domingo, maio 08, 2011

ZOMBI 2 (1979)

ZOMBIE FLESH EATERS /
ISLAND OF THE LIVING DEAD /
ZOMBIE 2: A INVASÃO DOS MORTOS-VIVOS


Um filme de LUCIO FULCI


Com Tisa Farrow, Ian McCulloch, Richard Johnson, Al Cliver, Auretta Gay, Stefania D' Amario, Olga Karlatos


ITÁLIA / 91 min / COR / 16X9 (2.35:1)


Estreia em ITÁLIA a 25/8/1979
Estreia em PORTUGAL a 10/4/1980
(Lisboa, cinemas Pathé e Politeama)
Estreia nos EUA a 18/7/1980


«Cinema is everything to me. I live and breathe films. I even eat them!»
(Lucio Fulci)

Confrontando os seus filmes com os de Mario Bava e Dario Argento, teremos de considerar Lucio Fulci como um continuador das temáticas normalmente abordadas por esses seus dois conterrâneos: o thriller erótico (baptizado em Itália por giallo) e o filme de terror. Mas um continuador menos inspirado e mais limitado artisticamente. Falecido em 1996, com 68 anos, Fulci foi um realizador e argumentista com boas ideias e um certo bom gosto na utilização dos decors. Mas pouco mais. O seu cinema vivia da rapidez da confecção, da facilidade de processos, com cenas ligadas por rápidos zooms e outras formas características de uma óbvia preguiça narrativa.
No entanto, este “Zombi 2” (apesar do título não se trata de qualquer sequela) é uma interessante homenagem aos filmes de George Romero que se reinventa na sua estrutura narrativa, trazendo o filme de aventuras para o terreno habitual do filme de mortos-vivos. Tudo começa pelo aparecimento de um pequeno veleiro nas águas de Nova Iorque, com um estranho passageiro a bordo (referência ao clássico “Nosferatu”, de Murnau?). A polícia marítima investiga a embarcação e acaba por matar o zombie (trata-se efectivamente de um morto-vivo), não sem que este ataque primeiro um dos agentes, que é levado posteriormente para a morgue. Adivinha-se o seu “regresso à vida”, mas o filme toma outra direcção a partir daqui. Um jornalista, Peter West (Ian McCulloch) e Anne Bowles (Tisa Farrow, a irmã de Mia farrow), filha do dono do barco, partem para as Antilhas em busca do pai da jovem e à descoberta do mistério que parece situar-se na ilha de Matul, onde um médico, o doutor Menard (Richard Johnson), tenta encontrar a razão pela qual os mortos estão a regressar à vida naquele local.
Como é habitual neste tipo de filmes as coisas só tendem a piorar à medida que o número de mortos-vivos vai aumentando e atacando tudo à sua volta. Antes, porém, temos direito a uma divertida e original sequência debaixo de água, onde um zombie se sacia com um tubarão. Algo nunca visto num filme de terror e certamente não mais repetido desde então. Outra das cenas que certamente ficará para sempre (e muito apropriadamente) na retina do espectador (a evocação do “Chien Andalou” de Buñuel é quase inevitável), é o grande plano de um olho a ser perfurado por uma lasca de madeira, filmado sadicamente em lento pormenor. De realçar ainda o bem elaborado make up dos zombies (um magnífico trabalho de Giannetto De Rossi, mais conseguido até do que nos filmes do próprio Romero) e uma curiosa música de tonalidades calypso (da autoria de Fabio Frizzi e Giorgio Tucci), que vai pontuando as atribulações dos nossos aventureiros na ilha dos mortos-vivos.
No final há o retorno a Nova Iorque, onde um locutor radiofónico descreve a cidade como infestada de zombies, chegando inclusivé a oferecer a sua própria morte em directo. A magnífica imagem da ponte de Brooklyn coberta por centenas de mortos-vivos foi usada na maioria dos posters publicitários, o que ajudou a preservar “Zombi 2” na memória dos cinéfilos. Como é vulgar acontecer no género, este filme não é isento de defeitos, desde um argumento escrito à pressa a interpretações a roçarem a mediocridade. Mas as loucas ideias de Fulci, aliadas à excelente fotografia de Sergio Salvati, fazem de “Zombi 2” um genuíno filme de culto, destacando-o de outras produções dos anos 70. E, nessa época, lançou definitivamente Fulci nas águas mórbidas do cinema de terror.

2 comentários:

José Morais disse...

Se calhar tenho uma tara qualquer, mas estas fotografias de filmers de terror são das que maior gozo me dão

Rato disse...

Isso é muito comum, caro José, até porque a atracção por uma fotografia se exerce em primeiro lugar ao nível estético e só depois intervém o conteúdo.