terça-feira, setembro 06, 2011

SUPERMAN (1978)

SUPER-HOMEM




Um filme de RICHARD DONNER


Com Christopher Reeve, Margot Kidder, Marlon Brando, Gene Hackman, Ned Beatty, Jackie Cooper, Susannah York, Glenn Ford, Phyllis Thaxter, Trevor Howard, Valerie Perrine, Maria Schell, Terence Stamp


EUA / 151 min / COR / 16X9 (2.35:1)


Estreia nos EUA a 10/12/1978 
(Washington D.C.)



Lois Lane [thinking while flying with Superman across the skies of New York]: «Can you read my mind? Do you know what it is that you do to me? I don't know who you are. Just a friend from another star. Here I am, like a kid-out of school. Holding hands with a God. I'm a fool. Will you look at me? Quivering. Like a little girl shivering. You can see right through me. Can you read my mind? Can you picture the things I'm thinking of? Wondering why you are..., all the wonderful things you are. You can fly. You belong in the sky. You and I... could belong to each other. If you need a friend..., I'm the one to fly to. If you need to be loved..., here I am. Read my mind»
A figura de “Superman” pertence já ao imaginário das lendas. Personagem da nossa meninice, criada em 1938 por Joe Simon e Jerry Schuster, apareceu ao mundo no primeiro número da revista Action Comics tendo, a partir daí, povoado a imaginação das crianças de todo o planeta. O filão foi aproveitado praticamente por todos os meios de comunicação: imprensa (com as suas tiras semanais em toda a parte), programas de rádio, televisão (chegou a ser criado um show ao vivo) e, claro, o cinema, com os seus filmes, séries e desenhos animados. Com uma técnica sempre muito duvidosa, foram sendo feitas algumas adaptações ao longo dos anos. De todas elas, a que porventura tem ainda algum interesse será a série televisiva do início dos anos 50, em que o personagem foi sempre vivido pelo mesmo actor, George Reeves (que se suicidaria aos 45 anos, em 1959).
Até que, em 1973, Alexander Salkind, da Warner Bros, adquiriu os direitos de “Superman” para uma nova versão no cinema. A produção do filme começou em Roma, nos fins de 1976, com o inglês Guy Hamilton (responsável por diversos filmes de James Bond) na realização. Depois do seu abandono, por questões de saúde, os produtores viraram-se ainda para Steven Spielberg, mas este estava ocupado com “Close Encounters of the Third Kind” e não pôde aceitar a oferta. Finalmente, depois de ter visto o filme “The Omen”, Alex Salkind conseguiu o contributo do director deste filme, o americano Richard Donner, na altura com 47 anos de idade. Donner impôs a condição de o argumento ser todo revisto, atendendo ao existente na altura não passar de uma pequena novela. Conseguido o acordo, o novo script acabaria por ser escrito por uma equipa liderada por Mario Puzo, o aclamado escritor da saga dos Corleone.
Entretanto, a produção mudou-se de armas e bagagens para Inglaterra, passando a utilizar os estúdios Pinewood e Shepperton. Tendo sido decidido que o actor a escolher para o papel de Superman teria de ser alguém desconhecido do público pela simples razão de dificilmente se poder imaginar um actor credenciado a desempenhar aquele específico papel (leia-se a voar...), as premissas para a difícil decisão passaram a ser apenas duas: um bom porte atlético e algum jeito para representar. Depois de alguns testes, apareceu felizmente o intérprete ideal: um jovem estudante da famosa Juilliard (School of Performing Arts) de Nova Iorque, com 25 anos, recém formado pela Universidade de Cornell. Ao longo da sua carreira (trágicamente interrompida em 1995, quando um acidente de cavalo o deixou paralisado do pescoço para baixo) Christopher Reeve não chegou a distinguir-se em grandes interpretações.

Contudo, em “Superman”, foi o actor perfeito, quer como Clark Kent quer na pele do invencível homem de aço. Na verdade, passados mais de vinte anos sobre a estreia do primeiro dos quatro filmes em que Reeve incarnou a célebre personagem, acreditamos piamente que Superman é Christopher Reeve e vice-versa. Aliás, julgo que esta total identificação contribuiu um pouco para o actor não ter tido um reconhecimento mais alargado do que aquele que efectivamente usufruiu.

Para além de Reeve, o aspecto mais memorável do filme continua a ser a música, bela e grandiosa, que John Williams compôs tão brilhantemente. Começando logo pela introdução majestosa, em que o genérico (também ele magnífico) nos introduz de imediato na espectacularidade da obra. Do mesmo modo efectivo é o tema de amor, "Can You Read My Mind?", mesmo que Margot Kidder se limite apenas a dizer as palavras. Por falar em Kidder, assinale-se quanto acertada foi também a sua escolha para o papel de Lois Lane. Por não ser uma mulher fisicamente deslumbrante ela é extremamente convincente, conseguindo tornar o triângulo Clark / Lois / Superman  numa fascinante ligação, que constitui o centro nevrálgico do filme.
“Superman” ficou também conhecido na altura pelo grande orçamento de que dispôs, cerca de 55 milhões de dólares. Mesmo atendendo a que muitas das cenas foram logo rodadas a pensar já num segundo filme, encarado à partida como uma lógica e necessária segunda parte. Daqueles 55 milhões cerca de 4 milhões foram de imediato parar ao bolso de Marlon Brando, actor que os produtores tiveram de assegurar para garantirem à partida riscos menores para o sucesso ambicionado. Mesmo que a participação de Brando se limitasse a alguns dias de filmagens.

