Um filme de FRITZ LANG
Com Marlene Dietrich, Arthur Kennedy, Mel Ferrer, Gloria Henry, William Frawley, Lisa Ferraday, etc.
EUA / 89 min / COR /
4X3 (1.37:1)
Estreia nos EUA a 1/3/1952
Estreia em PORTUGAL a 13/11/1952
Altar Keane: «Go away and come back ten years ago»
Raras são as filmografias que nos enchem os olhos e as almas
de fio a pavio, mesmo entre os melhores cineastas. Este “Rancho Notorious”
serve perfeitamente de exemplo de excepção na obra de Fritz Lang, alguém que
nos deu alguns dos melhores filmes da história do Cinema. Apesar de escorreito
e certinho na sua planificação, este terceiro e último western realizado por
Lang nos EUA é hoje um filme decepcionante de se ver, sem uma centelha de
emoção, sobretudo quando comparado com os clássicos do género. Basta lembrar-nos
que “High Noon”, de Fred Zinnemann, é também deste mesmo ano de 1952.
Lang nunca foi especialista de filmes do Oeste, mesmo que
“The Return of Frank James” contenha esplêndidas sequências de acção (nunca vi
o seu segundo western, “Western Union”). Por isso há que condescender um pouco
face à visão deste “Rancho Notorious”, até porque, no final, ele não é melhor
nem pior do que tantos outros filmes de série B da época. Digamos que, não
fosse o prestígio do nome que assina o filme, e este comentário nem apareceria
por aqui. Lang queria que o filme se chamasse “Chuck-a-Luck”, que era
a designação de um jogo muito conhecido, uma espécie de roleta vertical com uma
roda a girar. A história anda à volta de um cowboy que tenta encontrar num
rancho chamado Chuck-a-Luck o assassino da sua noiva. Arthur Kennedy é Vern
Haskell, esse cowboy vingador. A ele se junta um parceiro, French Fairmont (Mel
Ferrer), alguém que já viveu o destino futuro do cowboy. Abandonado pelos
guardas profissionais da lei, Vern lança-se num plano pessoal de vingança, no
fim do qual o assassino é julgado, mas por um acto que não cometeu.
Chuck-a-Luck, o rancho (“das paixões”, segundo a tradução
portuguesa), situa-se ao fundo de um pequeno e estreito vale, rodeado de
montanhas como uma nascente. O filme foi quase inteiramente rodado em estúdio:
«Filmar um western no estúdio é extraordinariamente difícil», confessou Lang.
«Não tínhamos dinheiro suficiente para construir a montanha que domina o rancho
e o deserto. Mas o meu arquitecto, Sr. Ihnen, que fez montes de coisas
prodigiosas em “Man Hunt” e noutros filmes, entendia de perspectivas...» Mas a razão fundamental pela qual Fritz Lang realizou
“Rancho Notorious”, tinha um nome: Marlene Dietrich. Fosse porque nutria grande
admiração pela actriz fosse porque se sentia atraído pela mulher, a verdade é
que Lang queria acima de tudo dirigir Marlene. E hoje em dia isso é claramente
notório no filme, pois a lendária actriz é o centro das atenções gerais. Aliás
é a sua presença (apesar de na altura já contar com 50 anos bem vividos) que
continua a compensar a visão do filme. Ainda por cima temos direito a duas
canções interpretadas por ela: “Gipsy Davey” e “Get Away, Young Man”. Mas razão
tinha Pauline Kael quando em 1952 afirmou que “Rancho Notorious” não iria
figurar entre os filmes pelos quais Fritz Lang seria lembrado.
2 comentários:
Uma cinquentona bem desejável...
Realmente O DIABO FEITO MULHER (título brasileiro) é decepcionante. Vale somente pela eterna sedução de Marlene Dietrich, que mesmo assim está meio esquisita com aquela peruca de cachos. Mas gosto dos dois westerns anteriores de Lang, principalmente OS CONQUISTADORES.
O Falcão Maltês
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