Um Filme de ÉDOUARD MOLINARO
Com Lino Ventura, Jacques Brel, Caroline Cellier, Jean-Pierre Darras, Nino Castelnuovo, Angela Cardile, etc.
FRANÇA-ITÁLIA / 85 min / COR / 16X9 (1.66:1)
Estreia em FRANÇA a 20/9/1973
Estreia nos EUA a 31/7/1975
«Quando aceitei participar no filme não conhecia sequer o argumento. Mas Molinaro e Ventura, dois bons amigos, perguntaram-me se o queria fazer com eles. Disse logo que sim, porque para mim o mais importante são as pessoas com quem trabalho». Esta declaração de Jacques Brel dizia respeito à sua participação em "L’Emmerdeur", uma história baseada na peça "Le Contrat", de Francis Véber (responsável também pelo argumento), que coloca em confronto dois universos completamente distintos, dois homens sem qualquer tipo de afinidade entre eles. Tal disparidade é como introduzir o vaudeville dentro de um film noir. Uma missão que poderia parecer impossível à partida, mas que resulta em cheio quando o filme se estreia, em Setembro de 1973. A crítica da altura é unânime em considerar que em "L’Emmerdeur" Jacques Brel tem o melhor papel da sua carreira. Podia ler-se no jornal La Libre Belgique de 11 de Outubro, por exemplo: «Le film doit beaucoup à l’interprétation de Jacques Brel, qui a trouvé ici son meilleur rôle à l’écran et nous donne certainement son interprétation la plus attachante. Notre compatriote incarne avec énormément de présence et de sensibilité, le personnage du “crampon”, être tout ensemble minable et insupportable, naïf et rusé, misogyne et tendre; il faut dire que ce personnage lui sied comme un gant: l’homme semble s’y être projeté autant que le comédien». Enorme sucesso de público também, "L’Emmerdeur" faria 600.000 entradas apenas em Paris, na altura da estreia.
Mas recordemos o enredo principal: o filme começa com um atentado à vida de Louis Randoni, uma testemunha importante de um julgamento; mas a explosão do seu veículo mata a pessoa errada. Entra em cena Ralf Milan (Lino Ventura), um assassino contratado para endireitar as coisas. Depois de saldar as contas com o bombista, o passo seguinte é eliminar a testemunha incómoda. Com esse objectivo, Milan instala-se num hotel de Montpellier, com janela para o tribunal onde Randoni irá prestar declarações. Entretanto, chega também ao mesmo hotel François Pignon (Jacques Brel), que se instala no quarto vizinho. Pignon atravessa uma depressão por ter sido abandonado pela mulher e o seu intuito é apenas um: suicidar-se. Tenta enforcar-se na casa-de-banho, mas o cano cede, provocando uma fuga de água. O garçon do hotel (Nino Castelnuovo) quer chamar a polícia, o que contraria os propósitos de monsieur Milan, que promete tomar conta de Pignon. Mas este não desiste da ideia de suicídio, o que irá ocasionar uma série de transtornos ao plano arquitectado para eliminar a testemunha.
"L’Emmerdeur" é uma comédia delirante, que fecha com chave de ouro a carreira de Brel no cinema, a ponto de hoje o título ser imediatamente evocativo da sua imagem e da excelência do desempenho da sua personagem, um Pignon duzentos por cento prestativo que acaba por fazer desabar toda a fortaleza granítica de um assasino profissional, o duro monsieur Milan, personagem caracterizada também de maneira fabulosa por esse grande actor que foi Lino Ventura. Ao lado deles é justo destacar ainda Jean-Pierre Darras, no papel do novo amante da mulher (Caroline Cellier) de Pignon, e o já mencionado Nino Castelnuovo, actor que vimos em filmes bastante famosos, como "Rocco e Seus Irmãos" ou "Les Parapluies de Cherbourg". Mas são as impressionantes prestações de Brel e Ventura que conferem a "L' Emmerdeur" um lugar de destaque em toda a história da comédia no Cinema.
CURIOSIDADES:
- Juntamente com François Rauber, Brel compôs dois temas para o filme: "La Scocciatrice (L' Emmerdeuse)" e "Knokke-Le-Zoute"
- Édouard Molinaro aparece como barman na cafetaria. E há um momento em que tem um LP de Brel nas mãos.
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