Um Filme de RICCARDO FREDA (as ROBERT HAMPTON)
Com Barbara Steele, Robert Flemyng, Silvano Tranquilli (as Montgomery Glenn), Maria Teresa Vianello (as Teresa Fitzgerald), Harriet Medin (as Harriet White), etc.
ITÁLIA / 88 min / COR /
16X9 (1.85:1)
Estreia em Itália (Milão), a 23/8/1962
Estreia na GB em 1963
Estreia nos EUA a 2/12/1964
Estamos em Londres, no ano de 1885, e o Professor Bernard Hichcock (Robert Flemyng) é um famoso cirurgião que divide o seu tempo entre um Hospital Universitário (onde dirige eficazmente uma equipa de médicos) e a sua majestosa mansão, onde a esposa, Margaretha (Maria Teresa Vianello), costuma receber a alta sociedade londrina, entretendo-a com os seus dotes musicais. Mas, na intimidade, Margaretha satisfaz os caprichos do marido, o qual, através da administração de um poderoso anestético, a coloca em estado de sono profundo para assim poder satisfazer os seus apetites sexuais. Estamos, obviamente, diante de um tema que desde sempre foi um tema-tabu no mundo do cinema: a necrofilia. Mas um dia as coisas não correm como de costume, e uma overdose do tal anestético leva Margaretha à morte. Depois do funeral (uma sequência à chuva muito elogiada, que levou o crítico Raymond Durgnat a escrever «quanto eficaz uma boa iluminação pode ser, capaz de dar a um filme de terror uma poesia visual única no cinema.»), Hichcock abandona Londres, deixando a mansão entregue à governanta, Martha (Harriet Medin).
Alguns anos mais tarde o Professor regressa em companhia de uma nova esposa, Cynthia (Barbara Steele), pronto a iniciar uma nova vida. Mas as coisas não correm como o desejado, quer no Hospital (onde os seus antigos dotes cirúrgicos parecem encontrar-se em declínio) quer sobretudo em casa, onde os fantasmas do passado se começam a sobrepor à vivência conjugal. Martha continua como governanta omnipresente, e vê na recém-chegada uma afronta à sua falecida patroa, com a qual mantinha as cumplicidades necessárias à concretização dos desejos sexuais do senhor da casa. E não leva muito tempo até que Cynthia comece a ver e a ouvir coisas misteriosas, que a fazem acreditar num regresso dos mortos de Margaretha. Será que está a perder a razão ou os seus mais secretos temores ir-se-ão tornar realidade? Ajudado por uma cinematografia e uma música bastante eficazes, Riccardo Freda consegue criar uma atmosfera envolvente durante todo o filme, que deixa o espectador inquieto até às últimas cenas.
"L'Orribile Segreto Del Dr. Hichcock" (Hichcock sem o "t", para evitar problemas judiciais com o mestre do suspense) é um filme agradável de se ver, sobretudo pelo clima conseguido, uma vez que descarta cenas de violência gratuita e sanguinolenta. E, depois, a maior parte dos actores são convincentes, desde o carrancudo Professor, passando pela perturbante governanta, até à já lendária Barbara Steele, que uma vez mais se sente como peixe na água neste tipo de filmes. Na altura, Barbara encontrava-se presente no cast do "Fellini 8 e 1/2", tendo-se ausentado durante 10 dias para filmar este "Horrível Segredo". A rodagem do filme levou apenas 14 dias, tendo ficado concluído em Abril de 1962, conforme Freda tinha apostado. Existem duas versões disponíveis: a original italiana (cujo download poderá ser feito aqui) e uma cópia americana (cortada em cerca 12 minutos), que infelizmente foi a usada para a edição em Blu-Ray (a evitar portanto).
CURIOSIDADES:
- A mansão que aparece no filme é a chamada Villa Peruchetti, situada perto de Roma (na Lazio), sendo hoje em dia a Embaixada Búlgara em Itália.
- Robert Flemyng, ao descobrir pela leitura do argumento, que o seu personagem tinha tendências necrófitas, tentou abandonar o projecto, mas o seu contrato não o permitiu.
Sem comentários:
Enviar um comentário