a qualidade intrínseca de
“Burnt Offerings”, que ganhou o prestigiado prémio Saturn Award, onde bateu um filme tão excelente como “Carrie”, de
Brian DePalma. Arrecadaria também outros prémios, na Academy of Science
Fiction, Fantasy & Horror Films nos EUA (melhor filme, director e actriz
secundária, Bette Davis) e no Festival de Stiges (director, actriz principal,
Karen Black, e actor secundário, Burgess Meredith). Também Stephen King, o incontestado mestre de obras de terror, considera este filme como um dos seus
favoritos de sempre, admitindo que o mesmo teve o condão de o inspirar na escrita
de diversas obras. Por tudo isto, e pelo mais que acima se escreveu, "Burnt Offerings" é um daqueles filmes de culto, que se recomenda sem hesitação aos aficcionados do terror e do suspense e mesmo ao público em geral.
CURIOSIDADES:
- Quer o realizador,
Dan Curtis (1927-2006) quer os intérpretes do filme, já faleceram todos: Bette
Davis (1908-1989), Burgess Meredith (1907-1997), Oliver Reed (1938-1999),
Eileen Heckart (1919-2001) e Karen Black (1939-2013). Execeptua-se o jovem
actor Lee Montgomery, que fará 54 anos no próximo mês de Novembro.
- Dan Curtis leu a
novela de Robert Marasco dois anos antes de lhe ter sido dada a oportunidade de
o passar para o cinema, e não gostou nada, quer do princípio quer do fim do
livro. Por isso, quando a ocasião chegou, suprimiu toda a sequência inicial
(passada em Nova Iorque, onde Ben e Marian decidem procurar uma casa para o
Verão) e alterou completamente o final (desconheço o original, uma vez que nunca li o livro).
- A mansão do filme
foi usada mais tarde no filme “Phantasm” (1979)
- Os pesadelos /
aparições que Ben testemunha durante várias vezes ao longo do filme sobre a
morte da mãe (pontuada pela presença sinistra do condutor do carro funerário)
são baseados numa experiência traumática da infância de Dan Curtis.
- O filme foi
inteiramente rodado em 30 dias, no Verão de 1975, em cenários naturais.
- Karen Black estava
grávida de 4 meses durante as filmagens, o que se chega a notar em algumas
cenas, apesar do cuidado posto no guarda-roupa para dissimular tal facto.
1 comentário:
Perturbador! ��
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