Um filme de ARTHUR HILLER
Com Ali MacGraw, Ryan O'Neal, John Marley, Ray Milland, Russell Nype, Katherine Balfour, Tommy Lee Jones
EUA / 99 min / COR / 16X9 (1.85:1)
Estreia nos EUA a 16/12/1970
Estreia em MOÇAMBIQUE a 23/4/1971
(LM, teatro Manuel Rodrigues)
Estreia em PORTUGAL a 16/9/1971
(Lisboa, cinema Vox)
«What can you say about a twenty-five-year-old girl who died? That she was beautiful and brilliant? That she loved Mozart and Bach? The Beatles? And me?» Assim começa “Love Story”, um dos melodramas mais célebres da história do cinema. Mais célebre e quase por certo o mais popular de todos. Passado já mais de meio século desde a sua estreia, ainda custa a acreditar como é que um filme tão simples e linear atravessa décadas atrás de décadas, conseguindo sempre emocionar-nos de todas as vezes a que a ele assistimos. Talvez que seja de facto essa desarmante simplicidade o grande segredo do seu sucesso. Hoje, a tantos anos de distância, e apesar do filme ter tido para mim um significado muito pessoal naquele início dos anos 70, não consigo encontrar qualquer outra explicação para a sua longevidade e para a aquisição do estatuto de clássico do género que hoje disfruta.
Quando “Love Story” se estreou nos EUA, em Dezembro de 1970, o livro de Erich Segal já era um grande êxito de vendas. Numa época consagrada ao hedonismo, à provocação e aos panfletos contestatários, às drogas e ao sexo desenfreado, afinal parece que ainda havia espaço para um pouco de romantismo, para se contar uma história de amor, pura e simples – algo que constituíu uma autêntica lufada de ar fresco, apanhando quase toda a gente de surpresa. Um argumento sem grandes pretensões ou floreados (escrito, curiosamente, antes do próprio livro), mas com personagens identificativos aos padrões da época (para quem não viveu aqueles anos convém referir que a grande maioria da juventude não embarcava de ânimo leve nos movimentos hippies ou contestários, apesar de neles irem colher muita inspiração) foi sem dúvida o ponto de partida para que o filme de Arthur Hiller atingisse o seu objectivo com uma facilidade desconcertante.
Adicione-se a pungente banda sonora (uma das mais melancólicas partituras que Francis Lai escreveu para o cinema e que viria muito merecidamente a arrebatar os respectivos Oscar e Globo de Ouro) e uma eficaz direcção de belos actores (belos em ambos os sentidos, físico e representativo) e talvez as peças já sejam suficientes para que o puzzle do inesperado fenómeno que foi o sucesso do filme fique completo. Recorde-se o baixo orçamento de cerca de 2,2 milhões de dólares, quantia que foi logo reposta nos primeiros três dias de exibição. Doze semanas mais tarde “Love Story” já tinha sido visto por 17 milhões de americanos. Foi, a larga distância, o grande êxito do ano de 1971, apesar da grande maioria dos críticos de serviço ter pretendido imolar o filme logo à nascença, adjectivando-o de charopada e outros mimos que tais.
O enredo do filme é de facto simples e banal mas, visto hoje, à distância, consegue ser bem representativo do tipo de conflitos geracionais que na altura estavam em voga, e que levavam a esmagadora maioria da juventude de então a libertar-se bem cedo da tutela familiar e a iniciar uma vida própria e independente que quase sempre passava por experiências de vidas comunitárias, em lares ou nas chamadas “repúblicas”, antecâmeras quase obrigatórias de uma vivência a dois. Essa vivência tinha sempre a sua componente romântica (e qual a história de amor que não a tem?) mas “Love Story” afasta-se um pouco desse caminho, optando antes por uma relação franca e aberta, onde chega a haver lugar para um certo sarcasmo, o que faz de Jenny e Oliver o prototipo quase perfeito do casal adolescente da classe média-alta daquela época.
Ali MacGraw e Ryan O’Neal eram na altura dois actores practicamente desconhecidos que viram as respectivas carreiras descolarem com o enorme sucesso do filme. MacGraw tinha já 31 anos e só o facto de ser casada com Robert Evans, o chefe de produção da Paramount, a possibilitou desempenhar o papel de Jenny Cavalleri. Ryan O’Neal, três anos mais novo, não foi uma primeira escolha, longe disso. Actores mais consagrados, como Beau Bridges, Peter Fonda ou Michael York (entre muitos outros) recusaram entrar no filme. Mas a verdade é que a química entre Ryan e Ali funcionou às mil maravilhas, tendo ajudado, e muito, à mitificação do filme.
Para além de ter ganho o Oscar para a melhor banda-sonora, o filme foi ainda nomeado em mais 6 categorias: Filme, Argumento-Adaptado, Realizador, Actor e Actriz Principais e ainda Actor Secundário (John Marley). Teve igual número de nomeações para os Globos de Ouro, tendo no entanto ganho 5 destes prémios: Filme dramático, Argumento, Realização, Actriz Principal e a Banda-Sonora original. Em 1978 seria feita uma sequela, “Oliver’s Story”, também com Ryan O’Neal (que contracenava com a actriz Candice Bergen) e Ray Milland, mas como tantas outras insistências de Hollywood o filme passou practicamente despercebido, não deixando qualquer traço para a posteridade.
Disponibiliza-se aqui a banda-sonora original, da autoria de Francis Lai, à qual foram acrescentadas 4 faixas bónus com interpretações vocais do tema principal - "Where Do I Begin" - a cargo de Andy Williams, Shirley Bassey, Perry Como e Patricia Kaas.
A letra da versão vocal foi composta por Carl Sigman:
To tell the story of how great a love can be
The sweet love story that is older than the sea
The simple truth about the love she (he) brings to me
Where do I start?
Like a summer rain
That cools the pavement with a patent leather shine
She (he) came into my life and made the living fine
And gave a meaning to this empty world of mine
She (he) fills my heart
She (he) fills my heart with very special things
With angels' songs, with wild imaginings
She (he) fills my soul with so much love
That anywhere I go, I'm never lonely
With him along, who could be lonely
I reach for her (his) hand, it's always there
How long does it last?
Can love be measured by the hours in a day?
I have no answers now, but this much I can say
I'm going to need her (him) till the stars all burn away
And she (he) 'll be there
3 comentários:
Confesso que alinhei pela grande maioria das críticas negativas quando vi o filme pela primeira vez em 1971. Mas com os anos fui modificando a minha opinião e hoje não tenho qualquer dúvida em conotá-lo também como um clássico do género.
É mesmo verdade que a idade conta muito na apreciação de um filme - passados 40 anos somos "outras" pessoas, muito diferentes dos jovens de vinte anos que éramos naquela altura.
Curiosidade: na 6ª foto a contar de cima pode reconhecer-se o então jovem Tommy Lee Jones.
Na altura este filmezito fez multidões chorarem baba e ranho
Elenco maravilhoso e a grata surpresa de ver Ray Milland, um dos meus atores preferidos.
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