ISLAND OF THE LIVING DEAD /
ZOMBIE 2: A INVASÃO DOS MORTOS-VIVOS
Um filme de LUCIO FULCI
Com Tisa Farrow, Ian McCulloch, Richard Johnson, Al Cliver, Auretta Gay, Stefania D' Amario, Olga Karlatos
ITÁLIA / 91 min / COR / 16X9 (2.35:1)
Estreia em ITÁLIA a 25/8/1979
Estreia em PORTUGAL a 10/4/1980
(Lisboa, cinemas Pathé e Politeama)
Estreia nos EUA a 18/7/1980
«Cinema is everything to me. I live and breathe films. I even eat them!»
(Lucio Fulci)
(Lucio Fulci)
Confrontando os seus filmes com os de Mario Bava e Dario Argento, teremos de considerar Lucio Fulci como um continuador das temáticas normalmente abordadas por esses seus dois conterrâneos: o thriller erótico (baptizado em Itália por giallo) e o filme de terror. Mas um continuador menos inspirado e mais limitado artisticamente. Falecido em 1996, com 68 anos, Fulci foi um realizador e argumentista com boas ideias e um certo bom gosto na utilização dos decors. Mas pouco mais. O seu cinema vivia da rapidez da confecção, da facilidade de processos, com cenas ligadas por rápidos zooms e outras formas características de uma óbvia preguiça narrativa.
No entanto, este “Zombi 2” (apesar do título não se trata de qualquer sequela) é uma interessante homenagem aos filmes de George Romero que se reinventa na sua estrutura narrativa, trazendo o filme de aventuras para o terreno habitual do filme de mortos-vivos. Tudo começa pelo aparecimento de um pequeno veleiro nas águas de Nova Iorque, com um estranho passageiro a bordo (referência ao clássico “Nosferatu”, de Murnau?). A polícia marítima investiga a embarcação e acaba por matar o zombie (trata-se efectivamente de um morto-vivo), não sem que este ataque primeiro um dos agentes, que é levado posteriormente para a morgue. Adivinha-se o seu “regresso à vida”, mas o filme toma outra direcção a partir daqui. Um jornalista, Peter West (Ian McCulloch) e Anne Bowles (Tisa Farrow, a irmã de Mia farrow), filha do dono do barco, partem para as Antilhas em busca do pai da jovem e à descoberta do mistério que parece situar-se na ilha de Matul, onde um médico, o doutor Menard (Richard Johnson), tenta encontrar a razão pela qual os mortos estão a regressar à vida naquele local.
Como é habitual neste tipo de filmes as coisas só tendem a piorar à medida que o número de mortos-vivos vai aumentando e atacando tudo à sua volta. Antes, porém, temos direito a uma divertida e original sequência debaixo de água, onde um zombie se sacia com um tubarão. Algo nunca visto num filme de terror e certamente não mais repetido desde então. Outra das cenas que certamente ficará para sempre (e muito apropriadamente) na retina do espectador (a evocação do “Chien Andalou” de Buñuel é quase inevitável), é o grande plano de um olho a ser perfurado por uma lasca de madeira, filmado sadicamente em lento pormenor. De realçar ainda o bem elaborado make up dos zombies (um magnífico trabalho de Giannetto De Rossi, mais conseguido até do que nos filmes do próprio Romero) e uma curiosa música de tonalidades calypso (da autoria de Fabio Frizzi e Giorgio Tucci), que vai pontuando as atribulações dos nossos aventureiros na ilha dos mortos-vivos.
No final há o retorno a Nova Iorque, onde um locutor radiofónico descreve a cidade como infestada de zombies, chegando inclusivé a oferecer a sua própria morte em directo. A magnífica imagem da ponte de Brooklyn coberta por centenas de mortos-vivos foi usada na maioria dos posters publicitários, o que ajudou a preservar “Zombi 2” na memória dos cinéfilos. Como é vulgar acontecer no género, este filme não é isento de defeitos, desde um argumento escrito à pressa a interpretações a roçarem a mediocridade. Mas as loucas ideias de Fulci, aliadas à excelente fotografia de Sergio Salvati, fazem de “Zombi 2” um genuíno filme de culto, destacando-o de outras produções dos anos 70. E, nessa época, lançou definitivamente Fulci nas águas mórbidas do cinema de terror.
Se calhar tenho uma tara qualquer, mas estas fotografias de filmers de terror são das que maior gozo me dão
ResponderEliminarIsso é muito comum, caro José, até porque a atracção por uma fotografia se exerce em primeiro lugar ao nível estético e só depois intervém o conteúdo.
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