«Montgomery Clift always looked as though he had the angel of death
walking along beside him» Alfred Hitchcock
A 12 de Maio de 1956, numa festa ocorrida em casa de Elizabeth Taylor, Montgomery Clift decidiu sair mais cedo, por volta das onze e meia da noite, por já se encontrar em adiantado estado de embriaguês. Ninguém o queria deixar conduzir naquelas condições. Então o actor e amigo Kevin McCarthy decidiu sair com Monty. Cada qual ia levar o carro respectivo, mas McCarthy seguiria à frente de Clift à cautela. Quando estavam a atravessar as Hollywood Hills, no meio daquelas subidas e descidas íngremes com curvas muito apertadas, McCarthy reparou que Clift seguia demasiado próximo do seu carro. Podia ser que lhe batesse, mas à pouca velocidade a que os dois carros se deslocavam certamente não seria grave. Talvez o carro de McCarthy fosse novo ou de estimação, não se sabe. O que é certo é que decidiu acelerar (alegadamente para defender o seu carro da condução perigosa e lenta de Monty) e quanto mais acelerava, mais Clift acelerava atrás.
O resultado não poderia ter sido mais devastador. O carro de Clift descontrolou-se e embateu num poste de rede telefónica. McCarthy desligou o carro acidentado, com medo de uma explosão, e apressou-se a voltar para casa de Elizabeth Taylor. Enquanto esperavam pelos paramédicos, Kevin McCarthy, Elizabeth Taylor e o marido desta (Mike Wilding, o quinto casamento da diva) decidiram voltar ao local do acidente. Quando chegaram perto do poste, Clift estava encarcerado dentro do carro. O acidente tinha sido particularmente violento para a sua cara, que foi descrita por quem viu, como uma massa de sangue, sem feições distintas. O nariz estava partido, o maxilar também, faltavam dentes.
E aqui acontece uma coisa absolutamente assombrosa. Elizabeth Taylor decide enfiar-se no carro com o seu grande amigo, coloca-lhe a cabeça no seu colo e assim esperam os dois a ajuda médica. Enquanto confortava Monty, Elizabeth repara que ele está a tentar dizer-lhe alguma coisa. Depois de algum tempo, percebe que ele não consegue respirar bem, porque tem algo na garganta. Abre-lhe então a boca e com a sua mão retira os dois dentes que tinham sido arrancados e que lá se encontravam alojados. Ou seja, salvou-lhe a vida. A imagem é poderosíssima: duas estrelas no auge das respectivas carreiras e belezas, uma desfigurada, agonizante, e a outra serena, maternal, heróica. É uma pietá forjada em Hollywood.
A cara de Montgomery Clift, mesmo depois de todas as cirurgias de reconstituição, não voltou a ser a mesma. Tinha dores terríveis e a face perdeu os movimentos, já que tinha sido toda refeita por operações plásticas. Naquela época isso ainda era rudimentar. Elizabeth protegeu o seu querido amigo pela resto da vida, mas tudo seria em vão. Seguiu-se “o mais longo suicídio da história de Hollywood”, com muito álcool e drogas para esquecer e para morrer. A morte veio ao fim de dez anos, por paragem cardíaca, a 23 de Julho de 1966.
2 comentários:
Muito bom o blog! Parabéns! Aproveite para conhecer o www.observatoriodecinema.blogspot.com
Saudações do Brasil!
Michael Wilding foi o segundo casamento de Elisabeth Taylor.
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