segunda-feira, setembro 14, 2015

THE STEPFORD WIVES (1975)

MULHERES PERFEITAS
Um filme de BRYAN FORBES




Com Katharine Ross, Paula Prentiss, Peter Masterson, Nanette Newman, Tina Louise, Carol Rossen, etc.

EUA / 115 min / COR / 
16X9 (1.85:1)

Estreia nos EUA: 12/2/1975


Something strange is happening in the town of Stepford

Frequentemente associado ao machismo mais explícito e decadente, o cinema de terror teve, no entanto, vários desvios à sua rotina, e um dos seus exemplos mais populares surgiu em meados de 70, exactamente quando o feminismo andava nas bocas do mundo e nos cartazes empunhados na rua. Chamou-se "The Stepford Wives" e tornou-se um dos mais lucrativos filmes do género de então, apoiado pela enorme controvérsia que o tema gerou em plateias mais habituadas a ver sensuais e despidas scream-queens a serem esquartejadas de formas mais ou menos explícitas. Alguns anos antes, mais concretamente em 1968, Roman Polanski - ele que foi um dos mais surpreendentes nomes do cinema fantástico no início da sua carreira - levou ao grande ecrã a novela de Ira Levin, "Rosemary's Baby/A Semente do Diabo", gerando igualmente uma forte dose de escândalo: uma jovem grávida (Mia Farrow) suspeita que o pai do seu filho poderá ser o grande Belzebu - mas o terror aqui não era propriamente sobrenatural. Pelo contrário, a paranóia de Farrow incidia sobre o seu marido e um casal de vizinhos, num terror de cariz sexual e freudiano. Era a paranóia feminista a despoletar, centrada sobre o poder da maternidade e uma aterradora alienação e isolamento do sexo oposto.

Joanna Eberhart: «If I am wrong, I'm insane... but if I'm right, it's even worse than if I was wrong»


"The Stepford Wives" baseia-se igualmente numa novela de Ira Levin, e o seu universo não podia ser mais semelhante. Um casal com duas crianças e um cão, muda-se de Nova Iorque para uma pequena cidade - Stepford - onde todas as esposas são perfeitas donas-de-casa, cegamente submissas e devotas aos seus maridos. São mulheres que são irreprensivelmente atraentes, como se acabadas de sair de um anúncio de televisão. Sempre disponíveis para o sexo, disfrutam dele de maneira explícita, louvando o machismo e a potência dos companheiros. Joanna (Katherine Ross) começa lentamente a perceber que alguma coisa não bate certo naquele cenário e, tal como acontece à jovem Rosemary do filme de Polanski, a paranóia instala-se. Afinal, quem são aquelas mulheres que mais parecem bonecas sem sentimentos ou vontade própria, e quem as fez assim? A metáfora é descaradamente óbvia, mas, ainda assim, o inteligente argumento de William Goldman consegue transmitir subtis doses de ironia que indiciam que o feminismo poderia mais não ser que uma valente dose de histeria colectiva relacionada com a mania de perseguição. Quem não viu o filme, poderá pensar que isto nada tem a ver com o universo do filme fantástico ou de terror. Mas desenganem-se. Se a primeira metade do filme está impregnada de uma certa inquietação psicológica, rapidamente o filme ganha contornos realmente sinistros e aterradores, onde apesar de tudo uma boa dose de humor negro não está ausente - toda a sequência final merece figurar no mais clássico dos clássicos do género. Em 2004 seria feito um remake com Nicole Kidman no papel principal. Esta nova versão omite toda a dimensão de crítica social, que era uma das características principais do filme original.


CURIOSIDADES:

- Bryan Forbes revelou que Diane Keaton recusou o papel de Joanna, nas vésperas de assinar o respectivo contrato, devido ao seu psiquiatra achar que emanavam maus presságios do argumento.

- De início, o escritor Ira Levin tencionava escrever uma peça de teatro. Mas achou que havia personagens a mais e então decidiu-se por escrever uma novela; a qual, no seu estado mais embrionário, descrevia as mulheres como usando todas mini-saias.



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