Um filme de FRITZ LANG
Com Debra Paget, Paul Hubschmid, Walter Reyner, Claus Holm, Sabine Bethmann, etc.
RFA / 97 + 101 min / COR /
4X3 (1.37:1)
Estreia na Alemanha a 22/1/1959
Estreia em Portugal (versão reduzida): 10/3/1961 (Cinema Condes)
Filme composto por duas partes, foi rodado por Fritz Lang logo após o seu regresso dos Estados Unidos em 1957, onde esteve exilado durante cerca de 25 anos. Nesse ano fez uma das suas muitas viagens à Índia, pensando realizar um filme sobre o famoso Taj Mahal, mas o projecto não foi avante. Por essa altura o produtor alemão Artur Brauner contactou-o para um regresso à Alemanha, sugerindo-lhe as histórias do "Tigre de Eschnapur" e do "Túmulo Índio". Prometia-lhe absoluta liberdade. Para Lang este convite era a concretização de um sonho antigo, pelo que não hesitou.
Trata-se de uma aventura sem grandes implicações ideológicas ou temáticas, fugindo inclusive ao estilo característico de Lang, mas ainda assim muitissimo interessante. A história fala-nos de um arquitecto alemão, Harald Berger (Paul Hubschmid), que é convidado a viajar até à Índia para reformar a urbanização da capital, mas que pelo caminho encontra Seetha (Debra Paget), uma bailarina, prometida do marajá Chandra (Walter Reyer), a quem salva das garras de um tigre. Amores e conspirações completam o quadro, fornecendo a paisagem indiana o necessário exotismo. Na 2ª parte Berger vê-se envolvido numa luta de poder, entre o marajá e o irmão, Ramigani. Seetha é obrigada a casar com Chandra, como única forma de salvar o arquitecto, e este é amarrado numa das masmorras do castelo, enquanto Seetha tem de dançar diante de uma cobra, numa verdadeira prova de coragem perante os homens e os deuses…
Esteticamente o filme é muito belo, evocando o imaginário dos anos 20 e particularmente o abstraccionismo dos “Nibelungos”, do próprio Lang. A utilização do décor e do espaço é simplesmente portentosa, sobretudo nas sequências rodadas nos salões, terraços e subterrâneos do palácio. Aliás é uma faceta conhecida de toda a obra de Lang, a alternativa entre os espaços abertos e cerrados, entre o movimento para a liberdade e o movimento para o abismo.
A aparente convencionalidade do argumento é ultrapassada pela maturidade de Lang, que lhe permite combinar o máximo de inacessibilidade com o máximo de acessibilidade. É tão possível dizer-se que, uma vez mais, os temas da morte, da vontade de poder e do destino tudo dominam e a tudo presidem, como filiá-los nos grandes romances de aventuras do século XIX, de Júlio Verne, Karl May ou Emilio Salgari. Em última análise, nós espectadores, abandonamo-nos ao prazer de uma história bem contada, que tem a ver com contos de fadas e o mundo da infância e da adolescência.
Se o filme tem uma poderosa carga mágica (o episódio do faquir do Tigre, a dança da cobra ou a maldição da deusa do Túmulo, para apenas citar alguns exemplos cimeiros) essa magia é inseparável duma moral, que no termo da obra de Lang é da exaltação do amor. Estamos num mundo de volumes, de luzes e de cores, em que a luta se trava tanto entre os sentimentos como entre as formas. Num mundo em que a genealogia da moral postula o mito e em que a fábula se encerra na moral da fábula.
CURIOSIDADES:
- Existe um versão mutilada com apenas 95 minutos dos dois filmes, dobrada em inglês e com o título de "Journey to the Lost City"
- Um dos filmes predilectos de Steven Spielberg, que inclusivé esteve na génese da criação da personagem de Indiana Jones
Um dos meus filmes de culto...
ResponderEliminarUma referência fundamental dos filmes de aventuras. Pena ser falado em alemão
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