sexta-feira, dezembro 16, 2011

SUPER 8 (2011)

SUPER 8
Um filme de J.J. ABRAMS




Com Joel Courtney, Riley Griffiths, Elle Fanning, Kyle Chandler, Ryan Lee, Gabriel Basso, Zach Mills, Ron Eldard


EUA / 112 min / COR / 16X9 (2.35:1)


Estreia nos EUA a 10/6/2011
Estreia em PORTUGAL a 28/7/2011
Estreia no BRASIL a 12/8/2011


Cary: «Stop talking about production value, 
the Air Force is going to kill us»

Desde a mais tenra idade que eu me lembro dos filmes caseiros que o meu pai costumava fazer em 8 mm. Durante a segunda parte dos anos 50 e até meados dos anos sessenta, foram raros os momentos importantes que não ficaram imortalizados: viagens, festas de aniversário, carnavais, natais ou acontecimentos desportivos, tudo servia para ser documentado em filme. E o processo era sempre o mesmo - acabadas de filmar, as pequenas bobinas amarelas da Kodak (com cerca de 3 minutos cada) eram enviadas para um laboratório em Johannesburg (nessa altura vivíamos em Moçambique), de onde regressavam ao fim de 15 dias, já devidamente reveladas e prontinhas a serem introduzidas no projector. Mas quase sempre o meu pai montava primeiro os pequenos filmes numa bobina maior, com cerca de meia hora de duração. E só depois, para gáudio de toda a família, se dava início à sessão (numa terra sem televisão aquelas sessões eram autênticas festas). Só mais tarde, já a década de setenta se anunciava, é que chegou o Super 8. Eu herdei de imediato a velhinha máquina de 8 mm para fazer os meus próprios filmes, logo que o meu pai comprou o novissimo modelo para o novo formato. E durante mais alguns anos continuámos a fazer os chamados filmes caseiros. Hoje, apesar de todas essas centenas de filmes já estarem convertidas em DVD, ainda conservo algumas (poucas) daquelas pequenas bobinas originais
Este filme, "Super 8", vem reavivar essa época. Quer o realizador (J.J. Abrams) quer o director de fotografia (Larry Fong), amigos de infância, tinham como actividade preferida a realização de filmes caseiros. O mesmo sucedia com Michael Giacchino (que compôs a música original) e até Steven Spielberg, produtor do filme, iniciou a sua aprendizagem cinematográfica através dos pequenos filmes de 8 mm. Como curiosidade, refira-se que Abrams e Fong foram os responsáveis pela recuperação dos filmes caseiros de Spielberg, apesar de só se virem a conhecer alguns anos mais tarde. Confessos fans dos seus filmes, é pois fácil perceber a razão pela qual "Super 8" é no essencial uma sentida homenagem a Spielberg, embora Abrams se esforce sempre por o negar em todas as entrevistas. Eventualmente tal homenagem não terá sido plenamente consciente e assumida, mas a verdade é que "Super 8" se desenvolve basicamente através do casamento entre dois dos mais emblemáticos filmes de Spielberg: "Close Encounters of The Third Kind" [1977] e "E.T., The Extra-Terrestrial" [1982].

Casamento feliz? Bom, para já ainda se encontra em período de lua-de-mel, onde todos os defeitos são facilmente ultrapassáveis. Mas tenho as minhas dúvidas de que seja casamento para durar. E será que tal homenagem foi suficiente para igualar os modelos onde se inspirou? A resposta é não, obviamente. "Super 8" fica-se por um filmezinho bem intencionado, honesto, e feito com muita admiração pelos produtos originais. Mas não vai além disso. Abrams é um realizador formado pela televisão (é dele a série "Lost", por exemplo), com todos os vícios que isso normalmente acarreta para quem tenciona fazer carreira no cinema. "Super 8" é a sua terceira longa-metragem, depois de "Mission: Impossible 3" [2006] e "Star Trek" [2009], e provavelmente será a melhor das três. Tem algumas cenas bem conseguidas (em quase todas elas está presente a luminosa Elle Fanning) e em termos gerais até poderá ser considerado um agradável divertimento, sobretudo numa primeira visão. Mas "Super 8" dificilmente resiste a um novo olhar, mesmo que feito através da versão em blu-ray - uma óptima edição, diga-se de passagem, pese embora a qualidade dos extras se sobrepôr à do próprio filme. E quando isso acontece...

Para além das já citadas obras de Spielberg, "Super 8" lembra-nos ainda outros filmes: "The Goonies", "Stand By Me", "Gremlins" ou mesmo a série "Alien". Ou seja, tudo (ou quase tudo) o que vemos no filme (e ouvimos, pois inclusive Giacchino faz qustão de prestar a sua própria homenagem a John Williams) nos traz a desagradável sensação do déjà vu. E é essa falta de originalidade o lado mais desconfortável do filme. Os autores deixaram-se conduzir pelas suas paixões cinéfilas, esquecendo-se que raramente a cópia substitui o original. Daí resulta a grande decepção do filme que, a espaços, se torna mesmo redundante. E apesar de "Super 8" enfatizar (penso que em demasia) o lado cândido e infantil das personagens, não deverá ser um filme que diga muito às crianças do século XXI. Por outro lado, os espectadores cuja faixa etária anda à volta dos 40 anos, ficarão por certo deliciados com esta viagem melancólica às suas próprias juventudes.
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2 comentários:

Fábio Henrique Carmo disse...

Eu achei muito bom. Uma belíssima homenagem ao cinema infanto-juvenil que foi feito nos anos 80 e que foi criado pelo próprio Spielberg. Excelente direção e boas interpretações.

IgnacioEsteban disse...

Hola Rato espero estés mejor de salud, los mejores deseos y que te recuperes lo más pronto, Dios te bendiga a ti y a tu famila, los mejores deseos.
Esteban