MULHERES PERFEITAS
Um filme de BRYAN FORBES
Com Katharine Ross, Paula
Prentiss, Peter Masterson, Nanette Newman, Tina Louise, Carol Rossen, etc.
EUA / 115 min / COR /
16X9
(1.85:1)
Estreia nos EUA: 12/2/1975
Something
strange is happening in the town of Stepford
Frequentemente
associado ao machismo mais explícito e decadente, o cinema de terror teve, no
entanto, vários desvios à sua rotina, e um dos seus exemplos mais populares
surgiu em meados de 70, exactamente quando o feminismo andava nas bocas do
mundo e nos cartazes empunhados na rua. Chamou-se "The Stepford Wives" e tornou-se um dos mais lucrativos
filmes do género de então, apoiado pela enorme controvérsia que o tema gerou em
plateias mais habituadas a ver sensuais e despidas scream-queens a serem esquartejadas de formas mais ou menos
explícitas. Alguns anos antes, mais concretamente em 1968, Roman Polanski - ele
que foi um dos mais surpreendentes nomes do cinema fantástico no início da sua
carreira - levou ao grande ecrã a novela de Ira Levin, "Rosemary's Baby/A
Semente do Diabo", gerando igualmente uma forte dose de escândalo: uma
jovem grávida (Mia Farrow) suspeita que o pai do seu filho poderá ser o grande
Belzebu - mas o terror aqui não era propriamente sobrenatural. Pelo contrário,
a paranóia de Farrow incidia sobre o seu marido e um casal de vizinhos, num
terror de cariz sexual e freudiano. Era a paranóia feminista a despoletar,
centrada sobre o poder da maternidade e uma aterradora alienação e isolamento
do sexo oposto.
Joanna Eberhart: «If I am
wrong, I'm insane... but if I'm right, it's even worse than if I was wrong»
"The Stepford Wives" baseia-se igualmente numa novela de Ira Levin, e o
seu universo não podia ser mais semelhante. Um casal com duas crianças e um
cão, muda-se de Nova Iorque para uma pequena cidade - Stepford - onde todas as
esposas são perfeitas donas-de-casa, cegamente submissas e devotas aos seus
maridos. São mulheres que são irreprensivelmente atraentes, como se acabadas
de sair de um anúncio de televisão. Sempre disponíveis para o sexo, disfrutam
dele de maneira explícita, louvando o machismo e a potência dos companheiros. Joanna
(Katherine Ross) começa lentamente a
perceber que alguma coisa não bate certo naquele cenário e, tal como acontece à
jovem Rosemary do filme de Polanski, a paranóia instala-se. Afinal, quem são
aquelas mulheres que mais parecem bonecas sem sentimentos ou vontade própria, e
quem as fez assim? A metáfora é descaradamente óbvia, mas, ainda assim, o
inteligente argumento de William Goldman consegue transmitir subtis doses de
ironia que indiciam que o feminismo poderia mais não ser que uma valente dose
de histeria colectiva relacionada com a mania de perseguição. Quem não viu o
filme, poderá pensar que isto nada tem a ver com o universo do filme fantástico
ou de terror. Mas desenganem-se. Se a primeira metade do filme está impregnada
de uma certa inquietação psicológica, rapidamente o filme ganha contornos
realmente sinistros e aterradores, onde apesar de tudo uma boa dose de humor
negro não está ausente - toda a sequência final merece figurar no mais clássico
dos clássicos do género. Em 2004 seria feito um remake com Nicole Kidman no papel principal. Esta nova versão omite
toda a dimensão de crítica social, que era uma das características principais
do filme original.
CURIOSIDADES:
-
Bryan Forbes revelou que Diane Keaton recusou o papel de Joanna, nas vésperas
de assinar o respectivo contrato, devido ao seu psiquiatra achar que emanavam
maus presságios do argumento.
-
De início, o escritor Ira Levin tencionava escrever uma peça de teatro. Mas
achou que havia personagens a mais e então decidiu-se por escrever uma novela;
a qual, no seu estado mais embrionário, descrevia as mulheres como usando todas
mini-saias.
PORTFOLIO:
Sem comentários:
Enviar um comentário