Pelas mesmas razões foi contratado Gene Hackman (este apenas por 2 milhões) para o papel de vilão. Acrescente-se que é talvez este o ponto mais fraco do filme: um tom mais comedido e menos jocoso para o mau da fita teria contribuído para uma maior eficácia e credibilidade, até porque o papel principal estava já imbuído de uma certa ligeireza e o contraponto teria certamente muito mais impacto. Como aliás veio a suceder na continuição, com um "verdadeiro" trio de malfeitores (os mesmos que logo de início são expulsos do planeta Krypton, ficando em hibernação durante toda a primeira parte).

“Superman” envelheceu muito bem, permanecendo hoje em dia um divertido filme de aventuras, por vezes mesmo belo e excitante. Essa beleza encontra-se intacta no romântico passeio de Lois e Superman pelos céus de Nova Iorque, após um primeiro rendez-vous no terraço do apartamento de Lane (verdadeira cena de antologia, com uns diálogos brilhantes de malícia e sub-entendidos, em que o erotismo está sempre latente) e os momentos de excitação são vários, destacando-se obviamente a cena do helicóptero. Muitos dos efeitos especiais usados foram autênticas inovações para a época (o filme ganhou o Oscar para os melhores efeitos visuais, tendo ainda sido nomeado para os Óscares de montagem, som e banda-sonora), não se tendo de envergonhar quando comparados com os sofisticados meios digitais tão vulgares hoje em dia.

CURIOSIDADES:

- A rodagem do filme envolveu cerca de 1000 pessoas, durante 18 meses. Foram montadas duas versões para televisão com mais de três horas cada. Em 1981, a ABC distribuiu uma versão com cerca de 182 minutos (mais 39 minutos do que a versão original) e em 1994 a KCOP, em Los Angeles, editou uma versão ainda maior, com 188 minutos. Finalmente, para a edição do filme em DVD, Richard Donner criou uma versão definitiva de 151 minutos, para a qual todos os efeitos sonoros foram recriados, devido ao péssimo estado da banda sonora original. Tal não afectou a música nem os diálogos, que foram remasterizados directamente dos originais.

- Gene Hackman pretendia manter o bigode na interpretação de Lex Luthor. Donner, que na altura também usava um bigode, não concordou com a ideia e apostou com Hackman que se ele rapasse o bigode lhe seguiria de imediato o exemplo. Hackman concordou e tirou o bigode. Donner cumpriu o prometido e retirou o dele..., que por acaso até era falso!



- Entre as diversas actrizes que estiveram para desempenhar o papel de Lois Lane contam-se Shirley MacLaine, Stockard Channing e Lesley Ann Warren.

- Christopher Reeve foi apresentado numa conferência de imprensa que teve lugar em Nova Iorque, no Sardi's, em 23 de Fevereiro de 1977, um mês antes de começar a rodagem, que se iniciou a 28 de Março, nos estúdios ingleses de Shepperton.

- As cenas de Super-Homem adolescente, em Smallville, no Kansas, foram na realidade rodadas no Canadá.

- Toneladas de equipamento e material de escritório foram levadas para Inglaterra afim de se filmarem os interiores do Daily Planet.

- A sequência do helicóptero levou seis meses a filmar, tendo envolvido cinco equipas de filmagens em dois países.



- “Superman” foi o último trabalho completo do fotógrafo Geoffrey Unsworth, a quem aliás o filme é dedicado. Veio a falecer em 28 de Outubro, com 64 anos, enquanto trabalhava simultâneamente nos filmes “Superman 2” e “Tess”. Numa carreira recheada de grandes êxitos, destacam-se os filmes “Becket” (1964), “2001:A Space Odyssey” (1968), “Cromwell” (1970) e “Cabaret” (1972).

- Marlon Brando chegou a processar os produtores do filme em Dezembro de 78, por estes ainda lhe deverem dinheiro. Como além disso pretendia uma percentagem nos lucros do filme, todas as cenas por ele rodadas que eram para fazer.

- Estreado a 16 de Dezembro nos EUA e a 23 na Grã-Bretanha, “Superman” permaneceu 11 semanas seguidas no 1º lugar do Box Office. Três meses depois, em Março de 79, encontrava-se ainda em 4º lugar.






LOBBY CARDS:

2 comentários:

José Luís disse...

Muito bom?!
4 estrelas?!

Billy Rider disse...

Concordo plenamente, caro Rato, sobretudo quando dizes que o filme "envelheceu muito bem, permanecendo hoje em dia um divertido filme de aventuras, por vezes mesmo belo e excitante". Ora nem mais, e se o compararmos então às merdas que hoje em dia são os chamados "blockbusters" então "Superman" até pode ser considerado uma obra-prima do género.
O mesmo já não se aplica às sequelas, claro!