Nascido a 4 de Abril de 1932, em Nova Iorque
Falecido a 12 de Setembro de 1992, em Hollywood
«I have learned more about love, selflessness and human understanding from the people I have met in this great adventure in the world of AIDS than I ever did in the cutthroat, competitive world in which I spent my life»
Existem actores que passam ao lado de uma grande carreira no cinema e que no entanto são recordados para sempre por causa de um único filme. Anthony Perkins foi um desses actores e “Psycho”, do mestre Alfred Hitchcock, foi, obviamente, o filme que em 1960 lhe trouxe a fama eterna (seriam feitas mais duas sequelas e um terceiro filme para televisão, mas todos eles perfeitamente escusados). Admirador confesso de Orson Welles (com quem rodou um dos seus filmes mais conhecidos, “The Trial”) e de Elvis Presley (deu o nome do Rei do Rock ao filho mais velho, nascido em 1976), Perkins nasceu em Nova Iorque, a 4 de Abril de 1932 (no mesmo dia do que o realizador soviético Andrei Tarkovsky). Filho único, teve problemas do foro psíquico desde muito novo, o que o levou a submeter-se por várias vezes a tratamentos específicos.
O pai, James Osgood Perkins, actor teatral relativamente conhecido na Broadway, morreu quando Perkins tinha apenas 5 anos. Educado pela mãe, estuda no Brown College e no Nichols Institute de Palm Beach, na Florida, e mais tarde inscreve-se no Rollins College (1951-1952) e na Columbia University (1952-1953). Inicia-se nos palcos em companhias de amadores e, nos meses de Verão, em grupos profissionais. Estreia-se no cinema em 1953 e durante três anos desempenha diversos papeis em séries televisivas. Pouco antes de acabar os estudos, é chamado à Broadway pela Playwright’s Company para interpretar, ao lado de Joan Fontaine, a peça “Chá e Simpatia”, como substituto de John Kerr. Em 1956 regressa ao cinema pela porta grande, pois seria nomeado para o Oscar de melhor actor secundário pelo filme “Friendly Persuasion”, de William Wyler, uma história de Quakers passada em 1862, e na qual Perkins desempenha o papel do filho de Gary Cooper.
Anthony Perkins foi um homem sensível e inteligente que sofreu bastante ao longo da sua vida, quer no campo pessoal quer no profissional, no qual foi usado (e abusado) pelos tubarões de Hollywood que o obrigaram a desempenhar papeis em filmes que ele sabia de antemão não terem qualquer valor artístico, conforme desabafou mais tarde numa entrevista: «I spent a couple of years playing parts in which I was supposed to be a decisive person, but all the while I was in torment over the feeling of being a total cipher. It just about paralysed me.»
Durante a sua carreira viria a ganhar diversos prémios de interpretação, como o Globo de Ouro em 1957 (actor mais promissor) e o troféu Edar Allen Poe em 1974 (pelo filme “The Last of Sheila”). Foi distinguido ainda como o melhor actor do Festival de Cannes de 1961 (por “Goodbye Again / Aimez-Vous Brahams?”). Entre 1962 e 1971, Perkins desenvolveu uma bela carreira na Europa, tendo oportunidade de actuar sob a direção de cineastas prestigiados, tais como Claude Chabrol, André Cayatte, René Clément, Anatole Litvak, Jules Dassin, Orson Welles, Edouard Molinaro, entre outros.
Depois de ter mantido um caso com a actriz Victoria Principal no final dos anos 60, Perkins veio a casar-se com a fotógrafa de modas Berinthia Berenson, irmã de outra conhecida actriz (Marisa Berenson) a 9 de Agosto de 1973. Do casamento, que durou 19 anos, até à morte do actor em 1992, nasceram dois filhos. Apesar desse lado familiar, Perkins sempre manifestou tendências homossexuais ao longo da vida, o que o levou a ser contaminado com o vírus da SIDA, em 1989 (o actor só aceitou realizar as respectivas análises depois da saída de um artigo no jornal “National Enquire” que o dava como bi-sexual e relatava o seu envolvimento, no passado, com o actor Tab Hunter, o bailarino Rudolf Nureyev e o dançarino-coreógrafo Grover Dale). A mulher, Berry, viria a falecer tragicamente a 11 de Setembro de 2001 – ia a bordo do primeiro dos fatídicos vôos que embateram no World Trade Center, em Nova Iorque. Como curiosidade, assinala-se ainda a ordenação de Perkins como ministro da Paz, tendo celebrado o quarto casamento de Dennis Hopper, em 1989.
