terça-feira, março 01, 2011

FRONTIÈRE(S) (2007)

FRONTEIRA(S)


Um filme de XAVIER GENS


Com Karina Testa, Samuel Le Bihan, Estelle Lefébure, Aurélien Wiik, David Saracino, Chems Dahmani, Maud Forget, Amélie Daure, Jean-Pierre Jorris, Joël Lefrançois, Patrick Ligardes


FRANÇA - SUIÇA / 108 min / 16X9 (2.35:1)


Estreado em França a 1/7/2007
(Festival do Filme de Agde)
Estreado nos EUA a 9/5/2008
Inédito comercialmente em Portugal


Yasmine: «O meu nome é Yasmine. Um dia alguém disse: “Os homens nascem livres, com direitos iguais”. O mundo em que vivo é o oposto. Quem quererá nascer para crescer no caos e no ódio? 
Decidi poupar-lhe o pior»

Assim começa (mas em francês, na versão original) esta primeira obra de Xavier Gens, homenagem declarada e inequívoca ao grande pioneiro dos filmes de todos os horrores: “The Texas Chain Saw Massacre” (Tobe Hooper, 1974). É, diga-se desde já, uma homenagem muito bem conseguida porque feita com devota sinceridade, e que inclusivé vai muito mais além do filme original.

Em vez de entrar, rápida e deliberadamente, pela casa de torturas adentro, “Frontière(s)” inicia-se com um prólogo, localizado numas manifestações levadas a cabo em Paris, durante a campanha da eleição de um candidato de direita à Presidência de França. Um pequeno grupo de marginais muçulmanos – Alex, Tom, Farid, Yasmine e o seu irmão Sami – tentam escapar às investidas policiais. No entanto Sami é atingido gravemente e acompanhado pela irmã e por Alex ao hospital, onde acaba por falecer. Yasmine encontra-se grávida e tem intenções de abortar, apesar do último pedido de Sami para que conserve a criança.

A intenção do pequeno grupo - que tem em seu poder um saco com dinheiro roubado - é atingir a fronteira com a Holanda, rumo a Amsterdam, onde provavelmente Yasmine se irá ver livre da indesejada gravidez. Fazem-se à estrada em duas viaturas separadas, combinando encontrarem-se mais tarde num motel. E será aí, nesse palco obscuro e afastado da estrada principal, que a odisseia dos horrores irá ter lugar.

Tom e Farid são os primeiros a chegar ao albergue e, apesar do surpreendente bom acolhimento inicial (são presenteados com uma pequena orgia sexual pelas concièrges Gilberte e Klaudia) depressa se apercebem que acabaram de entrar num ninho nazi de sádicos canibais, liderados por um antigo oficial e criminoso de guerra SS. Alex e Yasmine chegam entretanto ao motel, já com o primeiro acto da carnificina em marcha.

A partir daqui sucede-se uma série de sequências violentas e macabras, de cuja descrição prudentemente me abstenho para não estragar a emoção da novidade de uma primeira visão do filme. Acrescento apenas que o estado de Yasmine a irá preservar temporariamente ao destino dos companheiros, porque o velho patriarca tem planos para aumentar a prole familiar. No entanto Yasmine não está disposta a ceder e inicia uma luta desesperada pela sobrevivência,

“Frontière(s)” é sem dúvida um dos filmes mais bem feitos no âmbito do ressurgimento do género de horror em França, e onde se faz sentir o dedo de Luc Besson, cujo nome se encontra associado à produção do filme. A direcção de actores é eficaz e sente-se que Xavier Gens respeita escrupulosamente os códigos do original, apesar deles se apropriar, como não podia deixar de ser. Ou seja, Gens consegue inovar mesmo navegando em águas por demais conhecidas de toda a gente. Uma referência à excelente fotografia que acompanha a evolução da história, desde os escuros da noite parisiense até ao clarear libertador e chuvoso da madrugada.

“Frontière(s)” não se irá livrar nunca do epíteto de versão francesa de “The Texas Chain Saw Massacre”. Mas como acima já referi, trata-se de uma homenagem sincera e feita com devoção por um fan confesso do original de Hooper. Existem outras referências ao longo do filme (a série “Hostel” ou mesmo alguns planos a fazerem lembrar o cinema de Carpenter), mas o que em última análise deverá ser retido deste filme alucinante é a incrível energia que o percorre do princípio ao fim, fruto de uma mise-en-scène nervosa e emergente. Ressalvando o brilhantismo de alguns dos actores – nomeadamente Karina Testa no papel de Yasmine e Jean-Pierre Jorris no do sádico patriarca - todos os créditos vão direitinhos para Xavier Gens, que aos 32 anos conseguiu dar um novo fôlego a um dos filmes que estará sem dúvida incluído nas suas maiores referências cinéfilas.




1 comentário:

ANTONIO NAHUD disse...

Recebeu o texto, amigo? Era o que esperava?
Uma curiosidade: em que site consegue imagens tão interessantes? Me interessam principalmente as clássicas...

Abraços

www.ofalcaomaltes.blogspot.com