Para além da sua carreira no cinema, Anthony Perkins editou ainda três albuns de canções: “Tony Perkins” (Epic LN-3394, 1957), “From My Heart” (RCA Victor LPM-1679, 1958) e “On a Rainy Afternoon” (RCA Victor LPM-1853, 1958) e diversos singles, tendo um deles, “Moonlight Swim”, atingido o TOP 30 da Billboard, em 1957. Disponibiliza-se aqui uma coletânea que inclui o primeiro album, e uma série de temas editados no pequeno formato de 45 rpm: salientam-se os últimos quatro, que apareceram num raro Extended Play de 1961, gravado em francês.
1992 – Los Gusanos No Llevan Bufanda
1991 – Der Mann Nebenan
1989 – Edge of Sanity / À Beira da Loucura
1988 – Destroyer / A Sombra do Assassino
1986 – Psycho III / Psico III
1984 – Crimes of Passion / As Noites de China Blue
1983 – Psycho II / Psico II
1980 – Double Negative
1979 – The Black Hole / Abismo Negro
1979 – Twee Vrouwen
1979 – Winter Kills / Pela Mira da Espingarda
1979 – North Sea Hijack / Assalto no Alto Mar
1978 – Remember My Name / Recorda o Meu Nome
1975 – Mahogany
1974 – Murder on the Orient Express / Crime no Expresso do Oriente
1974 – Lovin’ Molly
1972 – The Life And Times of Judge Roy Bean / O Juiz Roy Bean
1972 – Play It s It Lays
1971 – Quelqu’un Derrière la Porte / Dívia de Ódio
1971 – La Décade Prodigieuse / A Década Prodigiosa
1970 – WUSA / Muro de Separação
1970 – Catch 22 / Artigo 22
1968 – Pretty Poison / Doce Veneno
1967 – Le Scandale / Champanhe Escandaloso
1966 – Paris Brûle-t-il? / Paris Já Está a Arder?
1965 – The Fool Killer
1964 – Une Ravissante Idiote / Uma Encantadora Idiota
1963 – Le Glaive et la Balance
1962 – Le Couteau Dans la Plaie / A Fronteira da Noite
1962 – The Trial / O Processo
1962 – Phaedra / Fedra
1961 – Goodbye Again (Aimez-Vous Brahms?) / Mais Uma Vez Adeus
1960 – Psycho / Psico
1960 – Tall Story / Adeus, Inocência
1959 – On the Beach / A Hora Final
1959 – Green Mansions / A Flor Que Não Morreu
1958 – The Matchmaker / Viva o Casamento
1958 – Desire Under the Elms / Desejo Debaixo dos Ulmeiros
1958 – This Angry Age / Esta Terra Amarga
1957 – The Tin Star / Sangue no Deserto
1957 – Fear Strikes Out / Vencendo o Medo
1957 – The Lonely Man / O Cavaleiro Solitário
1956 – Friendly Persuasion / Sublime Tentação
1953 – The Actress / A Actriz
4 comentários:
Quem diria que por detrás do actor existia um cantor romântico?
Obrigado pela descoberta.
Muito bom o artigo e o Blogue. Vou "roubar" para o facebook.
Abraços
Nunca apreciei o Perkins. Ele me passa indiferença em relação aos seus personagens e também uma certa neurose assustadora. E como PSYCHO é o filme de Hitch que menos gosto, reforça ainda mais essa minha aversão ao ator. Mas não nego que durante um certo tempo ele fez filmes muito bons.
http://ofalcaomaltes.blogspot.com/2011/06/sonia-braga-bela-e-bendita.html
O que mais gosto neste (belissimo) post, para além de podermos ter acesso a um CD raro, é a fotografia do Perkins na sala de estar - por causa do gira-discos (com o suporte central para os discos) e aquele enooooorme rádio!
Outros tempos, outros hábitos...
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